josias de souza
GOVERNADORES QUEREM DIALOGAR COM
BOLSONARO. PUXE A CADEIRA. OU UM RONCO.
Sob Bolsonaro, as tentativas de conciliação estão a um milímetro do tédio.
A despeito disto, os governadores decidiram pedir um encontro com o presidente. Desejam abrir um diálogo para negociar um armistício que restabeleça a harmonia entre os Poderes. No mesmo dia, Bolsonaro concedeu mais uma de suas entrevistas radioativas.
Em conversa com uma emissora de rádio, o presidente reiterou as críticas ao sistema eleitoral. Cobrou novamente o voto impresso. O povo não quer que, num quartinho secreto, meia dúzia de pessoas conte os seus votos, disse, ridicularizando urnas eletrônicas que lhe asseguraram 28 anos de mandato parlamentar e um mandato presidencial.
Bolsonaro atacou decisões dos ministros Luís Felipe Salomão, corregedor do TSE, e Alexandre de Moraes, do Supremo. Acusou-os de promoverem uma caça às bruxas ao suspender a remuneração de sites bolsonaristas que difundem mentiras nas redes sociais e mandar prender apologistas do mito como o ex-deputado Roberto Jefferson e o deputado Daniel Silveira, que insultaram magistrados, esculacharam o Supremo e defenderam uma intervenção militar com Bolsonaro.
Movido a ideias fixas, Bolsonaro revelou que cobraria ainda na 2ª feira (23) do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a fixação de uma data para o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras. Aproveitou para alfinetar os governadores que desejam dialogar com ele.
Lamentou que o Supremo tenha dado aos Estados poderes para continuar impondo as máscaras mesmo depois de o governo federal tornar o apetrecho facultativo, à revelia da recomendação de 11 em cada dez infectologistas.
As tentativas de conciliação com Bolsonaro vão se tornando encenações enfadonhas. Virou fumaça o pacto firmado há cinco meses para criar um comitê de gerenciamento da crise sanitária integrado pelos presidentes da República, do Senado e da Câmara.
Virou pó a ideia do presidente do Supremo de promover um encontro pacificador entre os presidentes dos três Poderes.
Era lorota o compromisso que Bolsonaro assumiu com Arthur Lira de aceitar o resultado da votação que enterrou na Câmara a proposta que criava o voto impresso.
Revelou-se conversa mole o lero-lero de Ciro Nogueira segundo o qual seria um amortecedor na Casa Civil, estabilizando o governo e diminuindo as tensões.
A nova tentativa dos governadores de firmar algum tipo de entendimento com Bolsonaro é o triunfo da esperança sobre a experiência. Há um limite depois do qual a tolerância deixa de ser uma virtude.
Está entendido que, para Bolsonaro, o único diálogo admissível é quando ele manda os interlocutores calarem a boca. Portanto, se não quiser cansar esperando pela pacificação, puxe uma cadeira. Ou um ronco. (por Josias de Souza)
Um comentário:
Finacial Times
https://www.4shared.com/office/fu0S2LnUiq/Bolsonaro_pushes_the_limits_of.html
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https://www.4shared.com/office/EaK5SXGRea/Bolsonaro_supera_os_limites_da.html
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