demétrio magnoli
POR QUE OBRIGAR O QUE É BOM?
As sociedades livres aceitam um nível elevado de insegurança. Os direitos de expressão, manifestação e reunião, o direito de ir e vir, o habeas corpus e o direito à defesa criam brechas para a operação de grupos violentos e organizações terroristas.
Contudo, em nome de um bem intangível maior, tenta-se punir apenas os abusos extremos dos direitos individuais e das liberdades públicas. Não se deveria catalogar o direito à recusa da vacina entre as liberdades fundamentais?
As sociedades livres já se decidiram, há muito, pela resposta negativa. A imunização infantil é condição para a matrícula escolar no Brasil e em quase todas as democracias.
Nos EUA, a concessão do green card e a obtenção de cidadania dependem da vacinação contra várias doenças.
Diversos países exigem o certificado de vacinação da OMS contra doenças como a febre amarela e a rubéola.
Os liberais com todos os parafusos apertados nunca ergueram um clamor de indignação contra tais exigências. Por que justo agora, no caso da covid?
Péssimo álibi, pois isso atesta que o sistema funciona. Há autorização porque testes clínicos comprovaram a segurança e a eficácia dos imunizantes.
É emergencial porque as vacinas continuam a ser avaliadas no quadro da sua aplicação em massa, mas devem ser utilizadas justamente devido à crise sanitária mundial causada pelo coronavírus. Sem a imunização coletiva, as sociedades sofrerão perdas intoleráveis de vidas, de riqueza e de empregos.
Vacinas protegem populações, não indivíduos. Como nenhuma vacina tem eficácia absoluta, os imunizados continuam a correr riscos. Mas a imunidade coletiva circunscreve radicalmente a circulação do vírus, oferecendo elevada proteção a todos.
A exigência de passes vacinais destina-se a evitar que a resistência à vacinação de uma minoria expressiva impeça a sociedade de atingir o limiar da imunidade coletiva.
Sob a pandemia, segurança coletiva e liberdades individuais não são polos contraditórios. Se, em nome da liberdade de recusar a vacina, aceitarmos desistir da imunidade coletiva, perderemos tanto a segurança quanto as liberdades.
No rastro dos atentados de 11 de setembro de 2001, os republicanos (liberais, no sentido europeu e brasileiro da palavra) não hesitaram em restringir direitos e liberdades fundamentais para, em nome da segurança, combater a emergência posta pelo terror.
Por outro lado –surpresa!– a emergência sanitária global não lhes parece justificativa suficiente nem mesmo para que se exija a vacinação geral. Seus pudores libertários de ocasião mal ocultam sua vergonhosa submissão política a lideranças de uma direita primitiva, autoritária e antiliberal.
Por que obrigar o que é bom? Porque correntes da direita populista aproveitam-se das liberdades que detestam para difundir massivamente mentiras sobre as vacinas, convencendo uma numerosa minoria de que o bom faz mal. Os liberais caudatários de extremistas têm culpa nesse cartório. (por Demétrio Magnoli)
Um comentário:
Não vacinados são 99% dos mortos por Covid nos EUA, e muitos se arrependem tarde demais... publica a Folha de São Paulo em 7.ago.2021 às 12h00.
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Sei que os humanistas tem uma peitica com Darwin por causa da "desumanidade" da sua teoria, mas este é o fato:
Humanos, aqueles cuja natureza humana se sobrepõe ao animal, vacinam-se e vivem; já inumanos não se vacinam e morrem.
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Simbolicamente, o centauro representa o humano, pois o torso humano está sobre o animal, dominando-o, e para a segunda classe de primatas eles escolheram o minotauro, onde um corpo humano é controlado por uma cabeça animal.
O gregos...
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A vida é uma seleção natural.
O articulista que me desculpe, mas não daria outra coisa.
Morte de negacionista, antivax e anti-ciência, o resto é mimimi.
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