* Catecismo: tosca revista pornográfica de outrora |
É difícil chamar a atenção do respeitável público para a economia internacional quando o governo incita manifestações de rua contra o Congresso, para dizer o menos.
No entanto, senhoras e senhores, a coisa está feia até onde a vista alcança, que não é muito longe, embora o desânimo já seja visível aqui dentro.
Pode ser pior. Esse tombaço da Bolsa é espuma se considerado o problema real no horizonte próximo: redução ainda maior de exportações industriais, baixa de preços de produtos que fazem o grosso da exportação brasileira, medo puro e simples do rolo que pode dar lá fora.
Quem olhar para os números do mercado financeiro americano vai perceber facilmente que, no mínimo, os donos do dinheiro de lá e do mundo esperam que o banco central dos EUA reduza as taxas de juros —no mercado, as taxas já mergulharam para mínimas históricas.
Essa baixa também é também mero sinal de medo genérico, da finança fugindo para seu refúgio habitual. Mas há expectativa razoável de desaceleração no ainda centro econômico do mundo.
Noutras partes importantes do planeta, a coisa vai de fraca a pior. No final do ano passado, a economia europeia cresceu no menor ritmo desde 2013, quando estava em recessão. Então veio a ameaça ou o medo do novo coronavírus.
O alarme é tão alto que o governo habitualmente muquirana e fundamentalista fiscal religioso da Alemanha pensa em gastar mais.
Feitos um para o outro: o golden shower e o foda-se |
Para tanto, vai precisar mudar a Constituição a fim de, pelo menos, suspender o teto de déficit primário, o que não vai ser fácil (um limite de déficit miserável, de 0,35% do PIB).
O plano do governo, que apareceu vagamente nos jornais europeus, é assumir dívida de cidades de modo a permitir que prefeitos gastem mais em rodovias, escolas e hospitais.
O fanatismo de certos políticos alemães contra o gasto público é forte, em particular no partido conservador da chanceler Angela Merkel, que governa em coalizão com os apenas um tico menos conservadores da social-democracia.
Vão abrir as comportas da política fiscal.
Vamos nos tornar um país endividado.
Suspender o limite do endividamento quando dá vontade é como suspender direitos fundamentais.
Pois é: é o que dizem parlamentares alemães.
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde (que não nasceu ontem, é pragmática, conhece os rolos da vida e, enfim, é francesa), diz o contrário.
Mais uma comprovação de que a História se repete como farsa |
“Medidas fiscais [gasto extra] a fim de dar apoio à economia são certamente muito bem-vindas, nas atuais circunstâncias”, disse aos jornais. Pois é: uma presidente de banco central dizendo o contrário de deputados.
Quais circunstâncias? Risco de recessão. Juros baixos. Na prática, o governo alemão pode pegar dinheiro emprestado de graça (a taxa anual de juros de empréstimos de dez anos é de MENOS 0,47%.
Sim, negativa. Quem empresta ao governo recebe menos de volta). Não é apenas Lagarde que diz tal coisa.
O ex-economista-chefe do FMI (2008-2105) e reputadíssimo economista Olivier Blanchard, mas não apenas, tem praticamente feito campanha a favor de aumento de dívida e investimento públicos no caso de países com crédito, custo baixo de financiamento e com economia estagnada.
Em suma, o centro do mundo e o mundo rico estão discutindo como evitar um novo atoleiro global, que nem sabem se é certo.
Por aqui, estamos fazendo concurso de mergulho na lama, um tumulto no lodo que pode enfraquecer uma economia que mal conseguia sair da cama. (por Vinicius Torres Freire)
3 comentários:
Caro, CL
Estou convencido de que essa "pandemia" de coronavírus é tão fake quanto o atentado às torres gêmeas por bin laden ou as armas químicas no iraque de saddam houssein.
Veja só como os donos do capital financeiro mundial "brincam" com a economia real e as vidas das pessoas.
Todo o mundo esperando a debacle, o tsunami econômico, que demorava a chegar. Pois então, chegou !
Devemos admitir que esses caras são realmente mentes diabólicas.
Ora, sabemos que desde a última crise capitalista de 2007/08, houve uma enxurrada, um oceano de dólares sem lastro que inundaram os quatro cantos do planeta.
Eles simplesmente adiaram o "crash das bolsas" a la 1929. Fizeram uma pausa para estudar uma saída "honrosa" para a banca.
Eis que agora, com essa "pandemia consensual", a finança mundial vai queimar todos aqueles dólares sem lastro com o capitalismo caindo em pé. O que vale é a versão, a desordem imaginada...e os trouxas que acreditaram no sistema, sifu...
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Celso,
Por que não li neste texto a constatação de que a mediação social pelo dinheiro colapsou e, no meu entender, é este aspecto da questão socioeconômica que deveria ser enfatizado.
As soluções propostas pelos donos do mundo, e que a alemanha sabiamente evita, é a armadilha de liquidez na qual estão entrapados os bancos centrais.
Deles só se espera isto, tanto que, com as repos, o fed aniquilou o mercado interbancário americano desde setembro.
Toda a intervenção está bizarra e os banqueiros agora estão arbitrando as treasures e o depósito compulsório do fed, que paga mais.
Isso vai fazer o fed baixar os juros.
Ora, se é para falar deste defunto fedorento que é o capital, pelo menos dever-se-ia atentar para as regras que regem a boa administração do dinheiro que nunca, nunca, recomendam o endividamento.
O cara do texto recomenda justamente isso e cita Lagarde!
Essa "solução" só adia o fim e amplifica as desastrosas consequências do endividamento.
Por outro lado, pode ser que se queira é isso mesmo.
Acabar com a moeda fiduciária.
O ouro só sobe desde o ano passado...
Mas, são apenas pitacos.
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Anônimo das 23h30,
parece-me uma situação tipo "se ficar com a ortodoxia o bicho pega de imediato, se correr para soluções heterodoxas o bicho comerá adiante".
O que o artigo defende é uma gambiarra para evitar-se um tempinho mais a entrada do mundo na grande recessão que acabará ocorrendo de um jeito ou de outro.
Há ainda margem de manobra para empurrarem com a barriga no curto prazo, se deixarem de lado a rigidez neoliberal. Mas, o fim da linha está cada vez mais próximo.
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