sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

A TRAIÇÃO AO PENSAMENTO REVOLUCIONÁRIO DE MARX ABRE AS PORTAS AO FASCISMO - 2

 


(continuação deste post
O Marx traído e o crescimento do fascismo - 2

Os fascistas voltaram à cena social sem o menor pejo e esquecem-se dos horrores da segunda guerra mundial causados por sua doutrina totalitária - contraditoriamente autointitulada de nacional socialista - com seus adeptos mais fanatizados não se constrangendo em usar práticas anticivilizatórias e símbolos nazifascistas com a complacência, apoio silencioso e consentido dos seus aliados conservadores menos audaciosos, bem como com o beneplácito dos fundamentalistas religiosos que a eles se juntam numa exacerbação alucinada que beira o ridículo. 

Mas a esquerda institucional tem culpa nesta ressureição dos que estavam escondidos e silenciados no subsolo da civilidade e agora emergem para a luz do dia.   

Tenho vários amigos por quem tenho o maior apreço  e muitos militantes das causas ecológicas, antirracistas, antihomofóbicas, antixenófobas, antifundamentalistas, antimisóginas, etc, que se emocionaram com a posse de Lula. Entendo a emoção, mas isto não basta. 

É evidente que os dirigentes agora empossados nos organismos estatais que estão sendo reestruturados, após terem sido desmantelados pelo governo fascista derrotado, darão suas valiosas contribuições enquanto estiverem no poder político estatal. 

Mas o Estado é como a fábula do escorpião que denuncia a sua natureza peçonhenta num dado momento, mostrando aí sua natureza opressora de lacaio do capital.

Lula é e sempre foi defensor da relação capital/trabalho negociada, sem jamais questionar a essência de tal relação, e seu apego ao poder político burguês é o que o faz acender uma vela a Deus e outra ao diabo.


Os dirigentes social-democratas do mundo inteiro e os militares sabem que Lula é confiável ao sistema capitalista e consideram que é melhor que o pêndulo da alternância do poder político esteja circunscrito à eleição periódica de governantes de direita e centro-direita, de um lado, e social-democratas inofensivos do outro. 

Assim, muda-se para que tudo continue na mesma.

O problema é que não basta que pessoas bem-intencionados estejam em cargos de instituições sociais incumbidas de questões humanas sensíveis porque a questão de base e principal, a segregação capitalista em seu momento de saturação interna e externa, permanece intocada e agravada.

Foi por isto que Marx disse no Capital, repetindo o adágio popular consolidado há tempos, que o inferno está cheio de gente bem-intencionada. 

Aliás, um partido de trabalhadores, é, no seu significado essencial, uma afirmação do capital sob a perspectiva do interesse do trabalhador e do trabalho. Caso se queira uma ruptura com o capital há que se superar a categoria trabalho e toda a sua entourage existencial, tanto como partido político, quanto como sindicato. 

Nem bem ou mal começou e já surgem as contradições na questão da economia capitalista sob comando do Lula. Como já se infere do noticiário, a conservação dos preços do diesel e da gasolina acompanhando preço de mercado, ditado pela preservação da saúde financeira da Petrobrás, estatal de capital aberto, e sem que um estado falido possa subsidiar os preços, implica num custo social demasiado pesado e com o risco iminente de chiadeira do setor de transportes com seu poder de paralisia sufocante para qualquer governante que queira se manter no poder político. 

Sabemos que a Previdência Social tem déficit contabilizado de quase três centenas de bilhões de reais que foram supridos pelo erário no ano de 2021. Como tantos outros que trocam votos no parlamento por poder estatal, em uma continuidade do fisiologismo político reconhecido por Lula como prática natural e saudável do jogo político, o ministro da Previdência, Carlos Lupi,  diz não haver déficit neste setor, levando um pito de seu colega Rui Costa, presumivelmente a mando do chefe.   

Vamos continuar a pagar juros de 10% ao ano de nossa dívida pública enquanto os países do G7 não pagam nada de juros de suas colossais dívidas, e assim, vamos continuar sustentando o sistema financeiro internacional com o sangue e suor do nosso povo, como o fazem todos os países da periferia do capital, pois se não o fizermos não poderemos rolar a nossa dívida e se estabelecerá um caos financeiro em nosso país.   

No arco de alianças e seu extenso guarda-chuvas cabe até aliados de milicianos, ainda que em bem menor escala do que os que condecoraram e se tornaram aliados do clã que dizia bastar um cabo e um soldado para fechar o STF. Estes últimos desconheciam o poder da elite brasileira em doar os seus anéis por medo de perderem os dedos e, por isto, foram defenestrados do poder político. 


Foi a esquerda no poder, com Dilma, que diante da grave crise do capitalismo iniciado ainda em 2008/2009, na bolha financeira estourada, e que não era nenhuma marolinha, sofreu impeachment mesmo conciliando ao extremo com o sistema político-econômico-financeiro, e sua queda se deu por impopularidade explorada pelos parlamentares do centrão e alhures. 

O quadro econômico mundial e brasileiro é ainda pior do que aquele de dez anos atrás, anterior à pandemia de Civid19, piorando algo já demasiado ruim. Já a esquerda institucional, aderente, insiste em apelar para a retomada do desenvolvimento econômico, ou seja, usa a causa do mal- a relação social sob a forma-valor - para a solução do mal.

Precisamos compreender que a frustração com a covardia do Boçalnaro, o ignaro,por este ter fugido para Miami, confirmando sua boçalidade e ignorância, além de fruxidão e infelidade diante de sua horda de fanáticos mitológicos, não significa renúncia destes ao fascismo. 

Diante da queda do capitalismo, eles querem mais capitalismo totalitário, sem os pesos e contrapesos da democracia burguesa, e a esquerda com sua pusilanimidade - mistura de ignorância, em alguns casos, e noutros por interesses fisiológicos institucionais, visão estatizante capitalista dos meios de produção e medo - pode jogar gasolina nesta fogueira. 

Aguardemos. (por Dalton Rosado) 


Um comentário:

Fausto Neves disse...

Revista Diálogos v. 18 n. 1 (2014) da Unversidade Estadual de Maringá
(e olhe lá que o Dr Moro é de lá)
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Dialogos/issue/view/1262

Quando éramos “irreconhecivelmente inteligentes”: o
nacionalismo dos primeiros anos 60 no Brasil
*
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Dialogos/article/view/35958/18579

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