quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

COMO O NAZISMO IRROMPEU NA ALEMANHA (no Brasil, o ovo da serpente foi gorado) – 2

(continuação deste post)
Hindenburg nomeando Hitler chanceler em 1933
E
m 1929 começou a grande depressão, que se prolongaria até o início da 2
ª Guerra Mundial. Ainda combalida, a Alemanha sentiu duramente o novo baque. As análises nazistas de que os partidos próximos ao poder seriam incapazes de promover o almejado resgate da superioridade alemã passaram a ganhar força e apoio entre o povo alemão. 

Nas eleições de 1932, Paul von Hindenburg, embora doente, concorreu à reeleição como único capaz de evitar a vitória do Partido Nazista e seus métodos violentos. O dito cujo ganhara notoriedade e prestígio à medida que se confirmavam suas previsões de depressão econômica. Assim apresentou Hitler como candidato. 

O resultado confirmou o prestígio de Paul von Hindenburg, da coalizão de direita, com 53,05% dos votos no 2º turno, à frente de Hitler (36,77%) e Ernest Thälmann, do Partido Comunista (10,15%). 

Já as eleições parlamentares de março de 1933, com 647 cadeiras em disputa, ocorreram sob violenta pressão dos hilfspolizei (polícia auxiliar), seis dias após o incêndio do Reichstag. Nelas se confirmou a ascensão do Partido Nazista, que obteve 43,91% dos voos e 288 cadeiras. O Partido Social-Democrata ficou com 120 cadeiras,  o Comunista com 81, o de Centro (católico) com 73 e o Popular Nacional Alemão com 52. As 33 restantes couberam, pulverizadas, a seis partidos menores.
O incêndio do Reichstag, ateado por um Adélio Bispo de
Oliveira da época, deve igualmente ter sido uma farsa. 

Com a recuperação da economia e apoio dos capitalistas alemães que queriam também minar o poderio econômico judeu (combatido pelos nazistas), o poder político e influência do nazismo passou a ser poderoso e sua máquina de propaganda funcionava com os novos recursos midiáticos, inclusive pelas ondas do mais novo meio de comunicação – o rádio, bem aproveitado por Goebbels. (1) 

Hindenburg não gostava de Hitler a quem se referia pejorativamente como cabo boêmio. Mas em política o jogo de pesos e contrapesos de interesses políticos e, principalmente, os econômicos, é que dita os comportamentos. A recuperação econômica alemã ocorria paralelamente ao aumento da influência nazista, o que lançava os grandes capitalistas alemães nos braços de Hitler.

Por livre e espontânea pressão, Hindenbrug, que dissolvera o Rechstag por duas vezes em 1932, fragilizado politicamente e doente, nomeou Hitler como chanceler em 1933, concedendo-lhe poderes de controle do parlamento alemão pelo Decreto de Fogo do Reischstag (o incêndio ardilosamente atribuído aos comunistas).

Com a morte de Hindenburg em 1934 Hitler deu o autogolpe. Absorveu o comando dos poderes Executivo e Legislativo tornando-se o führer und reichskanzier, uma espécie de guia supremo do que viria a ser o 3º Reich, que, projetado para durar mil anos, sucumbiu em 1945 sob os escombros de uma Berlim ocupada pelo Exército Vermelho.  
Mentor intelectual de Hitler, o político
escritor e dramaturgo Dietrich Eckart
leva a fama de o haver inventado.

Desde já a exclusão social internacional, fundada na pretensão de um socialismo só para o povo alemão, bem demonstra o equívoco doutrinário de um pensamento:
— que combatia as teses comunistas de Karl Marx (um pensador judeu); e
— que, como todo trabalhismo, favorecia a permanência do trabalho produtor de valor. 

[Ou seja, que necessitava do alimento primeiro e primário do capitalismo, a categoria primordial do universo da forma-valor: o trabalho abstrato, sem o qual não há capitalismo.]

O trabalhismo do nacional-socialismo alemão tinha um quê de apelo ao resgate do pleno emprego numa nação devastada pela inflação e pelo desemprego. A penúria do povo alemão era o combustível para o surgimento de um pretenso salvador da pátria que fosse capaz de personificar o führer (guia condutor) da glória alemã que pululava nas mentes dos formuladores de teses políticas e no subconsciente da massas que havia sido contaminadas desde há muito pelas fantasias sobre a potencialidade germânica. 

Numa destas reuniões Dietrich Eckart conheceu o jovem, entusiasta e eloquente tribuno que levava os presentes ao júbilo com suas previsões grandiosas de resgate do orgulho alemão. Tratava-se do jovem Hitler, austríaco, artista plástico amador sem sucesso e que fora cabo do exército durante a 1ª Guerra Mundial.

O grande momento que marcaria o surgimento localizado do movimento baseado nas teses daquele grupo de pessoas auto-intituladas de nazista ocorreu durante um putsch planejado na cervejaria Burgebräukeller de Munique. 

Nada mais era do que uma tentativa armada de tomada do poder estadual da Baviera (os estados tinham relativa autonomia) que foi sufocada pela polícia da cidade de Munique e que resultou na morte de 16 militantes, no ferimento à bala de outros e na prisão dos líderes do movimento.
Goebbels montou um formidável aparato de manipulação
política, inspirador das redes bolsonaristas de fake news

Entre os feridos estava um herói da 1ª Guerra, o aviador Hermann Göring 
 (2), que conseguiu fugir para a Áustria e por lá ficou até que os acontecimentos se acalmassem ou tomassem outro rumo. 

Foi na convalescência da doença e para minimizar as dores causadas pelos ferimentos que Göring se viciou em morfina, tormento que o acompanharia pelo resto dos seus dias. (por Dalton Rosado  continua neste post) 
1 Político ultradireitista desde 1924, quando se empolgou com as ideias e oratória de Hitler, Paul Joseph Goebbels (1897-1945) foi um associado devoto do nazismo, ferrenho anticomunista, formulador da doutrina antissemita e responsável pela solução final que provocou o holocausto.
Doutor em filosofia pela Universidade de Heidelberg e orador eloquente, teve rápida ascensão no Partido Nazista, tornando-se gauleiter (líder distrital da Baviera) ainda em 1926 e ministro da Propaganda do Reich em 1933. 
Compreendeu a importância do rádio e do cinema para a difusão de propaganda de massa e obteve marcante sucesso no seu manejo, insuflando o fanatismo e obtendo o apoio do povo alemão à guerra total (para a qual todos os civis deveriam contribuir, mesmo quando já se evidenciava a iminente derrocada do nazismo).
Obteve plenos poderes de Hitler, a quem acompanhou inclusive nos minutos finais de sua vida. Suicidou-se logo depois, juntamente com a esposa Magna Goebbels e seus seis filhos menores..
Relação entre Göhring e Hitler
azedaria no momento do derrota
2
 
Um dos fundadores do Partido Nazista, Hermann Wilhelm Göring (1893-1946) havia sido piloto na 1ª Guerra Mundial, tendo recebido a cobiçada condecoração Pour le Mérite
Com a ascensão do nazismo ao poder em 1933 criou a temida Gestapo, grupamento policial militar e de informação. 
Em 1935 foi nomeado comandante-em-chefe da Luftwaff, a Força Aérea alemã, cargo que manteve até a derrocada germânica. 
Em 1940, no auge do seu poder e influência, Göring se tornou o ministro encarregado pelo Plano Quadrienal, o que fez dele responsável por grande parte do funcionamento da economia alemã na preparação para a 2ª Guerra Mundial. 
Hitler ainda o promoveria a Reichsmarschall (o posto mais elevado dentre os comandantes da Wehrmacht) e em 1941 o nomeou seu sucessor e assessor em todos os gabinetes. 
Com o insucesso da Força Aérea no bombardeio à Inglaterra, perdeu um pouco de prestígio junto ao führer, mas continuou exercendo forte influência. 
Nos momentos finais do 3º Reich, ainda enviou uma carta a Hitler pedindo a sua confirmação como substituto do führer, o qual, indignado, o destituiu das honrarias e decretou a sua expulsão do partido.
Entregou-se aos aliados para não cair nas mãos dos russos e foi condenado à morte pelo Tribunal de Nuremberg, suicidando-se com cianureto em outubro de 1946.
Graça Santos é a mais nova intérprete das composições do Dalton

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