terça-feira, 8 de outubro de 2019

A FRAUDE QUE DECIDIU A ELEIÇÃO DE 2018 FOI UM CRIME QUE COMPENSOU

Toque do editor
Este blog foi dos primeiros a denunciar o crapuloso esquema de manipulação virtual que comprometeu irremediavelmente a legalidade da eleição presidencial de 2018, num artigo antológico do David Emanuel de Souza Coelho, publicado antes de evidenciar-se amplamente a manipulação criminosa que o eleitorado sofrera.

Depois, quando a ficha caiu mas a Justiça Eleitoral deixava perceber que iria se omitir vergonhosamente de sua missão, fiz uma denúncia veemente, com um título bem apropriado (Os meritíssimos em cima do muro e os brasileiros marchando para o abismo). Escrevi:
"Há evidências gritantes de que foram cometidos crimes eleitorais em cascata, mais do que suficientes para influenciarem o resultado do pleito, devendo, portanto, o beneficiário ser excluído da eleição presidencial. 
Mas os meritíssimos preferem permanecer confortavelmente assentados sobre o muro, ao invés de determinarem a imediata apuração das denúncias, adiando o prosseguimento do processo eleitoral para quando houver certeza, ou de que o 1º turno foi válido e o 2º pode ser realizado, ou de que o 1º foi fraudado e precisa ser repetido. 
Assim, o possível criminoso será beneficiado e as possíveis vítimas muito prejudicadas... 
Uma cassação posterior do mandato presidencial de Bolsonaro, única decisão possível à luz dos acontecimentos, colocará o Brasil à beira do caos.
Se, devido à falta de coragem dos magistrados para agirem como é certo no momento em que isto se faz dramaticamente necessário, adiante ocorrerem episódios terríveis como banhos de sangue ou a instalação de uma nova ditadura, os brasileiros civilizados sabem, desde já, quem terão sido os maiores culpados".
De nada adiantou. Nem os meritíssimos honraram suas togas, nem o PT se recusou a coonestar a patifaria, retirando-se do pleito, como deveria ter feito.

Hoje, um ano depois, confirma-se que os criminosos permanecerão impunes e que o crime, portanto, compensou. É o que se deduz do post abaixo, colocado no ar algumas horas atrás pelo Leonardo Sakamoto. (por Celso Lungaretti)
.
WHATSAPP ADMITE SACANAGEM ELEITORAL,
MAS TSE PARECE TER VERGONHA DE IR VER 

"Na eleição brasileira do ano passado, houve a atuação de empresas fornecedoras de envios maciços de mensagens, que violaram nossos termos de uso para atingir um grande número de pessoas." A declaração de Ben Supple, gerente de políticas públicas e eleições globais do WhatsApp, foi registrada por Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo. É a primeira vez que a plataforma admite isso publicamente. 

A repórter investigativa foi pesadamente atacada e ameaçada de morte por sua reportagem, publicada em outubro do ano passado, que revelou que empresas de marketing foram contratadas por empresários apoiadores da candidatura de Jair Bolsonaro a fim de dispararem milhões de mensagens a seu favor e contra o adversário. 

O envio em massa é considerado ilegal pelo Tribunal Superior Eleitoral e serviços eleitorais que não sejam declarados à Justiça podem configurar caixa 2. P. ex., a campanha do petista Fernando Haddad chegou a ser multada por impulsionar ataques contra Bolsonaro. 

Mesmo com evidências gritantes, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Jorge Mussi, não parece interessado em descobrir quem estava por trás dos disparos de mensagens pró-Bolsonaro, nem quem pagou um bom dinheiro por elas. 
Não quis que os jornalistas da Folha responsáveis por investigações testemunhassem no processo (aberto pela candidatura de Haddad após reportagem do jornal) nem os donos das agências envolvidas ou mesmo representantes do WhatsApp. 

Mas aceitou uma testemunha indicada pela defesa do presidente, que prestou serviços para a sua campanha, em 2018, e trabalha, hoje, em sua assessoria de imprensa. 

Surreal, mesmo para o roteirista desta pornochanchada chamada Brasil. 

Ao mesmo tempo em que o sistema de Justiça atua para que a sociedade fique sem respostas quanto ao passado recente, o Congresso Nacional agiu para que tenhamos um futuro mais turvo ainda. No projeto através do qual afrouxaram as regras eleitorais, partidos autorizaram a si mesmos a usar dinheiro de fundo público para impulsionar conteúdo na internet. 

Considerando que o TSE não tem demonstrado ser capaz de criar mecanismos para mitigar a manipulação ilegal do debate público eleitoral por via digital, imagina como vai ser com a porta aberta por essa mudança na legislação. 

O WhatsApp reconhece tudo isso, mas foi e será corresponsável pelas consequências disso, não é um observador externo e independente. Ao não estabelecer mecanismos eficazes para identificar e mitigar o impacto da difusão paga de conteúdo, contribui para o cenário de terra arrasada. 

A lei brasileira afirma que todo o financiamento de campanha deve ser público, mas candidaturas continuam contando com empresários bilionários que fazem o serviço sujo por baixo do pano. 

No final, tudo fica por isso mesmo. Candidatos são eleitos. Empresários têm seus interesses apaixonadamente defendidos. Agências de marketing levam uma fábula. Políticos e magistrados continuam como proprietários do país. Aplicativos e empresas de tecnologia ficam cada vez maiores. 

A culpa pela chanchada política, econômica, social e de justiça? Repetindo o mantra de nosso presidente, é do mensageiro, que não conta a história que deveria contar. 

Com jornalistas presos e redações fechadas, talvez o país alcance a paz da ignorância suprema. Como na ditadura. (por Leonardo Sakamoto)
"Não é possível acreditar que tudo isso seja verdade!
Até quando suportaremos? Até quando?"

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails