quinta-feira, 3 de março de 2022

O PUTIN É O QUE O BOZO QUER SER QUANDO CRESCER: UM GRANDE TRAPALHÃO!

william waack
GUERRA E LIDERANÇA
G
uerras oferecem excelentes lições sobre liderança política, algo que os militares brasileiros talvez estejam aprendendo com a invasão russa da Ucrânia. 

Na Eceme (Escola de Comando e Estado-Maior do Exército), que forma os futuros generais, um ponto central estudado no presente conflito é a guerra informacional, diz um de seus docentes, o professor Tasso Franchi.

Trata-se de qual lado num conflito manipula melhor as informações ao público. E qual lado no conflito toma as melhores decisões baseado em quais informações, evitando ser levado por desinformação. 

O mundo da revolução digital acentuou brutalmente a gravidade do problema, mas não alterou a sua natureza.

Como desinformação entende-se também subestimar a capacidade de resistência do adversário, ou superestimar a própria força – o noticiário sugere que Vladimir Putin estava desinformado ao iniciar a invasão da Ucrânia. É algo que ainda pode corrigir, embora já esteja pagando um preço altíssimo.
Muito mais importante é a liderança política, que remete a clássicos como Clausewitz (que, por esse motivo, continua sendo lido na Eceme e em academias militares pelo mundo): guerras e a sua condução têm de ser entendidas no contexto político e histórico, sujeito ao acaso. 

Sim, ao acaso, o que torna consequências às vezes imprevisíveis.

Por razões que ele considera objetivas (mas seus adversários consideram irracionais), Putin se dedicou a assegurar pela força bruta um espaço de vital importância estratégica para ele (e de bem menos importância para seus adversários). 

Conseguiu até aqui aumentar a própria dependência estratégica da China – que detém a capacidade de controlar o conflito sem ser parte direta dele – e devolveu ao inimigo da aliança militar ocidental um sentido de existência.

Mesmo conseguindo negar a Ucrânia ao adversário, território que Putin já inviabilizou como país por muitos anos adiante, a liderança política do autocrata em Moscou o deixou em situação mais perigosa e vulnerável do que antes da guerra. 

Para oficiais-generais estudando decisões políticas, a invasão da Ucrânia é a mais recente lição de que prevalecer no campo de batalha (que se antecipa que os russos consigam) não significa vencer a guerra, nem resolver a questão estratégica.

Há debate fascinante sobre o tamanho da desinformação (ou visão de mundo equivocada, pois se julgaram donos da História) de sucessivos líderes ocidentais ao lidar com o dilema milenar do equilíbrio entre potências, e seu tratamento da Rússia. E do tamanho da desinformação de Putin ao lidar com dados da realidade.

Resta saber o que oficiais-generais brasileiros acham que é liderança política quando olham para o Palácio do Planalto. (por William Waack)

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