domingo, 22 de dezembro de 2019

ONTEM NÃO TEVE GOL DO GABIGOL

Toque do editor
Assim como a maioria dos seres humanos, sonho com uma repetição de tempos melhores, em todos os sentidos. Até no futebol. 

Quero demais ver novamente os sul-americanos no topo e os europeus, com toda a sua grana, curvando-se aos lampejos geniais de nossos Pelés, Garrinchas e Maradonas.

Então, finda a decisão do Mundial de Clubes, com a derrota pra lá de honrosa do melhor dos representantes brasileiros desde a conquista corinthiana em 2012, não tive a mínima vontade de teclar meu desalento.

Mas, como venho sempre colocando algo no blog sobre as grandes decisões futebolísticas, hoje, tendo esfriado a cabeça, resolvi trazer para cá a mais consistente e equilibrada análise que encontrei na blogosfera, a do Mauro Cezar Pereira.

Só acrescentaria que, se a superioridade do Chelsea sobre o Corinthians foi muito maior que a do Liverpool sobre o Flamengo, Tite conseguiu incutir nos seus comandados um espírito vencedor que faltou aos rubronegros: eles acreditaram o tempo todo na vitória, não se intimidaram com as situações claras de gol evitadas por defesas monumentais de Cássio e souberam aproveitar cirurgicamente uma das poucas chances que criaram.

Guerrero: oportunismo e frieza na maior chance do timão 
Jorge Jesus se mostrou um treinador mais benéfico para o futebol do que o Adenor, ao encarar corajosamente, de igual para igual, o melhor time do mundo. 

Mas, isto obrigou os jogadores do Flamengo a se superarem em campo, devido à maior qualidade individual dos adversários. E, assim como os briosos mexicanos do Monterrey, eles se cansaram, foram incapazes de manter o ritmo até o fim e aí o Liverpool se impôs.

Já o Corinthians de Tite, jogando fechado e apostando nos contra-ataques, manteve o fôlego. 

E, com exceção de uma vacilada incrível do experiente Chicão no comecinho da partida, nenhum dos seus jogadores pareceu sentir o peso da responsabilidade, ao contrário de Bruno Henrique e Gabigol, que se esforçaram como nunca mas não conseguiram brilhar como sempre.
Vacilada do Chicão, primeiro milagre do Cássio
Para encerrar, desejo ao Galvão Bueno uma ótima aposentadoria... o quanto antes! 

Foi simplesmente irritante ele procurar fazer do Mister o bode expiatório da derrota (que se começou a desenhar mais ou menos a partir dos 30 minutos do 2º tempo), atribuindo a perda do controle da partida por parte do Flamengo às substituições de Everton Ribeiro e Arrascaeta. 

No instante mesmo em que aconteciam, eu já percebi que a causa era a queda de rendimento físico de ambos e a necessidade de remontar o time, colocando jogadores descansados em campo, para a provável prorrogação. Foi exatamente o que o Mister explicou mais tarde. 

Mas, claro, Galvão precisava fornecer consolos baratos aos espectadores, tratando-os como crianças incapazes de assimilar os acontecimentos desagradáveis da vida. É o que ele sempre faz. (por Celso Lungaretti)
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mauro cezar pereira
PATAMAR ELEVADO DO FLAMENGO FICOU
 CLARO, SÓ QUE O LIVERPOOL ESTÁ ACIMA
Também com oportunismo e frieza, Firmino foi o algoz do Fla
Jogar contra o campeão europeu e tarefa complexa, especialmente quando este também e o melhor time do momento, caso deste Liverpool que perdeu apenas uma das 56 últimas partidas que fez pela Premier League, o mais difícil campeonato nacional do planeta. 

Uma equipe que no atual campeonato inglês jogou 17 vezes, empatou uma (fora de casa, em Old Trafford, com o maior rival, Manchester United) e venceu 16! 

Foi contra esse adversário que o Flamengo se impôs por boa parte dos 90 minutos em Doha, especialmente no 1º tempo. Teve a posse, jogou bola, colocou o Liverpool em seu próprio campo, marcando, por tanto tempo que antes do intervalo era de 59% o tempo de posse da pelota dos rubro-negros. 

O time brasileiro jogava com coragem, não se limitava a atuar fechado em sua defesa, esperando uma chance. 
Gabigol com cãibras: Flamengo foi minado aos poucos
Mas uma equipe como a campeão da Europa, forte e habituada a jogar do mesmo jeito, sem se descontrolar, mesmo quando em dificuldades, sabe que em algum momento devera recuperar o domínio da partida. 

"Eles não se desconcentravam, mantiveram a calma, a forma de jogar", ressaltou o capitão Diego, com longa experiencia de futebol europeu, após o encerramento da decisão do Mundial de Clubes da Fifa

O Flamengo perdeu e isso obviamente não satisfaz, não deixa a torcida feliz, embora ela tenha motivos para estar orgulhosa de uma apresentação ousada, enquanto a condição física permitia. 

Fora a Flórida Cup, foram 74 jogos na temporada do time carioca; o Liverpool chegou ao seu cotejo 30º na atual e, como ela termina em maio, não deve passar de 60 apresentações. Isto pesou no decorrer do jogo. 

Fato é que o time inglês mereceu vencer, criou as melhores chances e fez o goleiro Diego Alves trabalhar mais do que Alisson. Mas com um pouco de sorte e pontaria, Lincoln poderia empatar no finalzinho da prorrogação, após passe de Vitinho. Mandou para fora. 

Jorge Jesus: substituições se deveram ao cansaço
Não, o Flamengo não pode reclamar da sorte, ela lhe sorriu. O que faltou então? Tempo. São cinco meses de Jorge Jesus contra quatro anos, dois meses e oito dias de Jurgen Klopp nos reds

A partida do time brasileiro mostrou que, sim, e possível desafiar equipes poderosas da Europa nesses duelos. Mas para vencê-las encarando-as, saindo para o jogo, como fez o Flamengo e jamais se havia visto antes, e necessário avançar mais, chegar a um estagio mais alto. 

O Flamengo está, sim, noutro patamar no Brasil e em relação a boa parte do continente. E ele é elevado, mas ainda bem abaixo dos melhores times de futebol do mundo.  (por Mauro Cezar Pereira)

7 comentários:

Anônimo disse...

O Flamengo foi valente e o mister é o melhor técnico atuante no Brasil.

Mas o Gabigol pipocou...

Agora percebam a concentração capitalista também no futebol. Os clubes mais ricos terão mais chances de vitórias, pois reúnem uma constelação de craques.

O banco do Liverpool estaria entre os quatro primeiros do campeonato brasileiro.

Ou seja, agora para ser o melhor do mundo o time precisa ter muito dinheiro para formar não só um time, mas um elenco completo.

axel_terceiro disse...

Não desmerecendo o feito do time carioca, mas o Liverpool que esteve em campo nesse mundial não é o mesmo time do campeonato inglês e da Champions League. Não é Aquele Liverpool que meteu 4 no Barcelona e 3 no City do Guardiola. Estavam mais preocupados na rodada de quinta agora do "inglesão", quando vão enfrentar o vice na tabela, Leicester. Se tivessem entrado pra valer mesmo, materiam jogo no primeiro tempo

Anônimo disse...

Uma coisa curiosa é que o Liverpool joga com times do nível do flamengo pelo menos umas 10 vezes por ano e o flamengo só tem uma chance por ano de enfrentar um adversário desse nível, então é uma disputa muita injusta. Não basta apenas o flamengo sozinho crescer se os outros times da américa do sul não evoluirem juntos, pois isso limita o crescimento até do proprio flamengo.

celsolungaretti disse...

Axel,

e se Arrascaeta, Bruno Henrique, Everton Ribeiro e Gabigol jogassem tudo que sabem, o Flamengo poderia ter construído um placar definitivo logo no primeiro tempo.

Parece-me que os quatro sentiram o peso da responsabilidade: esforçaram-se, apresentaram-se para o jogo, tentaram atuar como sempre, mas não conseguiram.

Daí a comparação que eu fiz com o espírito vencedor do Corinthians em 2012 (um time bem inferior ao Flamengo de hoje): nenhum corinthiano estava travado, todos deram o máximo.

Quem destoou, o Emerson Sheik, não foi por falta de confiança, mas sim por excesso, achando que poderia resolver tudo sozinho e prejudicando o jogo coletivo ao ser tão fominha.

No capitalismo, como o primeiro comentarista apontou, a vantagem dos grandes clubes europeus em relação aos nossos é enorme. Mas, ainda podem ser derrotados, sim. Um deles poderia até tê-lo sido no sábado.

axel_terceiro disse...

Sim, mas vai ficar cada vez mais raro time daqui ganhar de europeu em mundial. Suponhamos que um Ajax, semifinalista da última Champions e hoje um time totalmente desfalcado dos craques da temporada passada, ou um Tothenham tivesse levado o torneio europeu, as chances do Flamengo seriam bem maiores. Assim como em 2012, quando Chelsea ganhou mesmo sendo inferior a Bayern e Barcelona (custo a acreditar que o Corinthians ganharia de um desses dois), principalmente com o Chelsea desfalcado da sua maior estrela: Drogba

Anônimo disse...

Boa Tarde Celso, tudo bem?!

Partindo do princípio de que tristeza melancolia tem como característica sensação de peso,
devo dizer que acordei leve no dia seguinte após a derrota do Flamengo, assim como muitos rubro negros como eu.
O que mais se pode querer de um ano de soberania total, carioca, brasileira e sul-americano ( tirando a Copa do Brasil ).
Tudo o que viesse na final contra o melhor time da atualidade, seria lucro.
O resto ( e é habitual ), a tentativa zombeteira de cobranças, quanto ao título não conquistado, por torcedores de outras equipes ( e até ditos jornalistas e comunicadores ), mas até mesmo elas são feitas de forma tímida, diante do jogo proposto, mesmo como erros de JJ, alguém que já é o responsável por "enterrar", expressões pseudo intelectuais, como:
"time reativo", ou "externo desequilibrante".
Um abração rubro negro feliz do Hebert, e Boas festas, Celso.

celsolungaretti disse...

Hebert,

só discordo quanto aos erros do mister. Isso não passa de uma galvãozice.

Quem sabia se Arrascaeta e Everton Ribeiro estavam em condições de encarar a prorrogação era o técnico. Mas, é falso que o Flamengo tenha perdido ímpeto somente após as substituições. Já vinha perdendo.

E quem havia melhor do que o Vitinho e o Diego para os lugares deles? Vinham sendo sempre escolhidos e o Diego tinha sido decisivo contra o River e jogado bem contra o Monterrey.

Na verdade, o pior substituto foi o outro, o Lincoln, que perdeu um gol que atacante nenhum pode perder daquele jeito e naquelas circunstâncias. Não se isola a bola do jogo, desperdiçando a última chance do time de forma tão grotesca.

Enfim, a imprensa esportiva tem enorme culpa pelo atraso atual do futebol brasileiro, sempre apoiando anacronismos como o Felipão e o Luxemburgo, enquanto puxa o tapete de técnicos atualizados como o Jesus e o Sampaoli.

Um abração e que venha logo o novo ano, porque 2019 foi um pesadelo...

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