terça-feira, 7 de março de 2023

NOVA ESTRATÉGIA DE LULA É SER OPOSIÇÃO A SI MESMO


 Incapaz de responder aos graves desafios do país, pois para isso seria necessário questionar o próprio capitalismo, particularmente em sua forma brasileira, Lula parece ter lançado nova estratégia, de se adiantar ao surgimento de uma oposição à esquerda e tornar-se ele próprio crítico de seu governo.

Assim, tem ele feito críticas a posições que são tomadas por seus próprios ministros e assessores, além de atacar a composição política constituída no Congresso. O caso mais cômodo tem sido o embate com o Banco Central do iletrado Campos Neto, onde a autonomia da instituição escuda o presidente de qualquer responsabilidade com suas ações. 

Escuda em parte, pois é de conhecimento até em Júpiter o quanto Lula poderia destronar Campos Neto facilmente, com uma simples ação no Senado para seu impeachment. Ora, aqui não é os EUA ou a Inglaterra - lugares onde mesmo hoje o derretimento das instituições ocorre a olhos vistos - e os excelentíssimos senadores da República não iriam criar grandes percalços para a derrubada de um desafeto do chefe do executivo. Tudo depende do acordo certo. 

Para além do caso do BC, em outras áreas é ainda mais patente o papel presidencial, pois ele é quem nomeia ministros, secretários e dá o sinal verde para acordos. Já seria assim em qualquer regime presidencialista, com alguém tão personalista e centralizador quanto Luiz Inácio isso é mais patente ainda. 

Então, ao se criticar, o presidente no fundo apenas tenta fazer manobra performática tentando se colocar acima de si mesmo. Caso ele quisesse de fato seguir outro caminho, bastaria usar o poder da caneta. Ao não agir, busca na retórica uma compensação simbólica frente a seus eleitores, introjetando um discurso que deveria ser de uma oposição de esquerda. 

Ao fazer isso, Lula cumpre duplo objetivo: por um lado esvazia possível oposição ao seu governo, trazendo para dentro as críticas que deveriam vir de fora; e por outro lado, coloca-se acima do próprio governo, como se pudesse apenas assistir os confrontos das facções, mas sem intervir. Ou seja, se finge de impotente e também se antecipa aos críticos. 

Por quanto tempo e em qual nível esta estratégica terá efeito, é algo a se observar no futuro, mas sua existência atual é signo do quanto Lula 3 está perdido. (por David Emanuel Coelho


Um comentário:

SF disse...

E o juro baixará pq já é recessão em pindorama.
Espetaram um calote de 47bi nas Americanas. E estão contratando inflação de alimentos e combustíveis para o meio do ano.

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