quinta-feira, 7 de abril de 2022

NEM LULA NEM BOZO DARÃO FIM À NOSSA PARALISIA E ESTAGNAÇÃO

william waack
A CONSPIRAÇÃO CONTRA A 3ª VIA
O que conspira contra candidaturas de 3ª via é muito mais do que a ausência, até aqui, de nomes fortes entre os candidatos e a hipocrisia & artimanhas de líderes partidários. 

O que conspira é a combinação das regras da eleição proporcional com o aumento do poder do Legislativo no sistema de governo, e a essencial formação de bancadas nutridas. Situação agravada por um eleitorado que não diferencia esquerda ou direita.

O voto para deputado federal é pessoal, mas vai para a legenda do candidato no imenso distrito (o Estado) no qual disputa a eleição. Os donos do partido precisam de puxadores de voto, pois o que interessa na distribuição das cadeiras é o quociente partidário. 

Puxadores de votos são cada vez mais (sub)celebridades, representantes de corporações (igrejas, p. ex.) e, óbvio, a força do nome de um presidenciável em determinada região. Por isso um mesmo partido se interessa em apoiar Lula numa parte do País e Bolsonaro noutra.

É perfeitamente lógico, portanto, que as grandes agremiações se submetam às questões regionais, pois delas dependem a formação das bancadas e a consequente distribuição das ferramentas de poder num sistema no qual o Executivo se enfraqueceu consideravelmente. 

Nesse sentido, os nomes de Lula ou Bolsonaro ajudam aqui e atrapalham ali, mas os da 3
ª via, até aqui, não ajudam em lugar algum a engordar o quociente partidário. 

Para os operadores da política, ser derrotado nas próximas eleições é ficar com poucos deputados – daí também as federações unidas pelo acesso aos fundos Partidário e eleitoral, e nem tanto para ter um candidato à Presidência. 

O centrão (que abrange as siglas clássicas dessa parte do espectro, mas também fatias de PSDB, MDB e União Brasil) é o retrato sem retoques do resultado das regras do jogo mais a evolução do sistema de governo. E, goste-se ou não, está ali nesse centro o espelho da alma do eleitor brasileiro. Cuja demanda majoritária, indicam as pesquisas qualitativas, é de direita

Sem que ser de direita consiga nas pesquisas ser associado claramente a qualquer definição clássica da ciência política. O público-alvo a ser conquistado pela 3ª via é uma proporção do eleitorado (uns 30% ou até mais). Mas isso é apenas um número, difuso e disperso, que não está, até aqui, agregado a um nome, a uma legenda e, muito menos, a uma plataforma política.

Regras do jogo, partidos fracos (em termos de programas e ideologias), piora do sistema de governo (que já era ruim) fazem da polarização entre Lula e Bolsonaro a continuação do que já temos. Que é paralisia e estagnação. (por William Waack)

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