sexta-feira, 2 de abril de 2021

SE NOSSA ESPÉCIE NÃO FOR EXTINTA ANTES, CHEGAREMOS À 3ª NATUREZA HUMANA – 1

dalton rosado
SOMOS AINDA IRRACIONAIS?
As ciências biológica e sociológica consideram que os seres humanos vivem o estágio da segunda natureza humana. A diferença entre o atual e o período tido como primeira natureza é a irracionalidade animal e a racionalidade do homo sapiens cuja aquisição inicial se situa uns 250 mil anos atrás.

É evidente que a transformação e transição de um estágio para outro não se operou (e nem se opera) num estalar de dedos, mas ao longo de milênios e de modo geografica e linearmente diferenciado; é certo, também, que a cada avanço se aceleram os mecanismos cognitivos de superação dos estágios anteriores, em busca de uma maior racionalidade.

Mas os traços de irracionalidade e crueldade próprios de um estágio selvagem (que me perdoem os animais irracionais pelo termo, de vez que estes jamais predam a natureza, ainda que devorem uns aos outros para sobreviverem) têm aflorado na era moderna, como se ainda estivéssemos presos às amarras de nosso passado distante. 

O que dizer dos exemplos da 2ª Guerra Mundialna qual pelo menos 50 milhões de seres humanos foram ceifados pela brutalidade de governos tiranos nacionalistas capitalistas (mas autoproclamados socialistas e trabalhistas em suas nomenclaturas de partidos, como o nazista alemão e o fascista italiano)? 
O que dizer da guerra da Síria, que já dura 10 anos, com a morte e a migração forçada de milhões de pessoas? Nela se verifica, além da luta pelo poder, a intervenção oportunista de tudo que é grupo político-religioso ou doutrina ideológica a disputar ali a verdade ditada pelo santo graal.

O que dizer da tragédia dos seres humanos (inclusive crianças) que correm riscos imensos e sujeitam-se às piores agruras em fugas desesperadas da guerra e da fome que grassam em seus países de origem, dirigindo-se cheios de esperanças às mecas do capitalismo e, quando sobrevivem à aventura, sendo por elas sumariamente rejeitados? 

O que dizer das turbas que glamurizam um passado tenebroso, voltando a utilizar, como símbolo de solução dos problemas sociais, a suástica ensanguentada do nazismo (regime decorrente do desemprego e penúria da Grande Depressão, aliás menos grave do que a reprise que ora se delineia, cujas perspectivas são ainda mais aterrorizantes)? 

O que dizer dos grupos raivosos que surgiram recentemente no Brasil (iludidos por conceitos patrióticos ultrapassados e por um simplista moralismo anticorrupção, sem compreenderem que o próprio capital, por eles defendido, é a maior das corrupções, aliam-se aos industriais e banqueiros corruptores e barbarizam os cidadãos conscientes que se lhes opõem)?

O que dizer de um governo que mantém, em gabinetes próximos ao do presidente da República, uma tropa que dá sustentação informática eletrônica à lavagem cerebral em larga escala, o dito gabinete do ódio, a disseminar uma virulenta desqualificação moral dos adversários políticos, além de incitar levantes golpistas e totalitários de ultradireita (querem a quebra das instituições do Estado burguês para em seu lugar colocarem a força das armas e a infâmia das posturas racistas, xenófobas, misóginas, supremacistas, elitistas, etc., etc., etc.)? 

O que dizer da irracionalidade do trânsito das megalópoles, lento por conta do congestionamento de veículos individuais ao invés de transportes públicos de massa que proporcionassem comodidades e rapidez de deslocamento das pessoas, e que ainda polui pela emissão de monóxido de carbono na atmosfera, tudo como forma de atender à pretensa indispensabilidade de empregos da indústria automobilística?
O que dizer de um processo industrial capitalista que infesta a atmosfera com o mesmo poluente do monóxido de carbono do trânsito e que tem nos dois maiores produtores de mercadorias do mundo, os Estados Unidos e a China, os maiores emissores?

Creio serem desnecessários mais exemplos, embora eu ainda pudesse citar muitos outros, de diferentes naturezas mas convergentes quanto à origem: o processo de produção e comercialização mercantil capitalista e seu comando irracional, que nos dá ordens insanas para que as cumpramos como obedientes soldados sem senso de justiça e de moralidade, nem um mínimo de empatia com os demais seres humanos. (por Dalton Rosado)
(continua neste post)

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