terça-feira, 13 de setembro de 2022

O GUEDES ERA DE VIDRO E SE QUEBROU, SEU LIBERALISMO ERA POUCO E SE ACABOU – 1

dalton rosado
AS CONTRADIÇÕES QUE SE EXPLICITARAM (2019/2022)
"
Por mais Brasil e menos Brasília"
(Paulo Guedes, ministro da Justiça)
Durante a campanha de 2018 criei este debate hipotético entre o pensamento da esquerda mais consequente e o do economista liberal Paulo Guedes, então anunciado ministro da Economia do candidato Boçalnaro, o ignaro, tendo como base uma entrevista dada pelo primeiro à hoje deputada federal Joice Hasselmann.

O projeto do Guedes era a quintessência do liberalismo clássico que não dá mais certo nem nos países que outrora detiveram hegemonia econômica mundial (neles, o capital está transmutando seus meios de produção de mercadorias para outras paragens, em busca de sobrevida com trabalho abstrato mais barato, para fazer frente à brutal guerra da concorrência de mercado que Karl Marx já previa em meados do século retrasado).

Os dois últimos personagens, que desfrutavam então de algum prestígio no cenário político-eleitoral, hoje o perderam.

O ministro se restringe a engolir em silencio, e por mero apego ao cargo, a contradita governamental a todas as teses que ele defendia, enquanto a jornalista foi defenestrada pelo clã bolsonarista, que não aceita concorrência político-administrativa (foram muitos os correligionários de primeira hora atirados ao limbo, como Gustavo Bebianno e até o vice-presidente Hamilton Mourão, olimpicamente ignorado).
Frase do mercador de ilusões na depois
vazada reunião ministerial de 22/04/2020
 

Mas, quero falar na contradição que já na origem representava o nacionalismo militarista histórico do então candidato em relação ao pensamento liberal clássico de Guedes, um dos Chicago-boys de Milton Friedman, inspirados na crença do laissez faire, laissez passer (deixai fazer, deixai passar) do republicanismo burguês originário da transição do escravismo feudal para o escravismo capitalista.

O ainda candidato Boçalnaro tinha currículo e biografia escrita (como disse certa vez Jânio Quadros, já no ocaso da sua histriônica e falaciosa vida política), que correspondia ao corolário tradicional da doutrina militar. 

[Isto malgrado Boçalnaro fosse ele próprio um mau militar, conforme sentenciou um dos generais ditadores do período de arbítrio, Ernesto Geisel.]

Ele e seus colegas de farda que exerceram um poder usurpado eram todos:
— estatizantes capitalistas (os governos militares de 1964/1985 estatizaram mais do que pretendia o governo João Goulart);
 intervencionistas na condução política do Estado, por serem autoritários a ponto de eclipsarem as instituições republicanas do estado democrático burguês;
 conservadores nos costumes; e
— defensores de uma disciplina rígida na base de que ordens não se discutem, cumprem-se (o que o general da logística emperrada da vacina, Eduardo Pazuello, disse com outras palavras, uns mandam, outros obedecem).

Ora, como conciliar tal comportamento militar com o pensamento ultraliberal do Guedes (antes apelidado de posto Ipiranga por ter, aparentemente, solução capitalista para tudo)? Assim, p. ex., mesmo sendo ferrenho defensor do ajuste fiscal do orçamento da nação, o mercador de ilusões acabou tendo de coonestar a mais descarada distribuição de esmolas eleitoreiras de nossa história republicana!

Eu, que  em novembro de 2018 combatia a política liberal clássica do então assessor Guedes, por entender que o tempo histórico da capitalismo liberal ficara para trás por força da dialética do movimento social e das contradições dos fundamentos capitalistas que se tinham exacerbado (o limite interno da expansão capitalista e consequências adicionais do limite externo representado pelo aquecimento global), com muito mais ênfase posso agora fazer a crítica da política estatizante e ditatorial de compadrio empresarial do governo boçalnarista.

O Brasil não merecia e não merece um presidente do quilate do Boçalnaro, um indivíduo que: 
— tal como Hitler, tem origem militar de baixa patente (não passava de um tenente insubordinado que, ao ser obrigado a dar baixa do Exército, ascendeu a capitão, como determinam as regras militares);
— é nacionalista, tal qual o führer de triste memória genocida;
— quer colocar o poder judiciário aos seus pés, igualzinho ao que fez o seu similar nazista do século passado;
— é adorado por empresários golpistas, como aconteceu na Alemanha da década de 1930;
— é racista como aquele que matou 6 milhões de judeus pelo simples fato de pertencerem determinada etnia (chegou ao cúmulo de colocar um negro racista à frente da instituição incumbida da preservação histórica da memória da luta contra a escravatura e da promoção da igualdade racial);
— é machista e misógino, demonstrando-o sem nenhum pejo na festa cívica em que revelou a sua preferência por princesas mais jovens, além de elogiar com termos chulos a sua proclamada virilidade (não era diferente, em essência, o juízo que os nazistas faziam das mulheres dos países ocupados); 
 é homofóbico, não só exaltando sem parar a masculinidade que afirma ter, como se referindo aos homossexuais como se fossem portadores de degeneração sexual (já aquele frustrado pintor austríaco pôde ir mais longe, exterminando inclusive os homossexuais da SA, milícia que tanto o havia ajudado na sua marcha para o poder);
— é xenófobo quando exalta o sentimento patriótico excludente que admite tudo para o seu país, mesmo que isto custe a degradação dos seus semelhantes estrangeiros, nisto seus sentimentos se assemelhando aos que aquele ariano celta nutria com relação aos eslavos comunistas. (por Dalton Rosado – continua)
A Graça Santos interpretando composição do Dalton 

5 comentários:

Anônimo disse...

Penso eu que esta matéria é preciosa:
https://www.jb.com.br/economia/2018/10/942771-as-derrotas-de-paulo-guedes.html

(na mesma página)
https://www.jb.com.br/internacional/2021/11/1033805-jornal-ingles-diz-em-duro-editorial-que-bolsonaro-e-incapaz.html

Anônimo disse...

https://www.ihu.unisinos.br/622099-como-evitar-que-a-direita-ganhe-a-batalha-das-ruas-artigo-de-antonio-martins

Cezar disse...

Não é Nacionalista..Se usa dos simbolos para se outorgar o direito de vender o Brasil

Anônimo disse...

O Brazíu não está dando, Certo?
Da Folha, 14-08
https://f.i.uol.com.br/fotografia/2022/08/29/1661803628630d1c6c2e811_1661803628_3x2_lg.jpg
via Valor Econômico(!!)14-08
https://datawrapper.dwcdn.net/Lc7wC/2/

Anônimo disse...

'Bolsonaro promove o ódio': violência persegue preparação para eleição crucial no Brasil

https://www-theguardian-com.translate.goog/world/2022/sep/15/jair-bolsonaro-brazil-political-violence-election?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt

https://www.theguardian.com/world/2022/sep/15/jair-bolsonaro-brazil-political-violence-election

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