sexta-feira, 27 de agosto de 2021

A MENTE DO BOZO VIROU UM ABSURDISTÃO E SÓ OS FANÁTICOS IMBECILIZADOS DAS REDES SOCIAIS NÃO PERCEBERAM

william waack
NINGUÉM TEME BOLSONARO
De tanto se atormentar com fantasmas, Jair Bolsonaro está conseguindo que eles se tornem realidade. 

Cristaliza-se em círculos do Judiciário, Congresso e também entre oficiais-generais a ideia de que o arruaceiro institucional precisaria no mínimo ser declarado inelegível. E o caminho seria através dos tribunais superiores.

Esse perigo (não poder disputar as eleições) para Bolsonaro é real, mas não imediato. A conspiração não passa, por enquanto, de um desejo amplamente compartilhado nas instâncias mencionadas acima. 

Generalizou-se nesses círculos de elite política, judicial e militar a convicção de que Bolsonaro provocou um impasse institucional para o qual não há saída aparente, e ele nem parece interessado em buscá-la.

A conspiração carece, contudo, de coordenação central e efetiva articulação. 

Setores do Congresso, do STF e das Forças Armadas estão conversando informalmente, e já se falou no Alto Comando do Exército em atribuir ao comandante dessa arma a missão de pôr uma coleira em Bolsonaro. Dois personagens políticos de peso nessa paisagem – os caciques do centrão Arthur Lira e Ciro Nogueira – têm dito a jornalistas que desistiram disso.

Quem conversa quase que diariamente com o presidente o descreve como possuído de um quadro mental para lá de preocupante. Bolsonaro está totalmente convencido de que a conspiração contra seu mandato começou já no primeiro dia do governo, e é conduzida por uma difusa e ao mesmo tempo bem entrincheirada coligação de:
— corruptos no Congresso; 
— corporativistas na administração pública;
— empresários que perderam dinheiro; 
— esquerdistas treinados em Cuba; e
— governadores gananciosos. 

Todos eles estariam unidos em torno de alguns ministros do STF...

Dois aspectos tornam o absurdistão que é a cabeça de Bolsonaro num problema real, pois ele age a partir dessa percepção de mundo. 

O primeiro é a legitimação jurídica que ele julga ter encontrado para ir ao que chama de contragolpe contra os usurpadores do poder do presidente. A interpretação que adotou do artigo 142 da Constituição é espúria, mas lhe confere um ar de certeza no campo do Direito para, eventualmente, chamar forças militares a intervir – no mínimo para garantir lei e ordem num cenário conturbado que Bolsonaro se empenha em piorar.

O segundo aspecto que faz do desequilíbrio presidencial um perigo real é a crença de que disporia de instrumentos de poder tais como irresistível quantidade de povo nas ruas, adesão de setores das Forças Armadas, além de PMs amotinados, insubordinados e levados às ruas por lideranças corporativistas. 

Noutras palavras, ele acha que estaria em posição de superioridade em se tratando da relação das forças treinadas para exercer violência – um cenário implícito nas posturas do presidente.

O problema para Bolsonaro é que, tanto no plano político-jurídico como no plano das
forças das ruas, ele está isolado, completamente refém de um conjunto fisiológico de caciques políticos cínicos que o espremem, deixando aberta a possibilidade de decidir quando jogarão fora o bagaço. 

O cerco judicial ao presidente, no STF e no TSE, é um fator que tornou inclusive irrelevante se o PGR estaria (não está) disposto a denunciá-lo.

Sem ter criado uma organização política capilarizada e sem ter a adesão das cadeias de comando das Forças Armadas, Bolsonaro acha que manda, mas não comanda nada a não ser fanáticos imbecilizados em redes sociais que não sabem até agora muito bem onde está o Palácio de Inverno a ser tomado e ocupado. 

Eles são contra um monte de coisas, mas ainda aguardam uma ordem específica do mito sobre em qual direção marchar e qual inimigo precisam aniquilar.

Noutras palavras, Bolsonaro não dispõe de sólidos argumentos jurídicos, de amplas forças políticas, de nutridos contingentes militares, do domínio das ruas, da adesão das principais elites econômicas e é rejeitado pela maioria dos eleitores, pela quase unanimidade do mundo intelectual e cultural e visto como um estorvo passageiro pelas grandes potências. Ninguém tem medo dele como dirigente político.

O que se teme é a tragédia que ele parece empenhado em provocar. (por William Waack)
Eis a trilha sonora do Absurdistão a que ficou reduzida 
a cabeça do genocida (e piorando cada vez mais!)    

2 comentários:

SF disse...

Você tem comentado e publicado textos no sentido de que o Jair não possui poder e nem é capaz de dar o golpe no já falido, periférico e primitivo estado burguês brasileiro.
Isto aqui é uma imensa sesmaria, rústica, com escravidão direta, produzindo comodities e onde tudo de ruim é possível e provável que aconteça.
Uma "Macondo" gigantesca.
***
E o povo está na miséria...
***
A ruptura acontecerá.
Se será capitaneada pelo cara ou conduzida por líderes bem intencionados 7 de setembro dirá.
***
A "esquerda" liderará?
***
Karl já dizia que os comunistas não se rebaixam a ocultar suas ideias e propósitos e abertamente declaram que seus objetivos só serão atingidos pela queda violenta de todas as condições sociais existentes.
***
Que a boiada estourará, não resta a menor dúvida.
O que duvido que é que a esquerda (hoje tão longe de Marx) tenha capacidade de liderar as massas ensandecidas.
***
Corre na net um meme onde um desses comunistas de butique pergunta horrorizado:
"Quando perdemos a pauta da liberdade de expressão para a direita"?
Ao que uma insossa do diretória retruca:
"O companheiro tem "lugar de fala" para questionar isso"?
***
Está dureza, companheiro.
Os camaradas não sabem ser livres e nem libertar ninguém.
***

celsolungaretti disse...

O Brasil é grande demais, tem potencial e diversificação econômicos grande demais, para se reduzir a esse clichê de república bananeira do Gabriel Garcia Marques.

A burguesia que quer continuar lucrando a médio e longo prazos aqui e tem a cabeça feita pelos consultores sofisticados da av. Brigadeiro Faria Lima é o verdadeiro poder econômico dominante, não esses predadores ambientais e outros vira-latas tentando obter rapidamente o máximo de grana para depois darem o fora com o butim.

A esquerda nada ajuda ao espalhar visão tão primária e antiquada, retratando o inimigo como uma caricatura, como se todos os capitalistas ainda fossem selvagens. Eu trabalhei mais de três décadas prestando assessoria para os grandes grupos sediados aqui em São Paulo e o que conheci foram grandes empresários com uma visão muito mais moderna do que essas caricaturas do passado. Sei do que estou falando.

O William Waack está certo e eu, que muito antes já dizia o mesmo, estou vendo confirmar-se agora tudo que venho há anos escrevendo.

O Bozo já está derrotado, embora possa produzir estragos. Não dá para sabermos exatamente como vai ser o transcurso do jogo, mas o resultado sim: a ultradireita brucutu perde, a direita que já aprendeu a usar talheres prevalece, a esquerda fica chupando o dedo porque não fez a lição de casa e desperdiçou tempo estratégico sonhando com eleições distantes quando qualquer idiota podia perceber que o caldo entornaria antes de outubro de 2022.

Abs.

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