Trata-se de uma produção iugoslavo-moçambicana, dirigido por Zdravko Velimirovic, com roteiro de Licínio Azevedo, Luis Patriquim e Branimir Scepanovic.
A ação se desenrola em 1971, durante a luta armada que a Frente de Libertação de Moçambique travava contra as forças colonialistas havia sete anos.
Fundada no exílio, a Frelimo criava zonas libertadas nas quais encerrava a administração portuguesa e introduzia a sua, como se fossem um estado dentro do outro. Nelas constituíam bases seguras, abastecendo-as com víveres e implantando redes de comunicação.
A luta armada durou exatamente dez anos, de setembro/1964 a setembro/1974, quando, na esteira da derrubada do salazarismo pela Revolução dos Cravos, foram assinados os Acordos de Lusaka, determinando a constituição de um governo provisório composto por representantes portugueses e guerrilheiros da Frelimo. Finalmente, em julho de 1975 foi proclamada oficialmente a independência moçambicana.
O inimigo era a Resistência Nacional Moçambicana, formada por dissidentes de Moçambique e ex-militares portugueses, com financiamento inicial da Rodésia e depois também da África do Sul.
Veteranos das filmagens comentam num blog que, enquanto as ditas cujas duraram, eles pelo menos comiam, enquanto o país passava fome. Além disto, 1 milhão de pessoas morreu em combate ou explosões de minas terrestres e 5 milhões de civis tiveram de ser deslocados de onde viviam.
Mas, voltemos a O Tempo dos Leopardos.
Pequenas imperfeições e maniqueísmos não poderiam deixar de existir, apesar de o empreendimento beneficiar-se da expertise iugoslava. É difícil aprender tudo logo na primeira tentativa, assim como são comoventes os primeiros passos de uma criança que começa a andar.
O título é uma referência à realidade da selva, em que o leão e o tigre se respeitam e não lutam um contra o outro porque sabem que acabarão se destruindo mutuamente.
Sobre tal pano de fundo se projeta o drama de dois amigos de juventude, um português e um moçambicano. Só que o primeiro se torna oficial do exército colonial e o segundo, um dos comandantes guerrilheiros. O destino cruel os obriga a enfrentarem-se.
Como curiosidades, acrescento que O Tempo dos Leopardos lembra muito alguns filmes do nosso cinema novo no início da década de 1960; e que a mudança nos papéis dos dois velhos amigos parece até ter-se inspirado (quem sabe?) numa bela canção de Milton Nascimento, Morro Velho (acesse aqui), de 1967.
Aviso: há cenas de violência fortes, que incomodaram alguns dos internautas que assistiram ao filme no Youtube. (por Celso Lungaretti)
Obs: para acessar os vídeos do PEQUENO FESTIVAL DE
FILMES ANTICOLONIALISTAS, clique nos seus títulos:
Um comentário:
O relatado está acontecendo em banânia. Agora. Nem precisa assistir outras histórias.
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