No jargão policial costuma se dizer que a casa caiu quando um criminoso é flagrado da prática de um crime e vai preso.
No caso da dupla Boçalnaro, o ignaro, e Michele, a
evangelista, com o flagrante de recebimento de presentes dados pelo corrupto e
sanguinário governo saudita de Mohammed Bin Salman, sem declaração para o fisco, com parte deles apropriado privativamente e outra apreendida pela Receita
Federal graças à firmeza profissional de um fiscal alfandegário, falta apenas a
prisão para a configuração da máxima acima referida.
A cada dia que passa as desculpas do casal se evidenciam
como esfarrapadas e contraditórias, como alguém que mente e precisa cada vez
mais de outras mentiras para negar o fato, até tudo ficar ridiculamente
evidente.
Não vou discorrer longamente sobre a crônica policial do
fato, basta lembrar que a cada dia mais aparecem documentos afirmando que um lote conseguiu
passar clandestinamente e foi recebido pelo próprio Bolsonaro, e outro foi
apreendido pela alfândega, como vem sendo noticiado pela imprensa policial com
detalhes contraditórios tais como:
- o Presidente afirma nunca ter pedido, nem recebido joias
sauditas, mas passou recibo de tal recebimento de um dos lotes;
- ao invés de
incorporar as joias recebidas ao patrimônio da União, como é de praxe para
presentes recebidos em função do cargo e da representação, foi apropriada
privativamente;
- que agora, e muitos meses após a apreensão de um outro
pacote de joias, a primeira dama Michele, a evangelista, afirma desconhecer a posse de tanto patrimônio e que nem as mesmas lhe haviam sido presenteadas,
mas o próprio governo fez várias tentativas de liberação de tais preciosidades
cujo valor somente foi revelado quando de uma avaliação para posterior leilão
da Receita Federal, pois o caso se arrasta desde 2021;
- que o Ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque,
afirmou, meses atrás, que recebeu, sem protocolo, o que seria um presente
saudita para a primeira dama, mas a
beneficiária nada sabia a respeito do caríssimo presente;
- que o valiosíssimo presente era transportado na mochila de
um servidor público, e que somente foi detectado após verificação por máquinas
apropriadas para raio x de tais tipos de objetos;
- que, que, que,
que...
A corrupção em razão do exercício de cargos públicos importantes é notória e não podia ser diferente numa estrutura estatal que dá apoio a uma outra e definitiva corrupção: a forma-valor, responsável por subtrair o tempo valor do trabalhador e proporcionar a acumulação do capital pelo capitalista, o qual aparece como benfeitor social por dar o emprego aos explorados por ele. A fonte de sua riqueza é a própria exploração.
Mas há diferenças sobre o destino da corrupção, pois há quem
pratica a corrupção com o objetivo de ficar rico pessoalmente e há quem quer
fortalecer a estrutura partidária. Em ambos os casos, tal comportamento é
conceitualmente criminoso, além de moralmente e eticamente condenável.
Boçalnaro, o ignaro, e Michele, a evangélica, não têm
partidos políticos, nem estruturas orgânicas caras, e se sustentam/sustentaram
politicamente numa ideologia política de conceitos anticivilizatórios e
retrógrados que calam fundo na inconsciência social e no niilismo populacional,
principalmente sobre o que está posto como relação social e institucional, que
não é mesmo coisa santa.
Neste ponto, o casal se diferencia do nazifascismo clássico
que tinha uma estrutura de poder, apesar de identidades quanto à ligação com
milícias - tal como eram os camisas pardas-, militarismo fanático, como as SS,
entre outras muitas identidades conceituais sobre costumes, raças,
homossexualismo, etc.
É por isto que a corrupção boçalnarista é privada, primária,
baseada no enriquecimento pessoal e se alia com gente igual a Valdemar da Costa
Neto, que quer dinheiro e poder para negociações tenebrosas a partir do
parlamento, sempre pronto para o toma lá da cá.
Aliás, dizem que por conta do episódio desgastante das joias, Michele, a evangélica, já foi rifada como pretensa doce encarnação do
boçalnarismo no PL. Os ratos são sempre os primeiros a abandonar o navio...
O PT joga o jogo. Não é por menos que o mesmo Valdemar da Costa Neto, hoje demonizado, foi condenado no mensalão e era à época - desde o vice José Alencar, do PL - uma aliado que se virou contra o próprio partido de Lula. Nisto, Valdemar é coerente: está sempre do lado do governo, qualquer que seja ele, desde que lhe paguem o pedágio.
Mas não pensem que a direita brasileira está morta e
sepultada.
A cadela fascista está sempre no cio e
amanhã, se já não der para seguir com Boçalnaro, o ignaro, por sua completa
primariedade política e fanfarronice obtusa apoiada por filhos zero à esquerda,
que mais parecem os sobrinhos do capitão das antigas revistas em quadrinhos,
tentará continuar com um direitista tão populista como aparentemente sério e
probo a serviço de tudo que é retrocesso civilizatório, como era um Sérgio Moro
antes de cair a sua máscara de caráter.
Além de genocida, ficou demonstrado na CPI da Covid o quão corrupto poderia ter sido a compra de vacinas que não foram adquiridas em tempo hábil, o que transformou o Brasil no campeão de mortes em números relativos - temos 3% por cento da população mundial e 11% de mortes - e o terceiro em números absolutos, perdendo apenas para a Índia e os Estados Unidos.
Al Capone, que durante a lei seca e a depressão dos anos de
1920/1930 nos Estados Unidos, matou e extorquiu à vontade, somente foi
processado por uma mera sonegação de imposto de renda, modo pelo qual o sistema
foi capaz de colocá-lo na cadeia.
Será que o casal Boçalnaro, o ignaro, e Michele, a
evangelista, serão condenados pela justiça apenas por míseros R$ 16,5 milhões
em joias apreendidas, uma fichinha em relação à compra de 51 milhões em
imóveis à vista e em dinheiro vivo sem comprovação, rachadinhas,
entre outros crimes de corrupção que a história ainda haverá de demonstrar?
O capital é corrupto, apesar de descriminalizado, e a
corrupção política é o subproduto indesejado por sua lógica totalitária, posto
que quer o estado economicamente saudável e a seu serviço, sem concorrência
paralela. (por Dalton Rosado)
2 comentários:
MBS: déspota no deserto
https://www-economist-com.translate.goog/1843/2022/07/28/mbs-despot-in-the-desert?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt
***
Gratidão,Dalton, pela paciência e perseverança com que tem desatado os nós da teoria de valor marxista.
Este negócio de forma-valor, mercadoria, valor de uso, valor de troca, alienação, reificação, lógica autotélica e demais coisas do capitalismo, que minha pouca erudição não entende muito.
Mas, captei que, no atual estágio do capitalismo, não há mais de onde se tirar mais valia, que a mais valia é possível apenas no setor de serviços que não produz valor válido (outra coisa que você explicou) o que está levando ao colapso da mediação social pelo dinheiro.
Ocorre que esta semana o crash começou.
A crise de crédito, adiada por vários Q.E.s agora dá as caras.
Os bancos colapsam e, com eles, todo o sistema da forma-valor.
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Parece que será disruptivo e catastrófico.
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Assim, poderia trazer sua visão a respeito de um futuro pós quebra do sistema financeiro e, ao que parece, do seu fim?
Pergunta que estendo aos demais feras que redigem este blog.
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A paz.
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