sábado, 16 de dezembro de 2023

...E SE O MUNDO ACABAR DE FORMA MENOS ÓBVIA? EM NOVA ERA GLACIAL, COMO NESTE FILME? OU AFUNDANDO, COMO O BRASIL?

Paul Newman: um vingador no fim do mundo.
O século 20 foi de um extremo a outro: começou com exageradas esperanças de que os avanços científicos nos conduziriam ao paraíso e terminou com uma quase certeza de que os dias da espécie humana estão contados, só variando os palpites de como será o grand finale.

Desde a bomba de Hiroshima, um dos piores pesadelos é o de petardos semelhantes, só que muito mais potentes, serem detonados em cadeia, varrendo-nos da face da Terra. Isto esteve bem próximo de acontecer na chamada crise dos mísseis cubanos (1962) e só poderá ser excluído das cogitações quando todos os detentores desses artefatos apocalípticos deles abrirem mão, hipótese das mais improváveis.

A escalada do aquecimento global faz temermos catástrofes de todo tipo: o mar invadindo o sertão (como previa Antônio Conselheiro), furacões, terremotos, maremotos, desertificação, sede, fome...

Os religiosos, mais fanáticos do que nunca, continuam acreditando em apocalipse (talvez porque os quatro cavaleiros já tenham dado as caras: Hitler, Trump, Bozo e Milei).

E o apocalipse zumbi? Se nele enxergarmos um sentido figurado, considerando como zumbificados os seguidores dos mitos ultradireitistas e os devotos das igrejas universais do Reino da Grana, a coisa até que se torna plausível...
Fernando Rey e Vittorio Gassman num jogo de vida ou morte
Contaminação é uma ameaça que parecia superada, mas voltou dramaticamente ao palco com a pandemia da covid. 

Idem a guerra dos mundos que H. G. Wells imaginou no finalzinho do século retrasado e se tornou quase um contraponto ao otimismo generalizado do início do século 20. Será que os extraterrestres são bonzinhos como Steven Spielberg os apresentou em E.T.

Ou os marcianos virão acabar com nossa raça, como o sarcástico Orson Welles fez os bobos estadunidenses acreditarem que já estava acontecendo em 1938?

Em meio a tantos augúrios sinistros, justificados ou fantasiosos, o fantasma de uma nova era glacial é um dos menos votados. Mas, foi o que rendeu o melhor dos filmes até hoje realizados sobre o fim do mundo: Quinteto (1979), do genial Robert Altman, o diretor mais talentoso da era da contracultura (M.A.S.H., Voar é com os pássaros, O perigoso adeus, Nashville, Oeste selvagem).

Mostra um caçador de focas (Paul Newman) que, quando já não encontra animais para servirem de alimento, volta à sua cidade de origem, trazendo consigo a única mulher grávida (Brigitte Fossey) naquela altura da progressiva glaciação. Encontra sobreviventes já sem esperanças, parte dos quais se dedica a um jogo de vida e morte enquanto espera o final inevitável.
Jogado a sério, o quinteto se torna
letal. Mas, o que eles têm a perder?

Quando sua companheira é vítima inocente de um atentado praticado por participante do tal jogo, ele vai em busca de vingança em meio à lenta agonia ao seu redor, assumindo falsamente a identidade de um dos jogadores para chegar aos outros. 

E que superlativos atores interpretam esses outros! O magistral Vittorio Gassman encarna  o mais carismático deles, mas Fernando Rey e Bibi Andersson não ficam muito atrás. Um filmaço!

Quanto à patriamada, ela poderá logo acrescentar outra forma de extermínio às muitas que o cinema já mostrou: a dos afundamentos localizados. 

Até agora muito se falou em ilhas e regiões costeiras afundando no mar, com destaque para as existentes na lagoa de Veneza. Mas o Brasil apresenta uma nova modalidade, a de terrenos em terra firme que afundam, como o da das minas da Braskem em Maceió.

Agora, chega a notícia de uma casa que o solo está tragando na região de M'Boi Mirim, zona sul de São Paulo, obrigando a remoção de 17 famílias que habitam ao redor.

Enfim, o Brasil que já vinha afundando metaforicamente há muito tempo, com o fenômeno se acentuando drasticamente a partir de 2019, agora será conhecido como o país que encontrou o caminho mais direto para o quinto dos infernos. Nóis sofre, mais nóis goza... (por Celso Lungaretti)    

Um comentário:

Anônimo disse...

Para refletir:
'Fair Oobserver' é um site que se apresenta assim:
''When you’re finished with The Economist, come to us.''
Dois exemplos:
https://www-fairobserver-com.translate.goog/world-news/the-secrets-behind-brazils-military-and-the-january-8-insurrection/?_x_tr_sl=auto&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-BR#

https://www-fairobserver-com.translate.goog/devils-dictionary/when-disinformation-masquerades-as-anti-disinformation-information-loses-its-meaning/?_x_tr_sl=auto&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-BR#

Vale ler...lembrando que o Google traduz razoável

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