Único filme dirigido pelo superlativo ator Marlon Brando, A Face Oculta (1961) é um western sobre vingança, tema pra lá de recorrente no gênero.
Introduziu, contudo, um toque de modernidade para a época, ao insinuar que entre o bandido (Brando) abandonado e o comparsa (Karl Malden) que o deixou entregue à lei tenha existido uma relação homossexual.
Ou seja, há uma traição explícita que todos os espectadores captam e outra implícita, que só críticos e um público mais sofisticado percebem, pois Hollywood ainda se submetia ao código de censura moralista que artificializou seu cinema por décadas.
Inicialmente, A face oculta tinha Stanley Kubrick como diretor e Sam Peckinpah como roteirista, mas ambos saíram brigados com a Paramount e Brando assumiu. No entanto, seu relacionamento com a companhia se mostrou igualmente tempestuoso, as filmagens e a edição se alongaram, o orçamento foi em muito ultrapassado. Como consequência, mesmo sem fracassar na bilheteria o filme acabou dando prejuízo.
Belas imagens, grande atuação do par central, algum aprofundamento psicológico, mas uma fita que perde muito na comparação com os faroestes italianos, que bombaram a partir de Por um punhado de dólares (1964) do Sergio Leone, e propondo uma abordagem mais criativa e (os melhores deles) transgressora para os bang-bangs. (por Celso Lungaretti)
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