quinta-feira, 1 de junho de 2023

QUANDO A GRANDE IMPRENSA SATANIZAVA E A ESQUERDA DOMESTICADA SE OMITIA, EU DEFENDI OS MANIFESTANTES DE JUNHO/2013

Abandonados às feras pela esquerda domesticada (que trocou o dever de fazer a revolução pela busca de nacos de poder para seus partidos 
e entidades, bem
como de boquinhas para seus integrantes sob o capitalismo), os 
manifestantes de junho de 2013 foram imediatamente
por mim defendidos

Até previ que  seriam funestas  as consequências da bestial repressão contra eles desencadeada. Não podia, contudo, imaginar quão terríveis elas seriam: o
impeachment da Dilma, a emergência e afirmação de um populismo 
ultradireitista, a prisão do Lula, a fraudulenta eleição do palhaço
sinistro e a sabotagem vacinal que exterminou uns 400 mil 
brasileiros que deveriam ter sobrevivido à covid-19.

Então, é com orgulho que eu republico o post abaixo, de 19/06/2013, pois sou um dos poucos homens de esquerda que pode dizer que
tudo fez para evitar o pesadelo subsequente, não só em 2013,
mas em cada etapa do percurso que conduziu o Brasil ao
circo de horrores de 2019/2022. (Celso Lungaretti) 

O ESPECTRO DE UMA NOVA
5ª FEIRA NEGRA NOS RONDA 
Autoridades, políticos, jornalistas, sociólogos chutam em todas as direções, na tentativa de interpretar o novo fenômeno: um despretensioso protesto contra o aumento das tarifas do transporte coletivo em São Paulo inspirou manifestações semelhantes em outras 11 capitais, levou às ruas centenas de milhares de cidadãos e comprovou dramaticamente que o autoritarismo continua bem vivo nos aparatos de segurança pública, 28 anos depois de finda a ditadura militar. 

Desde o Fora Collor!, em 1992, não se via algo assim. E, como a bandeira dos manifestantes não é única –vai desde as maracutaias da Copa até o descaso com a Saúde e a Educação, passando por muitas outras mazelas de nossa democracia imperfeita, também não vai ser uma única medida que fará cessar os protestos.

Eles começaram e não têm data para acabar; se os governantes não fizerem algumas concessões plausíveis (depois da orgia de gastos do Mundial, soam ridículas as dificuldades alegadas para não subsidiarem algumas tarifas...), talvez perdurem até a exaustão e sejam retomados tão logo um novo acontecimento marcante o justificar. Era assim em 1968.

Também naquele tempo os objetivos explícitos eram um tanto frouxos, como a recusa dos tecnicizantes acordos MEC-Usaid –realmente perniciosos, mas cujos efeitos ainda não se faziam sentir. 

Noves fora, o que irmanava estudantes de todo o País era a rejeição de um espantalho bem conhecido, e não apenas adivinhado: a própria ditadura e sua bestial repressão.

Tudo começou no final de março, quando a PM invadiu um restaurante universitário do Rio de Janeiro em que os estudantes faziam um tímido protesto contra o aumento do preço das refeições. 

O estúpido assassinato do secundarista Edson Luís de Lima Souto indignou o País, motivando manifestações de protesto em várias cidades. O movimento estudantil, que a ditadura sufocava desde 1964 e cuja primeira tentativa de voltar às rua (as  setembradas  de 1966) havia sido reprimida a ferro e fogo, renascia espetacularmente.
No restante do ano, até a assinatura do Ato Institucional nº 5, houve uma disputa acirrada pelos corações e mentes dos brasileiros: ora a violência policial gerava enorme repulsa e dava ensejo a momentos magníficos como a  
passeata dos 100 mil, ora os excessos dos manifestantes (muitas vezes insuflados por provocadores de direita, como tudo leva a crer que esteja se repetindo na atualidade) forneciam munição valiosa para a imprensa desqualificar os protestos.

PROVOCADORES A POSTOS  Agora essa  gangorra  voltou com tudo: como a mídia satanizou as três primeiras manifestações do Movimento Passe Livre em São Paulo, a PM  sentiu firmeza  para atuar no centro da cidade com a mesma brutalidade a que submete habitualmente os moradores da periferia. 

Já os manifestantes, ressabiados com a repercussão negativa de até então, esforçavam-se para conter a violência, com êxito. Aí, sem quê nem pra quê, uns 20 brutamontes da tropa de choque iniciaram os espancamentos e os disparos de balas de borracha a esmo, abrindo as portas do inferno.
A repórter Giuliana Vallone, da TV Folha,
atingida no olho por uma bala de borracha
 

As imagens dessa  5ª feira negra  (13 de junho de 2013) inundaram as redes sociais e correram o mundo; de tão chocantes, obrigaram a grande imprensa a destacar o  outro lado  que até então vinha escamoteando. O que mais poderia fazer, depois de seus profissionais  também serem rudemente atingidos?

À selvageria fardada, em SP e no RJ, seguiu-se a omissão matreira dos policiais que, como se fossem crianças emburradas, simplesmente deixaram de cumprir sua missão legítima, como retaliação aos que criticaram suas ações ilegítimas. 

Além, é claro, do mais que provável incitamento de saques e depredações por parte de agentes infiltrados, com a também óbvia instrumentalização da ralé urbana que a polícia controla a bel-prazer.

Resta saber se as forças da  ordem –que até agora têm sido mais agentes da  desordem institucionalizada— encontrarão o equilíbrio, nem se omitindo nem barbarizando, ou vão simplesmente partir para a vingança.

O espectro de uma nova  5ª feira negra  nos ronda. 

2 comentários:

Anônimo disse...

Fernando Haddad estava em Paris numa convenção, seminário, Alckmin, governador, também estava presente.
Do exterior, Haddad disse que "não cederia" na questão do R$0,20. As gigantescas manifestações que vieram a seguir foi o início da derrocada do lulopetismo.

As consequências da inabilidade politica de Haddad , mais os erros administrativos como na organização do trânsito---irracionais limites de velocidade ---- que infernizaram a vida do paulistanos, chegaram com a tentativa de reeleger-se: foi derrotado no primeiro turno.

Mas a marcha da insensatez do pragmatismo de Lula levou Haddad ser candidato em 2018. O resultado e os terríveis 4 anos de sofriemnto do povo brasileiro ,devido à desastrosa candidatura, dispensa comentários.

Lula insiste com o acadêmico como Ministro da Fazenda que, segundo alguns, é um FHC repaginado.
Nas últimas duas décadas o PT não formou novos quadros preocupado mais com resultados eleitorais.
As crises se acentuarão e o convertido Alckmin é o segundo na linha direta da governança, da gerência do capitalismo.
Paulo Rangel

celsolungaretti disse...

Sem dúvida. Insistindo em ser "candidato fantasma" (Deus e o mundo sabiam que o TSE não permitiria que ele disputasse a eleição presidencial) e escolhendo o Fernando "Carisma Zero" Haddad como seu substituto com enorme atraso, na enésima hora, o Lula pavimentou o caminho para a vitória do Bozo.

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