BOLSONARO SE ARRISCA
A EMPURRAR MORO
PARA AS URNAS
A EMPURRAR MORO
PARA AS URNAS
Jair Bolsonaro disputa com o coronavírus o potencial de disseminação de infecções. O presidente contaminou com o vírus do desprestígio os dois ministros que já foram pilares do governo: Paulo Guedes e Sergio Moro. O titular da Economia está na enfermaria. O chefe da pasta da Justiça foi para a UTI.
Bolsonaro realiza um movimento de alto risco. Depois de entubado, Moro pode migrar da condição de ministro com poderes amputados, sem o controle da Polícia Federal, para a de pré-candidato vitaminado às eleições presidenciais de 2022.
Moro e Guedes contribuíram para a própria perda de prestígio. Esqueceram de se imunizar traçando uma linha a partir da qual não aceitariam interferências de Bolsonaro na autonomia que lhes foi prometida. Guedes vê a sua agenda liberal tisnada pelo esboço de um plano que tem a cara do velho PAC do do PT. Moro assiste a uma intervenção na PF que nem o PT conseguiu operar.
Bolsonaro se afasta do ex-juiz de Curitiba e encosta o seu governo numa clientela da Lava Jato, abrigada no centrão. Moro está sendo como que empurrado para a urna.
Guedes e Bolsonaro já não dançam a mesma música faz tempo. Mas ainda podem realinhar a coreografia. O que vem por aí, no Brasil pós-coronavírus, é uma recessão pandêmica.
Guedes e Bolsonaro já não dançam a mesma música faz tempo. Mas ainda podem realinhar a coreografia. O que vem por aí, no Brasil pós-coronavírus, é uma recessão pandêmica.
Ao terceirizar aos governadores a culpa pela ruína, Bolsonaro namora com o brejo. E será plenamente correspondido se não der mão forte ao seu ministro da Economia.
A situação de Moro é outra. A família Bolsonaro já se encontra no pântano. E o presidente cultiva a ilusão de que, aplicando um sedativo na PF, conseguirá afastar a corporação dos calcanhares de vidro do seu clã.
Depois de ejetar da pasta da Saúde Henrique Mandetta, cuja atuação era aprovada por sete em cada dez brasileiros, Bolsonaro parece ter perdido o medo de fustigar ministros populares.
Esquece um detalhe crucial: Mandetta viralizou como celebridade instantânea graças à habilidade no trato com a pandemia. A popularidade de Moro é de outro tipo, mais perene. O prestígio do ex-juiz, ao redor dos 50%, sobreviveu à Vaza Jato. Sua saída do governo tem potencial para instalar um dreno no bolsonarismo, ainda fortemente ligado à simbologia da Lava Jato.
No momento, a PF representa risco para a dinastia Bolsonaro em três níveis:
— achega-se ao Zero Um Flávio no caso em que se misturam a rachadinha, o faz-tudo Queiroz e o miliciano Adriano;
— fareja o Zero Dois Carlos e o Zero Três Eduardo num inquérito sobre fake news;
— roça o próprio gabinete presidencial no recém-inaugurado inquérito sobre a manifestação antidemocrática de domingo passado, ornamentada com o discurso em que Bolsonaro falou sobre patifaria, sobre velha política e sobre a suposta aversão a negociações como as que ele entabula com o centrão.
Contra esse pano de fundo, o desembarque de Moro tornou-se um imperativo. Auxiliares do ministro já não discutem se ele sairá do governo, mas quando e como a saída ocorrerá.
Em dezembro de 2018, dias antes de tomar posse, o ex-juiz afirmou: "Eu não assumiria um papel de ministro da Justiça com o risco de comprometer a minha biografia, o meu histórico". Nessa época, imaginava-se portador de uma carta branca.
Hoje, sabe que fez uma opção preferencial pela autoenganação. Com a biografia já um tanto comprometida, pode ser que Moro lance um olhar para 2022. (por Josias de Souza)
Mas, por força das limitações a ele impostas por ter de ganhar seu pão na grande mídia, não pôde ir além disto. Como eu, para o bem ou para o mal, já deixei de usar tal camisa de força, posso acrescentar o que ficou faltando:
1.Tentando blindar a prole encalacrada, o Bozo corre atrás do único objetivo que talvez ainda esteja a seu alcance. A sucessão já virou cinzas e a preservação do seu mandato está em plena combustão, sem salvação possível. Como Jânio, Collor e Dilma, ele sairá expelido e nunca vai conseguir fazer com que o eleitorado tenha uma recaída na loucura de 2018.
2.O Moro manobra com alguma habilidade para herdar a caneta presidencial, mas não percebe que, depois de tanta turbulência, um eleitorado politicamente exausto e economicamente exaurido vai desencanar da polarização extremista e preferir a previsibilidade dos candidatos de centro, centro-direita e centro-esquerda. Dos que corriam na faixa da extrema-direita, o mais perspicaz está sendo o Dória, que aproveita a pandemia para ir reciclando sua imagem.
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Toque do editor — O Josias de Souza foi, como sempre, competente em mostrar o que passa pela cabeça dos antagonistas em mais este imbroglio do governo agonizante.Mas, por força das limitações a ele impostas por ter de ganhar seu pão na grande mídia, não pôde ir além disto. Como eu, para o bem ou para o mal, já deixei de usar tal camisa de força, posso acrescentar o que ficou faltando:
1.Tentando blindar a prole encalacrada, o Bozo corre atrás do único objetivo que talvez ainda esteja a seu alcance. A sucessão já virou cinzas e a preservação do seu mandato está em plena combustão, sem salvação possível. Como Jânio, Collor e Dilma, ele sairá expelido e nunca vai conseguir fazer com que o eleitorado tenha uma recaída na loucura de 2018.
2.O Moro manobra com alguma habilidade para herdar a caneta presidencial, mas não percebe que, depois de tanta turbulência, um eleitorado politicamente exausto e economicamente exaurido vai desencanar da polarização extremista e preferir a previsibilidade dos candidatos de centro, centro-direita e centro-esquerda. Dos que corriam na faixa da extrema-direita, o mais perspicaz está sendo o Dória, que aproveita a pandemia para ir reciclando sua imagem.
3.Daí a blague que fiz com o filme/peça 2 perdidos numa noite suja. Moro e o Bozo não percebem que sua tempestade de som e fúria, como na fala shakesperiana famosa, significa nada, pois ambos marcham irreversivelmente para a decadência. A única novidade é que não morrerão mais abraçados, pois o palhaço se desconstrói mais depressa do que o marreco. (por Celso Lungaretti)
Esta versão cinematográfica de 1971, dirigida por Braz Chediak, mantém-se
fiel à peça teatral de Plínio Marcos, enquanto a de 2002 é uma adaptação
oportunista, com o olhar voltado para a bilheteria
fiel à peça teatral de Plínio Marcos, enquanto a de 2002 é uma adaptação
oportunista, com o olhar voltado para a bilheteria
2 comentários:
Bom dia Celso.
Que grata surpresa, poder saber sobre o original de, Dois perdidos numa noite suja
( ainda mais com Emiliano Queiroz, eterno Dirceu Borboleta ).
Via faz algum tempo, o clássico Navalha na Carne, algo que fez aumentar afeição por seus trabalhos: https://www.youtube.com/watch?v=kucA-6K9l1w
Seria ótimo se você tivesse o link deste clássico ( Frankentein vs Drácula).
Abraço e bom fim de semana, do Hebert.
Hebert,
o problema com a segunda versão cinematográfica é que O gay foi trocado por UMA jovem sexualmente indefinida (!).
Quando o ponto de partida é uma peça teatral sustentada unicamente pela interação entre dois personagens, a mudança desse "pequeno detalhe" altera tudo.
Sei lá se o Plínio Marcos aceitaria se estivesse vivo. Como ele vivia sempre sem grana, pode ser até que consentisse. Mas, para mim, o texto dele foi assassinado.
Quanto ao DRÁCULA vs FRANKENSTEIN, é um daqueles filmes que, de tão ruins, acaba sendo bom, como os do José Mojica Marim...
Não está completo no YouTube, mas você pode baixá-lo neste blog:
http://cinespacemonster.blogspot.com/2012/09/dracula-vs-frankenstein-aka-revenge-of.html
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