EVANGÉLICOS PERDEM CREDIBILIDADE AO
APOIAREM BOLSONARO NO 7 DE SETEMBRO
Trata-se da incitação feita por muitos pastores evangélicos aos fieis para participarem das manifestações golpistas contra a democracia e o STF.
Faz exatamente um mês, publiquei aqui este artigo alertando os leitores sobre a responsabilidade dos evangélicos. Eu indagava:
"Quanto vai custar às igrejas e grupos evangélicos, em termos de credibilidade, terem apoiado a eleição e sustentado até agora o governo de Jair Bolsonaro, embora seu programa eleitoral e suas decisões e indecisões como presidente nada tenham a ver com os princípios morais do cristianismo?"
"Quando acabar este pesadelo no qual vivemos, o evangelismo e o protestantismo brasileiro deverão também assumir suas responsabilidades, como fizeram, depois da 2ª Guerra Mundial, os luteranos e evangélicos alemães enfeitiçados por Hitler. Mas aí eles terão perdido muito de sua credibilidade".
Ainda neste domingo (4), muitos pastores exortaram os seus seguidores a participarem das manifestações do 7 de setembro, sob a alegação de que defenderiam a liberdade, ignorando ou querendo ignorar seu caráter eminentemente golpista; omitindo as ameaças do Bolsonaro e sua intenção de reunir seus seguidores numa demonstração de força contra a Constituição e a democracia.
Alguns pastores, como o carioca Cláudio Duarte, qualificaram de uma questão de honra o evangélico participar do badernaço em favor das ideias golpistas e autoritárias de Bolsonaro, alegando mesmo e vaticinando mesmo que estaríamos à beira de uma guerra civil.
Como Cláudio Duarte e Silas Malafaia (que convocou seus seguidores para os atos de Brasília e São Paulo) podem utilizar os púlpitos de suas igrejas, nisso sendo imitados por muitos outras pastores, quando o Brasil é um país laico e quando as religiões não devem se meter em política? Não podem esquecer que o próprio Cristo falou que seu reino não era deste mundo!
Fora isso, como apoiar um presidente francamente de extrema-direita, chamado de nazifascista por tantos comentaristas políticos que, ademais, o responsabilizam por quase 600 mil mortes pelo coronavírus, chamando-o de genocida?
Sem esquecermos do recente escândalo das rachadinhas, verdadeiro crime de roubo e peculato, um escândalo que ainda dará muitas dores de cabeça à família Bolsonaro?
Além disto, como apoiam e incitam seus seguidores evangélicos a participarem de movimentações que nada têm de religioso e foram convocadas pelas redes sociais do ódio e das fake news? Manifestações que poderão degenerar em violência, gerando caos e insegurança, além de colocarem colocando em perigo seus seguidores.
Não se poderá esquecer a responsabilidade dos pastores que transformaram as igrejas evangélicas em focos golpistas de sustentação de um governo que prega a desobediência à Constituição e à democracia. Atitude criticada por pastores batistas neste manifesto do último dia 3.
Como induzir seus seguidores a um ato de apoio a Bolsonaro, quando a economia brasileira vai mal e quando a imprensa mundial e tantas empresas estrangeiras se preocupam com uma crise institucional no Brasil? Crise que só poderá agravar a situação econômica e provocar novos aumentos no custo de vida, nos preços do gás, da gasolina?
O desvario do desmatamento da Amazônia e dos Pantanal já está causando seca e falta d'água, impulsionando mudança climática no Brasil. É esse o presidente escolhido por Deus, que os pastores evangélicos respaldam e apoiam ?
Seja qual for o resultado das manifestações do 7 de setembro, é importante registrar a perda da credibilidade dos evangélicos por terem participado ativamente desse desafio à democracia e às leis brasileiras. (por Rui Martins)
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