Sejamos sinceros: a grita contra a convocação de Daniel Alves para o Mundial decorre em grande parte da posição por ele adotada, de apoio à micareta golpista do 7 de setembro de 2021, quando postou foto com a bandeira nacional e repetiu o slogan favorito do mito que virou mico – aquele lema que, implicitamente, se alinha com o último refúgio dos canalhas e com a mercantilização da fé.
Eu, que sempre vi artistas populares, esportistas e celebridades como pessoas que eventualmente são boas naquilo que as projetou, mas cuja opinião vale tanto quanto a de qualquer mortal em tudo o mais, nunca dei nem dou a mínima para as besteiras que saem da boca de analfabetos políticos inofensivos (aqueles que não passam à ação, ou seja, pelo menos não escoiceiam os alfabetizados).
Prefiro louvar as honrosas exceções, como Sócrates, Vladimir e Casagrande, grandes futebolistas que conseguiram ser maiores ainda como cidadãos quando isto foi necessário. Esses me surpreenderam.
Os pequenos oportunistas capazes de dar quaisquer contrapartidas por favores governamentais e os caçadores de holofotes que dizem qualquer aberração para serem falados, ainda que mal falados, não passam da regra (a mediocridade).
Muito ódio se acumulou nesses quatro anos de trevas, destruição e mortes inúteis. Temos de sair desse ambiente sufocante, antes que todos viremos lobos de nossos semelhantes.
É óbvio que a miniatura brasileira de Hitler jamais pode ser perdoada, pois uns 400 mil zumbis se ergueriam das covas para nos fustigar. Mas a poeira que o vento arrastou para um lado e para outro pode ser deixada de lado. É insignificante demais para que nos ocupemos dela.
Se foi uma jogada maquiavélica do Tite, os cronistas esportivos caíram como patinhos |
Antes eram 22 os convocados para as Copas do Mundo, agora são 26. Tite provavelmente escolheu Daniel Alves como boi de piranha (ou colocou um bode na sala) para que não fossem alvejados aqueles que ele pretende realmente botar pra jogar.
Se foi por isto, até que conseguiu. Não há unanimidade quanto a quem foi injustiçado e quem faltou convocar.
Gabigol poderia ter sido o mais chorado, só que nunca igualou, com a camisa canarinha, seus desempenhos no Flamengo – além de estar fazendo, mesmo no rubro-negro, uma temporada meia boca em 2022.
De quebra, parece que a presença de Daniel Alves desanuvia o ambiente. Se é desse tipo de bufão que aqueles 25 marmanjões carecem para não ter tremedeira diante das responsabilidades, por que não?
Por último: não houve idêntica unanimidade na rejeição ao palhaço infinitamente mais nefasto que um eleitorado bovinizado convocou em 2018 para emporcalhar a faixa presidencial. Esperava-se goleada no último dia 30 e o placar ficou em míseros 50,9% a 49,1%. Uma lástima!
A tradição brasileira continua sendo de agressividade contra os pequenos pavões e tibieza diante das aves de rapina. Já passou da hora disso mudar. (por Celso Lungaretti).
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