quinta-feira, 19 de novembro de 2020

APESAR DE VOCÊ, AS ERVAS DANINHAS VÃO SENDO UMA A UMA ARRANCADAS: O JARDIM DA CIVILIZAÇÃO LOGO HÁ DE REFLORESCER!

"Vai trabalhar vagabundo, vai trabalhar
criatura, Deus permite a todo mundo
uma loucura" (Chico Buarque)
Ainda ontem tivemos um pesadelo.

Uma grande parte da população foi levada por uma onda moralista anticorrupção veiculada televisivamente como espetáculo midiático que colocava a culpa de todas as nossas mais sentidas mazelas na apropriação indébita do dinheiro público. 

Uma forma de justificar o injustificável. De encontrar um bode expiatório para a crueldade de uma ordem social escravista. Tudo parecia ser resultado do dinheiro público secularmente desviado para a politicagem barata e o enriquecimento de uns poucos; assim, vimos afirmarem-se como paladinos na honestidade aqueles mesmo que sempre estiveram ao lado dos contumazes corruptos.  

Mas,  apesar de você, o dia amanheceu, mesmo que ainda coberto de nuvens sombrias. 

Desvaneceu-se aos poucos a nuvem que impedia muitos de  enxergarem a luz capaz de anunciar o benefício da dúvida e o bloco (que parecia monolítico) da volta às mais repugnantes práticas e conceitos elitistas começou a se desintegrar.

hoje você é quem manda começou a ser contestado silenciosamente, seja pela negação do voto ou por sua anulação, em proporção nunca antes vista neste país: foi esta, na eleição, a escolha dos que se negam a obedecer o falou 'tá falado, não tem discussão...

Ouviu-se, então, o som ensurdecedor do grito silencioso dos muitos (nem todos, infelizmente!) que deixaram de acreditar nas falácias elitistas e de sua presunção de sacrossanta honestidade. 

Se a minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão, ainda cabisbaixa, é certo que já há os que começam e olhar pra cima, como alguém que viu um cometa de luz passar no céu anunciando a boa nova.

Você que inventou esse Estado, errou ao pensar que, espelhando-se nos antigos monarcas absolutistas, conseguiria continuar a iludir o povo da mesma forma nos dias de hoje, fazendo-o acreditar que seja ele o culpado por sua própria miséria. 

Então, assim como os despóticos reis de outrora terminaram por sucumbir diante dos seus súditos, o mesmo destino está reservado a você, que inventou de inventar novamente, e com requintes de citações odiosas, toda escuridão.

É você, com seu fundamentalismo religioso de ocasião, quem novamente se tornou o profeta das trevas. É você que inventou o pecado atribuído aos outros  em seus tuítes e arengas dementes. 

De nada adiantou, portanto, o batismo farsesco pelas mãos do pastor Everaldo (hoje preso por corrupção) nas águas sagradas do rio Jordão, pois você esqueceu-se de inventar o perdão, que é algo próprio da generosidade dos humildes, por si tão desprezados. 
Mas já se anuncia a sua volta ao que sempre foi, um insignificante político:
— característico do baixo clero, ou seja, representante de um corporativismo que nega o coletivismo abrangente e capaz de beneficiar a todos de forma equânime;
— incapaz de tomar as iniciativas propositivas que se esperam de um membro do Legislativo, pois sempre dedicou seus mandatos a favorecer as clientelas com as quais pretendia reeleger-se; e
— dado a frequentes rompantes misóginos e xenófobos, afora outras posturas de vereador de bairro (que me perdoem os bons vereadores pela comparação insultuosa...).

Como seu amigo bilionário do Norte (que agora vai administrar a imensa riqueza abstrata que acumulou a partir do suor de trabalhadores), seu destino de político de menor estatura já está selado para 2022 –se chegar até lá, com Mourão e empresários decepcionados a fustigarem-no por sua incompetência). 

Então, quando já se vislumbram no horizonte o debacle do seu desgoverno e o abandono por parte dos oportunistas fisiológicos do centrãoeu pergunto a você onde vai se esconder da enorme euforia.
O júbilo dos que se considerarão libertados da ameaça maior representada pela truculência despótica própria dos autocratas que se sentem salvadores da pátria, mas não passam de velhos arautos do elitismo escravista de milênios. 

Nesse tempo já não saberá como vai proibir os novos conceitos revigorados após a negação dos avanços dos costumes tão vilipendiados pela sua discípula travestida de pastora da pasta da negação dos direitos humanos, notadamente quando o galo insistir em cantarnegando o novo messias, e houver água nova brotando e a gente se amando sem parar

Não somos revanchistas, justamente porque não carregamos o ódio dentro do peito. Mas, quando chegar o momento, esse meu sofrimento vou cobrar com juros, juro: não com os métodos brutais contra nós utilizados, mas desmascarando para a História e para as novas e futuras gerações os responsáveis por tudo aquilo que nos foi impiedosamente imposto e que tivemos de suportar estoicamente, carregando uma culpa que não era nossa mas sim do execrável sistema de exploração do homem pelo homem. 

Como uma mola comprimida, todo esse amor reprimido há de expandir-se como o frescor de uma boa fragrância a ocupar todo o espaço; esse grito contido deverá extravasar toda a nossa silenciosa revolta por este samba no escuro

Não fomos nós que estabelecemos a rigidez de comportamentos religiosos retrógrados que negam o melhor conceito daquele revolucionário que ousou desafiar com palavras o exército romano há 2020 anos.

Então, você que inventou a tristeza, ora tenha a fineza de desinventar, permitindo-nos desfrutar da alegria libertária da qual há muito deveríamos estar desfrutando, senão vai pagar, e é dobrado, cada lágrima rolada nesse meu penar.

Como dizia o saudoso Raulzito, oh baby, a gente ainda nem começou! Assim, não nos basta o que já recuperamos, mas estamos felizes com a negação da negatividade, e inda pago pra ver o jardim florescer qual você não queria, extirpadas que cada vez mais serão as ervas daninhas de seu catastrófico mandato.

De conquistas em conquistas iremos resgatando nossos espaços humanitários e você vai se amargar. vendo o dia raiar sem lhe pedir licença

Não posso deixar de antever o dia no qual todos os seres humanos tenham as mesmas oportunidades e sejam respeitados independentemente de sua condição social, gênero humano, cor da pele, opção sexual ou expressão do seu pensamento respeitoso para com o pensar alheio. E, desculpe-me o deboche, eu vou morrer de rir, que esse dia há de vir antes do que você pensa.

O seu constrangimento pela negação popular dos conceitos retrógrados sob os quais você quis erigir a sua plataforma totalitária, não vai impedir o surgimento do novo. Você vai vai ter que ver a manhã renascer e esbanjar poesia.

E, depois de tanta virulência, sua imagem final, quando for removido para a lixeira da História, será a de impotência.
Como vai se explicar vendo o céu clarear de repente, impunemente? Como vai abafar nosso coro a cantar na sua frente? 

É tempo de alegria, senão pelo que conquistamos, mas pelo que evitamos. (por Dalton Rosado)
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