A greve do Colégio Pedro II - o mais antigo colégio de ensino médio do Brasil, com quase 190 anos de história - completou 1 mês nesta sexta-feira, 03/04. Junto a ele, praticamente todas as instituições de ensino federais estão em greve, total ou parcialmente. Na última semana, os docentes do CEFET/RJ e da UFF também se declararam em greve, deixando no Rio de Janeiro apenas a UFRJ com os professores fora do movimento. Coincidência ou não, o sindicato dos professores dessa universidade é ligado ao PT.
Sem dúvida, é uma das maiores greves do ensino federal em muito tempo, resultado de anos de defasagem salarial, corte sistemático do orçamento da educação e precarização em série das carreiras de técnicos e docentes. O desastre no ensino público federal pode ser medido pelo altíssimo grau de evasão dos técnicos, atraídos por carreiras mais vantajosas em outros segmentos do poder público, o que leva ao quadro de grave carência de servidores para trabalhar em diversas áreas cruciais do atendimento educacional.
Na infraestrutura das instituições é também patente o estado de deterioração e abandono. Não raro existem campi com blocos condenados, salas interditadas, paredes desmoronando, elevadores sem condições de uso, etc. Também nessa semana, a reitora do Colégio Pedro II, Ana Paula Giraux, deu entrevista anunciando que o campus Centro, o mais antigo da instituição, onde o próprio Dom Pedro II ia para participar dos exames finais, corre sério risco de pegar fogo. Isso sem contar centenas de Institutos Federais país afora que ainda funcionam em prédios improvisados, mais de uma década após terem sido inaugurados pelo próprio Lula.
Mas qual a proposta do governo? Uma recomposição salarial tímida, que não chega à metade do que foi pedido, o que já era bem inferior às perdas reais acumuladas. Pior, fizeram uma proposta de ajuste idêntica para professores e técnicos, mesmo sendo as perdas dos últimos muito maiores, e lançaram a deixa na mesa de negociação em Brasília: "levem para as assembleias, quem sabe não aceitam?". A estratégia era claríssima, fazer os professores aceitarem a oferta e induzir que esses abandonem a greve, deixando apenas os técnicos, parte menos visível para a opinião pública. Ato sórdido de um governo sórdido!
Recusada em massa a proposta, pois em nenhum lugar os servidores a aceitaram, o governo decidiu partir para nova estratégia, o isolamento da educação dentro do funcionalismo público. Para isso, esperará o dia 13 de maio para nova rodada de negociações com os servidores desse setor, enquanto avança com outros. O objetivo é fechar acordos com setores estratégicos e de peso, deixando professores e técnicos com o ônus de uma greve longa e desgastante. Mais sordidez!
Lula se elegeu dizendo defender a educação. Mas em que tal defesa vai além de mera retórica oportunista ainda não foi mostrado. Até agora o que vemos é desrespeito, sordidez, demagogia e compromisso com a precarização do ensino público! (por David Coelho)
Um comentário:
Olá, David
Esse Haddad não nega que é mais um pau-mandado dos banqueiros.
Veja só o que está em discussão neste governo de (ex)querda: retirar a garantia constitucional de um salário mínimo aos aposentados.
Segue o link:
https://tinyurl.com/4rwh6z4a
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