OPÇÃO NACIONAL
PELA DEMOCRACIA
Alguém precisa explicar para o presidente Jair Bolsonaro que eleição não é igual à mega-sena, não é (só) questão de sorte e azar, muito menos guerra, vida ou morte, liberdade ou prisão.
Talvez assim ele possa dormir um pouco melhor e parar de fazer ameaças, dia sim, dia não, e de cometer atos falhos, como foi nesta 5ª feira, 4.
Do presidente, num evento evangélico:
"Estou buscando impor, via Forças Armadas, que foram convidadas, a nós termos eleições... É a transparência".
É confuso, como sempre, mas a palavra-chave é o verbo impor. Ele admitiu que usa Exército, Marinha e Aeronáutica para impor suas certezas e crenças sobre o processo eleitoral.
É assim que Jair Bolsonaro tem como maior adversário Jair Bolsonaro. É por esticar demais a corda que ele vem perdendo eleitores de 2018, inclusive setores do empresariado e do mundo financeiro, a ponto de ter de cancelar uma visita à Fiesp e um jantar com endinheirados na próxima 5ª feira, 11, em São Paulo. Além de dividir a Polícia Federal, Abin, Itamaraty e as próprias Forças Armadas. Ou seja, as carreiras de Estado.
Com mais de 700 mil assinaturas de diferentes áreas da sociedade civil –com a lamentável e injustificável ausência do agronegócio–, o manifesto pela Democracia Sempre começou em São Paulo, como de costume, mas ganhou asas e há correntes na internet para que o documento seja lido em outras universidades pelo País afora, 5ª feira, na mesma hora do Largo de São Francisco, da USP.
Uma oração nacional pela democracia, com cuidado para evitar retaliações por parte de chefes e reitores e reações de bolsonaristas violentos, até armados.
Para isso, chutam o pau da barraca, as leis, a prudência e a responsabilidade – não só a fiscal – e vai começar, no dia 8, a execução dos R$ 41 bi da PEC da reeleição.
É uma arma eleitoral poderosa, mas, se o País se mobilizou pela democracia após Bolsonaro transformar embaixadores em figurantes do seu teatro antipatriótico, o que acontecerá se ele insistir em transformar o desfile militar do Dia da Pátria em ato pró-reeleição, impondo (!) a oficiais e soldados o papel de militantes políticos?
A toda ação corresponde uma reação e há quem analise que o 7 de setembro de Bolsonaro poderá ser decisivo para dar a Lula o que ele mais quer: a vitória em 1º turno. (por Eliane Cantanhêde, n'O Estado de S. Paulo)
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