quarta-feira, 30 de outubro de 2019

O 'PROJETO DEPOSIÇÃO' ESTÁ EM CURSO E O REGIME BOLSONARISTA CADA VEZ MAIS SE APROXIMA DE SUA HORA DA VERDADE

david emanuel de souza coelho
BOLSONARO, MILÍCIAS E O PASSO ADIANTE
Quem acompanha regularmente este blog não deve ter ficado espantado com a recente ofensiva da Globo contra Bolsonaro. Este escriba mesmo ressaltou, na última semana (vide aqui), que a tendência seria o início da derrocada do presidente, uma vez terminado o processo de aprovação da reforma da Previdência. 

Fato é que o pilar neoliberal do governo Bolsonaro já cumpriu sua missão e hoje lhe resta bem pouco para oferecer. 

Guedes, um economista da quarta divisão, não tem ideia do que fazer para reavivar o defunto chamado economia brasileira, limitando-se suas ambições a tão somente faturar o máximo possível com o desmonte do Estado. 

Para além disto, já está mais do que claro não ser o projeto Bolsonaro de longa sustentação, por mais que analistas tentem defender um suposto apoio firme ao presidente, sabe-se lá onde.  A questão, portanto, fica em saber como será o day after, o que será colocado no lugar. 

O maior medo da plutocracia nacional é uma argentinização ou chilenização do Brasil. Controlar desde já a substituição do presidente bunda suja será algo vital para o futuro. 

As ligações da família Bolsonaro com as milícias do Rio de Janeiro não são novidade para ninguém. Quem já conhecia as figuras tinha pleno conhecimento do quão criminoso e podre é o clã do presidente da República. 

Quando o regime militar acabava, os porões da ditadura se rebelaram e Bolsonaro estava junto na rebelião. O fim das prisões e torturas significava a perda de arrecadação financeira e enfraquecimento das atividades ilegais, não mais cobertas pelo manto do autoritarismo. Expulso do Exército, Bolsonaro encontrou na política o caminho certo para viver no luxo.

A base de sustentação do futuro presidente seria justamente a banda podre das forças policiais e militares. A atuação parlamentar do político neofascista se resumiu em defesas corporativistas dos fardados e o apoio a ações ilegais dos integrantes das forças de segurança, muitas vezes às claras, com os discursos em favor do crime policial organizado e homenagens a bandidos da caserna. 

Esta atuação foi herdada pelos filhotes, que deram sequência à atuação em defesa do banditismo policial, tendo Flávio Bolsonaro chegado até mesmo a propor a legalização das milícias. 

Cercado por vizinhos milicianos, tendo a casa de alguns deles sido visitada por seu filho caçula, Bolsonaro nunca desconfiou do agora acusados de matar a vereador Marielle Franco. 

Seu faro foi capaz de apreender o Zeitgeist político e leva-lo ao palácio do Planalto, mas não lhe caiu a ficha de quão suspeitas eram as atividades de gente com a qual ele convivia! Pobre Jair!

O que a Globo faz agora é apenas o seu velho modus operandi, com décadas de know how acumulado: assassinato de reputação. Neste caso, no entanto, o trabalho deverá ser mais fácil, ainda mais fácil do que foi com Collor. O alvo não apenas é um pária social, sem sustentação popular alguma, mas também é francamente enrolado em todo tipo de maracutaia. O pato perfeito para ser assado. 
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GOLPE? QUE GOLPE?  Bebbiano deu a senha do que todo mundo já tinha noção. Bolsonaro pode, sim, tentar uma saída autoritária (vide aqui). Se antes tal saída já era imaginável, imagine agora, com o acosso vindo sobre ele e o projeto deposição sendo colocado em marcha. 

No entanto, a grande questão é: quem daria o golpe? 

É pouco provável que o alto generalato nacional se aventure a colocar os tanques nas ruas em favor do Bolsonaro, ainda mais sendo o vice um general de verdade e ainda com certa ascendência no meio militar. 

No entanto, observa-se um certo descolamento das baixas patentes com relação à alta cúpula, descolamento ainda mais acentuado agora com a proposta de reforma das carreiras das Forças Armadas, pois os oficiais superiores levaram um naco suculento de vantagens e o baixo clero ficou a ver navios. 
O fato de Bolsonaro haver tido participação fundamental nessa operação pode atenuar o ímpeto da tropa em marchar em seu favor, ao menos em hipótese. Mas, como consciência política não é o forte do Brasil (e, muito menos, dos membros das Forças Armadas), não é possível cravar com certeza nada. 

O risco mais evidente provém dos grupos para os quais quase ninguém olha: milicianos, policiais e paramilitares rurais. Estes grupos são ardorosamente bolsonaristas e possuem armamento capaz de bater de frente com agrupamentos militares oficiais. 

Poderiam eles vir a constituir uma espécie de SS de Bolsonaro? Ainda difícil dizer, sobretudo porque não existe uma organização centralizada e nem uma ideologia política clara e unitária, estando tais agrupamentos pulverizados e se movendo muito mais por interesses mercantis particularistas. 

Porém, não se deve baixar a guarda e considerar impossível tais grupos furarem as bolhas em que estão e se unirem em defesa de seu Capo. Mesmo a máfia costuma se unir para defender interesses supremos. 

A recente notícia de que mais de um milhão de pessoas ganharam autorização para possuírem armas neste ano é algo para se atentar. Quantos desses estariam dispostos a agir em prol de Bolsonaro caso fossem chamados à ação?

O certo é que estamos chegando na hora da verdade do regime bolsonarista. (por David Emanuel de Souza Coelho)

Um comentário:

Anônimo disse...

Tá tudo dominado, irmão...

Isso foi mais uma casca de banana dos generais...

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