BOLSONARO RADICALIZA
Bolsonaro mentiu sobre a morte do pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. O presidente da República disse saber que o guerrilheiro Fernando Santa Cruz foi executado por membros da guerrilha, o que é falso: os documentos da Aeronáutica provam que ele morreu no berço bolsonarista, os porões da ditadura.
A semana que começou com essa demonstração do que é o caráter do presidente da República terminou com seus apoiadores executando uma ação coordenada nas redes sociais para ofender a mãe do jornalista Gleenn Greenwald, que tem câncer em estado avançado.
O iniciador do ataque foi um elemento que a ministra Damares Alves já recomendou em suas redes sociais como um profissional sério e muito ético [Nota do editor: trata-se de Oswaldo Eustáquio].
Mostra o que seria uma ditadura Bolsonaro: não seríamos apenas impedidos de votar ou de nos expressar livremente. O ditador Bolsonaro constantemente ofereceria a seus seguidores espetáculos de violência, prometeria impunidade ao cidadão comum que atacasse opositores. E, acredite, haveria gente que o apoiaria por isso.
Ao mesmo tempo em que intensificava os ataques contra a liberdade, Bolsonaro acelerava os expurgos na máquina pública.
O presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Ricardo Galvão, foi demitido por se recusar a mentir em defesa do governo.
Os dados coletados pelo Inpe mostraram uma aceleração grande do desmatamento na Amazônia desde que Bolsonaro tomou posse.
Os dados coletados pelo Inpe mostraram uma aceleração grande do desmatamento na Amazônia desde que Bolsonaro tomou posse.
O presidente da República mentiu que os dados estavam errados. Galvão respondeu com altivez, com competência, e foi demitido, porque no governo Bolsonaro não se admite nenhuma das duas coisas.
O próximo alvo é Roberto Leonel, a quem Moro deu a presidência do Coaf. Bolsonaro pediu a Guedes sua demissão porque Leonel criticou a decisão de Toffoli que livrou Flávio Bolsonaro.
O próximo alvo é Roberto Leonel, a quem Moro deu a presidência do Coaf. Bolsonaro pediu a Guedes sua demissão porque Leonel criticou a decisão de Toffoli que livrou Flávio Bolsonaro.
Se você tinha alguma dúvida de que a decisão era obra de Bolsonaro, não de Toffoli, aí está.
A deputada estadual Janaina Paschoal, é claro, entrou com pedido de impeachment de Toffoli. Impeachment errado, deputada. De novo.
A boa notícia é que, conforme o bolsonarismo acelera a degradação moral —e, repito, se não fosse assim teria cometido estelionato eleitoral, a campanha foi toda dizendo que faria isso— aliados de peso vão abandonando o Planalto.
O governador de São Paulo, João Doria, criticou duramente a declaração contra Felipe Santa Cruz, e procura se reposicionar ao centro.
É provável que os governadores tucanos, como o gaúcho Eduardo Leite, se lembrem de como Bolsonaro tentou erradicá-los no segundo turno de 2018.
É provável que os governadores tucanos, como o gaúcho Eduardo Leite, se lembrem de como Bolsonaro tentou erradicá-los no segundo turno de 2018.
Mas até o governador do Rio, Wilson Witzel, está em dúvida se vale a pena apoiar para prefeito da capital o extremista Rodrigo Amorim, um dos que rasgaram a placa da Marielle, homem próximo a Flávio Bolsonaro e Queiroz.
Aos poucos, o bolsonarismo vai se tornando um nicho, que o presidente luta para que se mantenha do tamanho atual, de cerca de 30% do eleitorado. Pode dar certo. Mas, pelo que eu me lembro, 30% foi só depois da facada. (por Celso Rocha de Barros)
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