Apesar de os militares ultradireitistas se proclamarem defensores das heroicas tradições das Forças Armadas, muitos deles não hesitam em isentar-se de suas responsabilidades jurídicas transferindo-as para suas respectivas corporações.
Caso do torturador-símbolo do Brasil, Carlos Alberto Brilhante Ustra, o herói do Jair Bolsonaro. Acusado pelo ex-preso político Ivan Seixas de haver torturado o jornalista Luiz Eduardo da Rocha (que acabou morrendo), Ustra afirmou que quem deveria estar no banco dos réus era o Estado:
"A lei é bem clara a esse respeito, ela diz que se um agente de Estado comete um crime no exercício de sua função, quem é responsabilizado é a Nação, é o Estado. No meu caso, se crime eu tivesse praticado, e eu não pratiquei, eu não poderia estar sentado no banco dos réus. Quem tinha de estar sentado no banco dos réus era o Estado e não eu".
Foi uma das ocasiões em que ele desabafou nas entrelinhas, pois considerava haver cumprido fielmente a missão que o Exército lhe confiara, de comandar um centro de torturas, e sentia-se abandonado pela instituição na hora em que suas ações e omissões estavam sendo amplamente expostas à opinião pública.
Na mesma linha, a defesa do tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo, que está preso desde novembro último, afirmou em petição recém encaminhada ao Supremo Tribunal Federal que o telefone celular por ele utilizado no plano para sequestrar ou assassinar o ministro do STF Alexandre de Moraes seria, na verdade, um aparelho funcional do Comando de Operações Especiais do Exército Brasileiro.
De resto, no quesito transferência de culpa, Jair Bolsonaro é hors concours: sempre encontra algum nome para apontar como responsável por aquilo de que está sendo acusado.
Antigamente ele seria chamado de anjo da cara suja... (por Celso Lungaretti)
Nenhum comentário:
Postar um comentário