quinta-feira, 16 de junho de 2022

MORTES NA AMAZÔNIA: O CAPITALISMO É FEITO A SANGUE.

O que já era um indício, se tornou fato na 4ª feira (16): Dom Philips e Bruno Pereira foram mortos e tiveram seus corpos esquartejados e queimados por criminosos da região, insatisfeitos com a ação dos dois nas denúncias e ações fiscalizadoras na floresta. 

Mas não podemos pensar que tal crime é apenas um fato isolado de criminosos. Na realidade, há um elo econômico e político unindo as ações destes grupos na floresta com interesses localizados muito longe do rio Amazonas. 

Indiretamente, o presidente Jair Bolsonaro é responsável pelas mortes por ter aberto guerra contra os organismos de defesa do meio-ambiente dos índios. Bruno, p. ex., foi perseguido pelo presidente após uma ação que destruiu balsas de garimpeiros em região indígena. 

Ao mesmo tempo, a Funai foi desmantelada em funcionários e recursos, tendo mesmo sido proibido o uso de armas por suas bases – uma ação no mínimo incoerente para um governo tão orgulhoso em defender o porte delas. 

Além disto, abundam as declarações do Bolsonaro contra defensores ambientais e indigenistas, ao mesmo tempo que são frequentes seus discursos de ódio contra as populações da Amazônia e a preservação ambiental.
Mas Bolsonaro é a síntese de um complexo sistema de interesses. Basicamente, ele é a junção dos jagunços do crime com os grandes capitalistas. Só quando consideramos isso é que podemos entender melhor o sentido do bolsonarismo e sua atuação tão desmedida em prol de criminosos ambientais e das milícias. 

Tal se dá porque a ação dos criminosos beneficia economicamente os grandes capitalistas. O agronegócio, p. ex., é amplamente beneficiado pela destruição da floresta e pela matança dos povos originários, pois assim pode apropriar-se de suas terras e transforma-las em plantações e pastagem. 

Por sua vez, o comércio ilegal de produtos retirados da floresta alimenta o setor bancário e comercial, dando ganhos ao sistema financeiro. O próprio empréstimo para bancar as ações criminosas na Amazônia gera lucros às financeiras. 

Por trás, portanto, das mortes e das ações devastadoras na floresta estão poderosos interesses econômicos que lucram com o avanço da fronteira agrícola e com a retirada de recursos. Na política, lá está a bancada ruralista para garantir a manutenção deste processo. 

Desconsiderar o papel do circuito econômico do capitalismo predatório neste processo é encobrir a realidade concreta e transformar estas ações em simples atividades de criminosos isolados, o que de modo algum procede. 

O capitalismo é feito a sangue. (por David Emanuel Coelho)

Um comentário:

Fausto Neves disse...

De Nayara Felizardo e Dom Phillips = 5 de Outubro de 2018

https://theintercept.com/2018/10/05/advogado-de-trump-eleicao-amazonas/

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