John Kennedy, que não comia na mão da CIA e barrou o fornecimento de apoio aéreo para a invasão da Baia dos Porcos pelos cubanos emigrados e mercenários por eles pagos, condenando-a ao fracasso, foi assassinado em 22 de novembro de 1963.
No mesmo dia tomou posse o vice Lyndon Johnson, caipirão texano que engoliu as lorotas alarmistas da CIA e deu sinal verde para o golpe militar de 1º de abril de 1964.
Ou seja, 130 dias depois, da troca de presidente estadunidense resultou um fruto podre no Brasil.
Hoje temos um presidente com flagrantes traços de insanidade mental, embora falte um laudo psiquiátrico para determinar se ela é de tal gravidade que, se esta joça fosse um país sério, o incapacitaria para o exercício do cargo.
Um presidente flagrantemente responsável por dezenas de mortes evitáveis decorrentes da pandemia, pois sabotou desde o primeiro dia o combate científico ao coronavírus, tudo fazendo para dificultar/desacreditar as medidas necessárias e estimular decisões disparatadas do povaréu desinformado (desde a crença em remédios milagrosos até o temor à vacina).
Um presidente flagrantemente culpado por, com suas medidas e declarações na contramão da civilização, ter tornado o Brasil um pária entre as nações, motivo de chacotas, desprezo e indignação dos outros povos.
Um presidente que flagrantemente está maximizando, com sua desgovernança inspirada numa visão arcaica e fanática da realidade, a depressão econômica que devastará o mundo e o Brasil (o Brasil mais ainda do que o mundo) em 2021, tida desde já pelos expertos como mais terrível do que a Grande Depressão dos anos 30.
Tendo Joe Biden sido eleito exatamente como alternativa civilizada ao Bolsonaro selvagem de lá, bem pode acontecer que a troca na Casa Branca acabe influenciando de novo os rumos da política brasileira, favorecendo o afastamento do Trump tresloucado de cá.
Uma vez foi para melhor, em 1945, quando os EUA pressionaram fortemente nos bastidores para a saída de um ditador que tinha vários pontos em comum com aqueles que os estadunidenses haviam derrotado nos campos de batalha da 2ª Guerra Mundial.
A seguinte foi para pior, em 1964, condenando-nos a 21 anos de trevas.
Mas, há uma diferença significativa: sem o empurrãozinho que os estadunidenses deram na História, colocando-a na direção que lhes apetecia, nada teria ocorrido de realmente desastroso para o Brasil. Vargas acabaria mesmo caindo e a derrubada de João Goulart não passou de uma artificialidade forjada por golpistas que, desde a década anterior, conspiravam neste sentido.
Agora, pelo contrário, quanto mais alongar-se o mandato do pior presidente brasileiro de todos os tempos, não só genocida como totalmente inepto, mais nosso povo sofrerá, pois nada indica que a administração do tsunami econômico que vem por aí será diferente da sua administração catastrófica da covid-19.
E, vale lembrar, os EUA continuam sendo a única potência mundial capaz de socorrer o Brasil em 2021, quando estivermos no olho do furacão. Nem o bloco europeu, nem a China, nem a Rússia, por motivos diversos, cumprirá tal papel.
Leio que, enquanto Biden e seu pessoal não querem saber do Bolsonaro nem pintado de anjo, políticos oposicionistas brasileiros já estão deles se aproximando e sendo bem recebidos.
E não deixou de ser surpreendente a firmeza com que a quase totalidade dos ministros do Supremo desta vez reagiu às pirraças assassinas do Bolsonaro relativas à vacinação. Há algo no ar além dos aviões de carreira, diria o Barão de Itararé.
Provavelmente, a mesma ficha que há muito caiu para mim –a de que o Brasil será levado à explosão social e ao caos se a presidência da República continuar acéfala em 2021– já está caindo para os donos do PIB e seus parceiros estrangeiros. E, quando isto se tornar consensual, as consequências não tardarão.
Biden será empossado no dia 20 de janeiro. Caso a História se repita, 130 dias depois, no finzinho de maio, o Brasil estará se livrando de outra aberração, tão vergonhosa para nós quanto o foi a escravidão. E se isto acontecer antes, melhor ainda! (por Celso Lungaretti)
2 comentários:
Oi, Celso
Infelizmente, aqueles 21 anos de trevas foram suficientes para os milicos fazerem a lavagem cerebral com reflexos em três gerações.
Aí emergem as igrejas neopentecostais com o mercado da fé para embotar ainda mais os desassistidos.
Exemplos não faltam. Muitos brasileiros com curso universitário e com uma consciência ingênua inacreditável, beira a lobotomia mesmo.
Cássio
No capitalismo os milicos não têm autonomia de ação, são meros serviçais do poder econômico. E, para os donos do PIB, a manutenção do Bozo no poder será altamente desvantajosa em 2021. Então eles o descartarão. "Não é pessoal, são só negócios", como diziam os gângsteres de Chicago.
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