quinta-feira, 1 de junho de 2023

DEZ ANOS DE JUNHO DE 2013. O BLOG COMEÇA UMA SÉRIE DE ARTIGOS DO EVENTO MAIS IMPORTANTE DA HISTÓRIA RECENTE DO BRASIL

 


Há dez anos um dos maiores eventos da história brasileira tomava vulto nas ruas do país, eram as Jornadas de Junho de 2013, evento responsável por mudar de forma profunda nossos rumos políticos, sociais e culturais. 

Expressão do colapso do sistema político nacional, da degradação da vida urbana e do desencanto com a trajetória lulopetista no poder, Junho de 2013 mobilizou milhões de pessoas como jamais se havia mobilizado antes ou como jamais voltariam a se mobilizar posteriormente. Sobre a aparência de uma contestação genérica pelos péssimos serviços públicos e contra os gastos faraônicos para a Copa do Mundo, na realidade havia uma ruptura profunda com a estrutura econômica e política cristalizada após o fim da ditadura militar e levada a cabo pelos governos da dita esquerda. 

A emergência do movimento significou o naufrágio definitivo do lulopetismo que não titubeou em assumir seu lado contra os manifestantes, articulando nacionalmente uma contra ofensiva ao levante por meio da repressão jurídico-policial e da desmoralização discursiva. Hoje o lulopetismo é apenas um zumbi vagueando pelo mundo apoiado nas lembranças da era de ouro dos dois primeiros governos Lula. 

Por cerca de um mês, o povaréu tomou conta dos espaços públicos, com ocupações não apenas das vias de trânsito mas também de assembleias, câmaras municipais e sedes do poder executivo.  Após o auge do processo, as massas refluíram em quase todo país, exceto no Rio de Janeiro, onde barricadas continuaram ardendo por mais um ano. 

Por fim, o movimento Não Vai Ter Copa - inspirado nos gritos dos manifestantes - foi o epílogo das jornadas, com mobilizações menores mas ainda de intensa radicalidade, tendo sido violentamente esmagado pela repressão comandada pelo governo de Dilma. 

Essa sempre se colocou contra as mobilizações, liderando a repressão seja diretamente com o uso da Força Nacional e do Exército, seja indiretamente através de apoio aos governos estaduais. No auge do processo repressivo, a ex-Gerenta chegou a criar comitê de inteligência militar para espionar os manifestantes, se associando a Sérgio Cabral na formulação de um grupo policial para perseguir e enquadrar suspeitos

Dilma viria a ter um destino trágico, mas nada que não tenha sido consequência de suas próprias escolhas. Ao optar por uma aliança com as forças mais reacionárias do país, alienando-se do povo, empenhou seu futuro nas mãos de uma turba de bandidos. Na primeira situação de enfraquecimento, eles deram o bote. 

Nada poderia ser diferente, pois ao reprimir e aniquilar o movimento de esquerda das Jornadas, o lulopetismo deu grande ajuda à direita que, com suas manifestações ordeiras, muito dinheiro, apoio da mídia e da oposição conservadora, conseguiu tomar as ruas agora vazias e assumir a bandeira da indignação popular, agora com pautas reacionárias. Bolsonaro nasceu aí. 

Para analisar com mais completude e detalhes todo o movimento de Junho de 2013, com seus antecedentes e suas consequências, o blog publicará dois artigos por semana durante este mês de Junho. Será uma forma de passar a limpo um dos períodos mais turbulentos da história nacional e que está longe de ter acabado. (por David Emanuel Coelho)

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