"...Doria, agora apelidado de Joãozinho Nove..." |
Na efervescência de 1968, Pier Paolo Pasolini (1922-1975), cineasta e poeta, italiano e comunista, escreveu que entre os estudantes e os soldados que os reprimiam ele ficava com os segundos, filhos da classe operária e não da burguesia.
Era um equívoco, como equivocado estava o então presidente do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo, Lula, quando disse, ao programa Vox Populi, da TV Cultura, em 1978, que não queria misturar estudante com operário no ABC paulista.
Pasolini morreu assassinado, e não há registro de seu arrependimento pelo que disse.
Pasolini morreu assassinado, e não há registro de seu arrependimento pelo que disse.
Lula evoluiu. Há quem tenha regredido, e muito.
Fernando Henrique Cardoso era um intelectual de esquerda cuja ética da responsabilidade weberiana conduziu ao centro e o oportunismo, quiçá ciúmes de Lula, o levou à direita a ponto de apoiar João Agripino Doria. Este sempre ocultou o lado escondido na cassação do pai pelo golpe de 1964.
O Doria pai, deputado do Partido Democrata Cristão cuja grande contribuição ao país foi a de ter criado o Dia dos Namorados, cópia do Valentine’s Day americano —com a diferença de que lá é comemorado no dia 14 de fevereiro, e aqui em 12 de junho—, não por acaso era apelidado de João Dólar.
"Bozo 38 vive sob o manto dos milicianos e das rachadinhas" |
O verniz democrata do filho, agora apelidado de Joãozinho Nove em alusão ao massacre de Paraisópolis, ou Carandiru Yuppie, se desfez ao disputar espaço na extrema-direita com Jair Bolsonaro e Wilson Witzel depois da miséria eleitoreira do Bolsodoria.
Miséria da qual nem os intelectuais gostam e que redunda em barbáries como a do Carandiru, em 1992.
Ser de direita é opção tão legítima como ser de esquerda ou de centro, com todos os seus matizes.
Só não vale ser uma coisa e fingir ser outra, porque leva o eleitor a escolher gato por lebre, como aconteceu com o eleitorado paulistano na última eleição para prefeito, erro corrigido na capital paulista no pleito para o governo do estado, mas ainda cometido no interior.
Bozo 38 também mente compulsivamente ao se dizer contra a corrupção, mas viver sob o manto dos milicianos e das rachadinhas, assim como ao defender os princípios da família e trocar de mulher como de camisa de clube de futebol, talvez porque sua misoginia prepondere, do mesmo modo que se vinga do Exército, que o recusou, ao expô-lo sem reservas.
Como pai disse preferir ter um filho morto a ter um filho gay; embora, felizmente, nada de mais grave tenha acontecido em sua casa.
Só Freud explicaria. (por Juca Kfouri)
Um comentário:
Nos primeiros parágrafos tentei adivinhar a autoria do texto e apostei erroneamente que fosse do David Emanuel. Parecia o mesmo estilo.
Bom, aguardando mais um texto dele, bem como do D.Rosado...
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