sábado, 9 de janeiro de 2021

HADDAD ENCERRA COLABORAÇÃO COM A FOLHA DE SÃO PAULO ACUSANDO-A DE "AGREDIR PESSOAS DE FORMA ESTÚPIDA"

T
enho muitas ressalvas com relação ao político Fernando Haddad e considero que o ex-presidente Lula esgotou há bom tempo seu prazo de validade, nada tendo a oferecer para a reconstrução da esquerda e o resgate de sua combatividade perdida. 

Certa vez ele determinou aos seus ministros que adotassem, no tocante aos pleitos de justiça dos familiares de militantes massacrados pela ditadura militar, os quais exigiam a punição dos antigos carrascos, a seguinte postura: honrar a memória dos assassinados, homenagear os torturados, mas não mexer uma palha para alterar o que fora mal equacionado em 1979 e deveria ter sido corrigido no momento da redemocratização.

Então, hoje eu proponho exatamente a mesma atitude para com o Lula: enaltecermos seu passado e irmos construindo uma nova esquerda sobre os escombros daquela que ele liderou e que ruiu fragorosamente na década recém-finda, tendo, com seus erros crassos, dado contribuição decisiva para a volta da extrema-direita ao poder.  

Isto posto, expresso minha total solidariedade ao Haddad quanto ao tratamento por ele recebido da Folha de S. Pauloque se arvora em campeã das boas práticas jornalísticas mas tem frequentes recaídas na vilania de quando fornecia viaturas para as bestas-feras do DOI-Codi melhor se camuflarem, e, mais tarde, na desfaçatez de quando qualificava uma ditadura sanguinária de mera ditabranda.

Eis a justificada queixa do Haddad, ao comunicar o encerramento de sua colaboração semanal com a Folha (por Celso Lungaretti):
"Na semana passada, ocorreu um episódio insólito. Uma jornalista sugeriu, em artigo publicado no Estadão, que o STF mantivesse a condenação de Lula e desconsiderasse as provas de parcialidade de Moro. 

E por quê? Para evitar que Lula seja candidato em 2022, o que, supostamente, favoreceria a candidatura de Bolsonaro. 

Reagi, nas redes sociais, afirmando que, diante de tanta infâmia e covardia, restava ao PT reafirmar os argumentos da defesa de Lula e relançá-lo à Presidência.

Em editorial no último dia 4, a Folha resolveu me atacar de maneira rebaixada. Incapaz de perceber na minha atitude a defesa do Estado de Direito, interpretou-a como tentativa oportunista de eu próprio obter nova chance de disputar a eleição presidencial, ou seja, que seria um gesto motivado por interesse pessoal mesquinho. 

Simplesmente desconsiderou que, nos últimos dois anos, em todas as oportunidades, inclusive em entrevista recente à própria Folha, defendi sempre a mesma posição, qual seja, a precedência da candidatura de Lula.

Ao me desqualificar (...), inclusive com expediente discursivo desrespeitoso, ao estilo bolsonarista, o jornal demonstra pouca compreensão com gestos de aproximação e sacrifica as bases de urbanidade que o pluralismo exige. 

Infelizmente, constato que, nos momentos decisivos, a Folha, em lugar de discutir ideias, prefere agredir pessoas de forma estúpida.

O jornal tem méritos que não desconsidero, mas não vejo como manter uma colaboração permanente com tal veículo".

Um comentário:

Júlio disse...

Em resumo, não adianta a esquerda querer fazer papel de bom-moço e tentar ser "palatável" à burguesia.

Para isso, a burguesia já dispõe da direita.

Agora, resta ao "Andrade" tocar suas aulas no insper...

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