AS AMEAÇAS DE
TRUMP PARA 2025
O ano começa mal e poderá ficar pior. Quem garante isto é o bilionário Donald Trump, que volta à presidência dos Estados Unidos quatro anos depois de ter incitado o ataque ao Capitólio.
Saboreando seu retorno ao poder, quer posar como um conquistador e não se envergonha de revelar suas aspirações expansionistas: tomar o Canal do Panamá, apossar-se da Groenlândia e tornar o Canadá um novo estado dos EUA, com o uso da força militar se for preciso. Esse é só o aperitivo, depois tem mais…
Estamos delirando, foi champanhe demais no réveillon ou Trump está propondo mesmo trazer a guerra para perto de nossas fronteiras? O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, já disse não estar disposto a ceder os 77 km do canal, projetado e iniciado em 1880 pelo francês Ferdinand de Lesseps. Cinco anos depois, a empresa faliu.
Nessa altura, a região onde tinham começado as obras do canal pertencia à Colômbia. Mas o presidente estadunidense Theodore Roosevelt percebeu a importância geográfica e econômica do empreendimento e negociou o controle da região com os colombianos para concluir o canal. Entretanto, o Senado daquele país não aprovou o acordo.
Diante desse impasse, os EUA incentivaram o movimento de independência do Panamá que, em contrapartida, lhes concederia o controle da região e a continuação da construção do canal. A frota estadunidense ficou por perto, impediu a intervenção colombiana e os EUA passaram a ter o controle da zona, pagando também US$ 10 milhões mais como uma espécie de aluguel anual.
Com base nas pesquisas de um médico cubano, foi promovida a erradicação dos mosquitos transmissores da febre amarela, em 1905, causadores até então de milhares de mortes de trabalhadores.
O canal foi inaugurado em 1913 com a presença do presidente estadunidense e foi muito utilizado pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial para chegar ao Japão depois do ataque nipônico a Pearl Harbour.
No fim do século passado, foram aplicados os tratados que previam uma entrega gradual do controle da região ao Panamá. Esse controle implicou a ampliação do canal, a fim de poder ser utilizado por navios maiores e mais largos.
Se Donald Trump quiser retomar o controle do canal poderá negociar um novo acordo com o Panamá. Imagina-se ser a ameaça de uma invasão armada um tipo de pressão própria de Trump. Como no passado, os EUA de Trump poderiam usar de sua força econômica e militar para fomentar um golpe, em troca do retorno do controle do canal.
No caso de um ataque militar, o Panamá não terá condições para se defender, pois desde 1990 dissolveu as forças armadas, decisão confirmada quatro anos depois pelo Parlamento. Entretanto, é imaginável a intervenção direta ou indireta de alguns países e a criação de um clima geral de instabilidade. O Brasil teria um papel importante nesse tipo de crise.
Em todo caso, o presidente José Raúl Mulino já disse que cada metro quadrado do canal continuará pertencendo ao Panamá.
Com relação à ameaça trumpista de apossar-se da ilha da Groenlândia, ela revela a maldosa dualidade do seu pensamento.
Embora seja negacionista e esteja disposto a bloquear e dificultar todas medidas destinadas a impedir ou atrasar o processo das mudanças climáticas, Trump deseja abocanhar essa região pouco habitada, administrada pela Dinamarca, para os EUA se beneficiarem do derretimento das águas marítimas próximas do Ártico.
Assim passariam a dispor de uma nova rota marítima para a Ásia, além de poderem tornar-se base estratégica, pois a ilha de Groenlândia é rica em recursos minerais e petróleo
Com relação ao Canadá, Trump não pretende enviar tropas armadas, mas exercer uma forte pressão para o governo canadense se convencer de que levaria grande vantagem integrando-se nos EUA, não só do ponto de vista aduaneiro com o fim das taxas alfandegárias, como pela proteção representada diante, no caso de guerra, de ataques de navios russos ou chineses.
Esta questão alfandegária foi um dos pontos de desacordo dentro do governo canadense, responsáveis pela demissão do primeiro-ministro Justin Trudeau, para quem o Canadá nunca, jamais, fará parte dos Estados Unidos. Ao que Elon Musk respondeu, trocando maldosamente presidente por governador: Você não é mais governador do Canadá, o que você diz não tem nenhuma importância.
Como se não bastasse Donald Trump ter o apoio irrestrito de Elon Musk, dono da plataforma X, acaba de receber a sujeição de Mark Zuckerberg, dono da Meta. Ambos são contrários a qualquer tipo de controle das redes sociais, abrindo o caminho para o uso em profusão das fake news. (por Rui Martins)
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