quinta-feira, 19 de agosto de 2021

NOVA DIVISÃO DE FUNÇÕES: AO CENTRÃO COUBE A FAIXA PRESIDENCIAL E O BOZO USARÁ OS GUIZOS DE BOBO DA CORTE

ricardo kotscho
PODERES DISCUTEM O QUE FAZER COM O
PRESIDENTE: JAIR BOLSONARO É UM ESTORVO
A
situação que estamos vivendo faz lembrar aquelas reuniões familiares de domingo, quando se discute o que fazer com um parente problemático  se é o caso de interditá-lo, interná-lo num asilo ou num hospital, levá-lo para uma fazenda distante, qualquer coisa para que o estorvo pare de incomodar e prejudicar os outros. 

Estorvo, segundo os dicionários, é aquilo que impede, embaraça a realização ou desenvolvimento de algo, um obstáculo. 

O caso é mais grave quando esse parente é o presidente da República, que pode prejudicar um país inteiro. 

Nos últimos dias, representantes dos três Poderes têm feito seguidas reuniões para discutir o que fazer com o presidente Bolsonaro. 

Pelos relatos publicados na imprensa, estuda-se uma solução sem tirá-lo do cargo, o que poderia ser traumático, mas limitando suas ações ao mínimo necessário. 

O presidente do Senado e o chefe da Casa Civil tentam convencer o presidente do STF a retomar a ideia de promover uma reunião com os chefes dos três Poderes para estabelecer um pacto de convivência e assim evitar novas crises. 

Enquanto isso, o presidente passa a maior parte do seu tempo visitando instalações militares e templos, onde pede orações, para enfrentar a inflação e o desemprego galopantes, com o dólar subindo e a Bolsa caindo. 
O temido mercado também já está tirando o time de campo.

Responsável por encontrar soluções menos místicas, não demorou para o ministro da Economia, o fracassado Paulo Guedes, responsabilizar o ex-presidente Lula pelo nervosismo do mercado e o temor dos investidores, porque o petista tem a ousadia de liderar todas as pesquisas presidenciais, cada vez aumentando mais a sua vantagem sobre Bolsonaro. 

Todos eles sabem que é impossível controlar o presidente, a começar pelos generais palacianos, que o estimulam a fazer mais viagens pelo país, e assim criar menos problemas em Brasília. 

Parece que conseguiram pelo menos demovê-lo da ideia de entregar pessoalmente ao presidente ao Senado o pedido de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal. 

Só se espera que Bolsonaro não convoque um novo desfile de tanques para um oficial fardado fazer esta entrega a Rodrigo Pacheco, o passador de pano oficial da República. Mas até ele já está perdendo a paciência com o presidente que insiste em atacar o STF. 

Esta semana, Pacheco alertou Bolsonaro publicamente que a discussão do impeachment de ministros do Supremo "não é recomendável no momento". A interlocutores, segundo a Folha de S. Paulo, o senador disse que "ações incendiárias dificultarão ainda mais a vida do Planalto no Parlamento". 

O problema é que o presidente busca exatamente o contrário: provocar cada vez mais conflitos para agradar à sua base enfurecida,, que vem minguando, pesquisa a pesquisa. O novo levantamento do PoderData, divulgado hoje, mostra que a rejeição a Bolsonaro subiu para 64%. Só 28% ainda o apoiam. 

"Bolsonaro está perdidinho", constatou o sábio cacique Gilberto Kassab, dono do PSD, ao final de uma reunião da "terceira via", na quarta-feira. 

Quando se sentia nessa situação periclitante, o presidente João Figueiredo, último dos generais da ditadura militar, ameaçava "chamar o Pires" (Valdir Pires, então ministro do Exército). Figueiredo se arrastou até o final do mandato, não chegou a chamar o Pires, mas deixou o Palácio do Planalto pela porta dos fundos. 

Hoje, o capitão Bolsonaro não precisa nem chamar o general Braga, atual ministro da Defesa, que está sempre de prontidão para defender o presidente, em qualquer situação. 

Ninguém mais sabe o que fazer com o estorvo do presidente que, fora da realidade, só pensa na reeleição. 

Me fez lembrar o generalíssimo Franco, aquele da guerra civil espanhola. Quando já estava nas últimas, ao aparecer na sacada do palácio e ver a multidão acenando lenços brancos, perguntou: "Para onde estão indo todos?" 

Não quero ser pessimista, mas, pelo andar da carruagem, estamos todos indo para um buraco sem fundo. 

Vida que segue. 

Agora sem a bandeira do voto impresso, o presidente precisa inventar outra. (por Ricardo Kotscho)
O presidente pediu, o blog atende: "Antes que eu volte a ser do baixo
clero... ôps, quer dizer, "Antes que eu volte  a ser
nada", na voz de Leci Brandão

2 comentários:

Fausto Neves disse...

Caro Celso

Para um pessimista assumido isso de:- "pelo andar da carruagem, estamos todos indo para um buraco sem fundo"-já é sentido na alma.
Está mais para engolidos por buraco negro, desses do universo.

Só agora??:
Desconfiança cresce e mercado já começa a falar em desembarque do governo Bolsonaro - 19_08_2021 - Mercado - Folha
Google diz que bolsonarista Allan dos Santos age de modo desleal, tóxico e romantiza violência - 20_08_2021 - Painel - Folha

Mais essa!:
Aldo Rebelo se lança à Presidência com críticas ao PT e a Bolsonaro
https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,aldo-rebelo-brasil-tem-governo-fraco-e-uma-oposicao-desorientada,70003816205

Fico imaginando uma futura edição do Dicionário Houaiss!
Em qual (is) verbete (s) os bolsonaros estarão como referência? Desgraça, Fracasso,
Palhaço, Tiranete.....

Em tempo, o que esperar se a Doidamares lesse isto?
A crise climática é uma crise de direitos das crianças
https://www.unicef.org/sites/default/files/2021-08/%5BPortuguese%5D%20CCRI%20Executive%20Summary_0.pdf

Abraço

celsolungaretti disse...

Fausto,

o Kotscho foi um dos maiores jornalistas da minha geração, mas lhe falta a experiência de um revolucionário e de combatente.

Então, lhe falta uma base teórica para perceber que o governo do Bozo já tinha acabado muito antes de ele também começar a dizer isso. Ainda enxerga o desfecho dos dramas como resultado da movimentação dos atores políticos, não da correlação de forças em termos de poderio poderio econômico quando se trata de uma disputa dentro do capitalismo.

Neste sentido, assim que entramos em 2020 e o Bozo não tinha dado seu golpe, passei a considerá-lo derrotado em médio ou longo prazo. Porque ele até poderia dar seu bolpe e permanecer alguns meses como autocrata, mas desabaria em seguida. Não duraria 21 anos no poder, nem mesmo 21 meses.

Mais certo está o Dalton ao dizer que uma época acabou e estamos assistindo às dores do parto da que a sucederá. Isto, pelo menos, pode acontecer. O Bozo consolidar-se no poder é simplesmente impossível.

O Kotscho, por não ter formação marxista, parece não se dar conta de que, à feição dos jornalistas, ele acaba fazendo das disputas políticas um novelão cheio de episódios dramáticos, reviravoltas, etc. Quem compraria jornais se não acreditasse que as toscas escaramuças do cotidiano político tinha alguma importância?

Evidentemente, a minha visão é mais correta (tanto que antecipo quase tudo que vai ocorrer), mas menos charmosa. Se eu fosse assistir a um filme, preferiria o roteiro do Kotscho do que o meu.

E que graça teria vermos o Bolsonaro esborrachar-se no chão e sair da presidência em desgraça, se ele tivesse a mínima noção de que é exatamente isto que vai acontecer e não lutasse como um doido furioso para tentar evitar o inevitável?!

Quando o Bozo for para o diabo que o carregue, a companheirada vai suspirar de alívio e abrir sorrisos de ponta a ponta. Eu provavelmente estarei é chateado por ter demorado tanto para acontecer o que estava na cara que iria acontecer.

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