sexta-feira, 2 de agosto de 2019

NA MOSCA: A GESTÃO DESASTROSA DE BOLSONARO É OBSTÁCULO DECISIVO A QUAISQUER AMBIÇÕES DITATORIAIS!

hélio schwartsman
DEMOCRACIA AMEAÇADA?
Bolsonaro representa uma ameaça à democracia? 

Não é preciso cavoucar muito a biografia do presidente para dela extrair gestos e declarações que escancaram seu pouco comprometimento com o sistema democrático. Ainda assim, penso que, ao menos pelos próximos dois ou três anos, nossa democracia está razoavelmente segura. 

Não digo que não experimentaremos retrocessos em outras áreas. O meio ambiente, p. ex., já perdeu bastante com o novo presidente. A ideia de avanço civilizacional também.

Não vejo, contudo, grande perigo de ele sagrar-se ditador. Não porque Bolsonaro seja animicamente superior a autocratas como Vladimir Putin, Viktor Orbán, Recep Tayyip Erdogan ou mesmo a um Rodrigo Duterte. Ele não é. 

Nossas instituições até são um pouco mais calejadas que as de Rússia, Hungria, Turquia ou Filipinas, mas não acredito que a diferença fundamental esteja aí.

O que me parece realmente decisivo é que o processo de erosão da democracia promovido pelos líderes acima mencionados foi precedido por uma fase de pujança econômica. 

Na nova cartilha do autoritarismo, em que as instituições são minadas de dentro para fora, governantes só encontraram espaço para avançar quando gozam de forte amparo popular, calcado em bons indicadores econômicos.

Até onde a vista alcança, o Brasil não verá isso tão cedo. Não há muitos economistas prevendo para logo um espetáculo do crescimento com dramática redução do desemprego. E, sem isso, Bolsonaro dificilmente conseguiria um passe livre para despachar cabos e soldados contra o STF ou contra o Congresso. 

Ao contrário, o que temos visto, por uma série de razões que não cabe comentar aqui, é um Legislativo mais independente e sem medo de contrariar o presidente.

Bolsonaro pode até querer se tornar um tirano, mas precisará acertar muito antes de ter alguma chance de fazê-lo. E até sua personalidade conspira para que não consiga. (por Hélio Schwartsman)

5 comentários:

Anônimo disse...

Ledo engano Celso.
Bolsonaro é o tirano clássico e sua eleição está de acordo com a teoria política.
Ou o mundo mudou muito ou ele se perpetuará no poder até o inevitável caos.
Se bem, que o viés totalitário do PT já preparou a base para a implantação da ditadura do partido único e outros anacronismos.
E também, o caos social já é visível e está instalado com o clima de insegurança total, muros altos encimados com serpentinas de arame farpado e mercenários dos mais diversos matizes oferecendo "segurança".
Alie-se a isso a imensa bolha de ativos imobiliários e mobiliários respaldando balanços de bancos que tiveram reduzidos seus compulsórios para pedalar mais um pouco com crédito podre.
Além do desalento total (vide a Alemanha 1930) do povo desempregado, com 60% de inadimplência, ociosidade dos meios de produção, expropriação da pequena propriedade e a destruição sistemática dos valores comunitários e familiares.

Cada vez mais aproxima-se o GEELE (Global Economic Extinction Level Event) um mega estouro de bolha que levará a economia mundial ao caos que já existe, mas está sendo maquiado.

Anônimo disse...

Caro, CL
Esse (des)governo é calçado no agronegócio, além do capital financeiro transnacional.

Os milicos apostaram todas as fichas no agronegócio e na total subserviência aos istêits.

Em troca, os istêits forneceram tecnologia para grampear todos os celulares e computadores.

Por isso, estão tentando queimar o filme do instagram, pois é o único inviolável.

Dessa forma, vão tocando uma ditadura escamoteada nas chantagens criminosas.

Lembre-se, o agronegócio é o atraso deste país (além do capital financeiro), pois não precisam do povo.

celsolungaretti disse...

Menos, anônimo das 13h59, menos.

Tiranos clássicos eram Hitler, Mussolini, Stalin, Franco e que tais, todos eles eficientes a seu modo.

O Bolsonaro é apenas um palhaço destrambelhado. Tinha tudo para ser bem sucedido por uns tempos, como os quatro acima, mas cometeu tantas besteiras que foi desconstruído em míseros sete meses e já está em contagem regressiva para o pé na bunda (não durará até 2022 nem que a vaca tussa!).

Quanto à grande crise do capitalismo no século 21, isso sim é assunto sério (o Bolsonaro não passa de um personagem de chanchada). Ela realmente virá, só não se sabe quando. Poderia ter sido em 2008, mas deram um jeito de colocar esparadrapos.

Qualquer dia a hemorragia atirará os esparadrapos longe e nada vai conseguir segurar. Aí teremos uma grande depressão que fará a da década de 1930 parecer brincadeira de crianças.

Abs.

celsolungaretti disse...

Anônimo das 15h45,

O agronegócio não é páreo para o capital financeiro nem a pau, Juvenal. E um Brasil fora das correntes principais do capitalismo atual voltará a ser vira-lata.

Por que vc acha que os altos escalões das Forças Armadas não apoiarão nenhuma tentativa golpista do Bolsonaro? E por que os veículos que fazem a cabeça da elite o estão desconstruindo pedaço por pedaço, começando pela Folha de S. Paulo?

Quanto aos EUA, nem de longe se alinham com ele. É só o Trump, que tomará o seu pé na bunda no ano que vem. Para o lado não-jeca do capitalismo estadunidense, Bolsonaro é lixo.

Temos é de pensar no que vamos fazer para aproveitar o retumbante fracasso da extrema-direita. Ou, quando isso acontecer (e não demorará muito), ficaremos de novo olhando que nem bobos enquanto a direita se reciclará e vai voltar a governar em ternos elegantes, ao invés do fardão de palhaço dos bolsonaros da vida.

Anônimo disse...

Onde se lê "instagram", leia-se "telegram"

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