quinta-feira, 20 de agosto de 2020

TEREMOS UM BRASIL DE PESADELO EM 2022, COMO A DISTOPIA DE ORWELL? E DE SONHO EM 2032, COMO A UTOPIA DE MORUS? – 2

(continuação deste post)
UM OUTRO CENÁRIO PARA 2032 – A partir dos consecutivos índices negativos de crescimento do PIB da China, Japão, União Europeia e Estados Unidos, sobreveio uma falência completa do sistema bancário em razão da incapacidade de adimplência da enorme e insolvável dívida pública e privada desses países.

As pessoas se viram obrigadas a procurar novas formas de sobrevivência, recorrendo à riqueza material (como alimentos, terra e serviços), sem a interveniência das moedas, que já deixaram de servir como representação válida do valor. É que, com o congelamento dos depósitos e aplicações financeiras, a mediação social pelo dinheiro se tornou impossível.

Créditos e dívidas financeiras simplesmente deixaram de ser funcionais e o critério de mediação social em meio ao caos passou a ser concreto, físico, tangível: a posse de todo e qualquer meio de sobrevivência que esteja à mão para ser utilizado.

O mundo passou a ser apossado, também, pelos outrora despossuídos; tal evolução, facultada pelos ganhos tecnológicos do saber da humanidade, se mostrou factível e até indispensável.  

O Brasil, cujos potenciais de sobrevivência são imensos por possuir baixa densidade demográfica, abundância de terras férteis, de recursos hídricos na sua superfície e sobsolo, minerais, bem como facilidade para a produção de energia limpa (eólica e fotovoltaica), tornou-se o paraíso da emigração mundial. Assumiu, assim, um grau de importância antes inimaginável. 

É que o critério de aferição de riqueza transitou da abstração da forma-valor para a concretude da riqueza material, e com isto toda a lógica jurídica da propriedade aferida pelo dinheiro enquanto representação da valor deixou de existir. 

Isto aconteceu simplesmente porque a forma-mercadoria já não prevalece, posto que inexiste mercado no qual ditas mercadorias possam ser trocadas por um quantitativo de valor (o qual também já não existe).    

Agora tornado rico, o Brasil criou uma nova relação de funcionamento social com profundos reflexos no campo da superestrutura (política e poderes institucionais do Estado – executivo, legislativo, judiciário e partidos –, direito, filosofia, religião, literatura, arte, comportamento, etc.) e se descobriu que, sob os novos critérios de sociabilidade, a vida pode ser muito mais fácil do que jamais se supôs. 

O mundo passou a ser a casa de todos, sem precisar-se de passaporte ou de gorda conta bancária para ser-se aceito como cidadão nos países ditos ricos; mas, isto inclusive perdeu a relevância de outrora, pois deixaram de existir regiões paralisadas pelo critério de produção de mercadorias, segundo o qual o nível de produtividade é que define quem vai viver ou quem vai morrer.

Percebeu-se generalizadamente que a viabilidade da produção de meios de subsistência nas regiões mais pobres da África ou da Ásia, afastado os critérios de competitividade do mercado, são comodamente factíveis usando-se os ganhos do saber tecnológico em prol da vida e não do lucro. Tal comportamento se afirmou definitivamente. 

A transposição de águas de uma região para outra, tendo-se como base apenas os esforços da população e uso dos recursos materiais à mão, possibilitou a produção de alimentos em regiões áridas ou semiáridas (como o Nordeste brasileiro e a região subsaariana da África) matando a fome de milhões de pessoas. 

A produção de energias limpas como eólica e fotovoltaica pôde ser viabilizada independentemente de critérios comerciais de suas existências e, assim, se pôde abolir o uso de petróleo como combustível fóssil poluente da atmosfera. 

A possibilidade de produção de energia abundante e irrigação à mão de terras coletivas redimiu populações inteiras de suas histórias seculares de fome e miséria.

O Brasil deixou de ser o país do futuro, pois este, após tanto tardar, finalmente chegou! (por Dalton Rosado)
"Quero ver o meu sertão/ Produzir pra nação ver/ Quero ver o lavrador/
Plantar e poder colher/ E o sertanejo menino/ Sorrindo poder crescer/
Fazer conta de somar/ Dividir, multiplicar/ E quando receber carta/
Não ter de pedir pros outros ler" 

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