sexta-feira, 3 de abril de 2020

O BOZO CONTINUA SABOTANDO O COMBATE À PANDEMIA. QUANTOS MORTOS O SEU MANDATO É CAPAZ DE AGUENTAR?

leonardo sakamoto
BOLSONARO, QUE NÃO ACREDITA NA CIÊNCIA, DIZ QUE FALTA HUMILDADE A MANDETTA
O presidente Jair Bolsonaro – que menosprezou o conhecimento de cientistas e médicos, agindo como se soubesse mais sobre o coronavírus do que a Organização Mundial da Saúde e os líderes de todos os países do mundo juntos – reclamou que está faltando humildade ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. 

Bolsonaro, que chamou a pandemia de coronavírus de fantasia, histeria, gripezinha e resfriadozinho e disse, novamente nesta 5ª feira (2), que ela não é tudo isso que estão pintando, reclamou que Mandetta teria que ouvir um pouco mais o presidente da República (*).

Nas últimas 24 horas, o país registrou mais 58 mortos por Covid-19. O próprio Ministério da Saúde avisa que esse número é subdimensionado e há muito mais casos e mortos que não foram identificados devido à falta de testes. Isso representa um óbito a cada 25 minutos. 

O número é grande em termo de perdas humanas, mas pequeno em se tratando desta pandemia. Ainda estamos no começo. Há projeções que mostram que chegaremos a mais de uma morte por minuto. 

Como o ministério vem agindo de forma técnica, o impacto será menor do que se a saúde do país estivesse nas mãos de Bolsonaro. Nesse caso, o coronavírus causaria centenas de milhares, talvez milhões de mortos por aqui.

Não pretendo demiti-lo no meio da guerra, disse o presidente, antecipando que fará isso quando puder. 

É uma guerra pitoresca. Pois o capitão, enlouquecido, quer que sua tropa empurre população em direção ao abismo. 

Ela ignora suas ordens e caminha lentamente no sentido contrário. Como vingança, promete punir seus subordinados que fizeram a coisa certa. 

O mais deprimente é que uma parte do povo, que está sendo empurrado para a morte, aplaude o capitão. Como o presidente disse que o nazismo é de esquerda, no Memorial do Holocausto, em Israel, no ano passado, deve ter cabulado as aulas sobre esse período histórico. Pena. 

Se tivesse lido um pouco sobre isso, Bolsonaro teria se deparado com os julgamentos dos militares que cometeram crimes contra a humanidade.
E talvez até entendesse que se espera de subordinados o não-cumprimento de ordens de seus superiores hierárquicos quando elas significarem atrocidades contra outros seres humanos. 

Atuar para que a sociedade ignore medidas de contenção de uma pandemia e volte ao trabalho em nome da sobrevivência política de seu líder é tentativa de genocídio. 

Os 58 mortos por Covid-19 das últimas 24 horas entram na conta do presidente, que luta a favor do coronavírus quando deveria proteger a vida. Quantos mortos o seu mandato aguenta? (por Leonardo Sakamoto)
.
* em resposta, Mandetta deu um calaboca memorável no governante que só atrapalha e não cansa de criticar os que lutam pra valer contra o pior desafio sanitário da nossa História: "Não comento o que o presidente da República fala. Ele tem mandato popular, e quem tem mandato popular fala; quem não tem, como eu, trabalha..." 
O Julgamento de Nuremberg (d. Yves Simoneau, 2000) é uma digna abordagem
televisiva do episódio histórico, que também rendeu o clássico cinematográfico 
dirigido por Stanley Kramer em 1961, com Jean Gabin e Burt Lancaster.    

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