terça-feira, 11 de junho de 2019

COMO ÓLEO NA ÁGUA, AS IDÉIAS MARXISTAS CONTINUAM VINDO SEMPRE À TONA – 2

(continuação deste post)
"continua a vender as ilusões de pretensas benesses capitalistas"
O vaticínio de Karl Marx somente atingiu tal estágio na terceira revolução (da microeletrônica) das quatro últimas décadas, ou seja, de 120 a 160 anos após a elaboração das suas teses. 

A história então refutou todas as teses contrárias dos seus adversários, que ainda hoje continuam a vender as ilusões de pretensas benesses capitalistas como faz o economista burguês e ministro da Economia Paulo Guedes. 

Nas duas últimas décadas, a revolução tecnológica da produção mercantil atingiu tal nível de velocidade de transformação que está deixando atônitos os que não compreendem ou não querem compreender os mecanismos contraditórios que regem tal modo de mediação social e sua irracionalidade, agora colocada à prova.

Daí ser amplamente aceita como correta uma tese sem base científica, caso da que foi defendida pelos economistas burgueses clássicos como Adam Smith, David Ricardo, John Stuart Mill, Jean-Baptiste Say, Thomas Malthus e tantos outros que se lhe seguiram, por conveniência de uma época em que o capitalismo, tal como uma grande pirâmide sem sustentação, ainda estava em processo de crescimento (ao contrário de agora, quando chegou o momento de sua implosão estrutural). 

Foi Marx quem primeiro estudou a anatomia das relações de produção capitalistas para explicar que o fenômeno, aparentemente saudável, da produção de riqueza, nada mais era do que a apropriação indébita de parte do valor produzido pelo trabalhador numa jornada diária de trabalho assalariado. 
"apropriação indébita de parte do valor que o trabalhador produz"
Marx chamou a isso de extração de mais-valia e, de modo simples e objetivo, demonstrou que tal fenômeno subtrativo era a base da acumulação da riqueza capitalista sem a qual essa forma de relação social jamais sobreviveria. 

Ademais, explicou, com outros argumentos, que era também concentradora da riqueza e autotélica (quanto mais se ganha mais se precisa ganhar).

Acrescentou que essa se constituía numa forma moderna de escravismo, na qual o cidadão era livre para escolher a quem vender mal (graças ao regime de concorrência do emprego) a única mercadoria que possuía, a sua força de trabalho, tornando-se, assim, a fonte de sustentação de todo o sistema (inclusive do moderno Estado burguês) e de toda a exclusão que tal forma de relação social produziria. 

Não só os capitalistas passaram a exaltar as virtudes do trabalho assalariado, como também o fizeram os responsáveis pela revolução marxista-leninista. Estes últimos até hoje esquivam-se de negar o trabalho como fonte de dignidade humana e denunciá-lo como a grande chaga social da humanidade, lutando, ao invés disto, pela retomada do pleno emprego (coisa que jamais acontecerá). 

Assim se comportam todos eles (os sindicatos, os políticos de direita e de esquerda, e até mesmo os desempregados), sem compreenderem que o imperativo não é melhorarmos as condições do trabalho, mas sim superá-lo como modo de produção social. 
"o capitalismo tende a ter um fim trágico"

Marx também explicou a tese de queda tendencial da taxa de lucro provocada pela corrida concorrencial de mercado, que exige investimentos crescentes em capital fixo (equipamentos, máquinas, infraestrutura, edificações, etc.) e cada vez menos investimentos em capital variável (salários dos trabalhadores) como forma de manutenção do volume de lucro. 

Isto provoca a redução da taxa de lucro, bem como a redução da massa global de valor e de mais-valia, com a consequente redução da capacidade de irrigação da economia com valor válido. 

O capitalismo se sustenta hoje em moeda oficial falsa, não proveniente da produção de mercadorias, e isto tende a ter um fim trágico para todo o universo das relações econômicas e a provocar a morte de grande parte dos indivíduos sociais sob o padecimento de tais relações. 

Marx defendeu a superação do Estado por compreender que ele significa a Bastilha de proteção das instituições capitalistas e de seus mecanismos econômicos. Qualquer proposição dita de esquerda que valorize o Estado é antimarxista por excelência, ainda que o próprio Marx haja admitido a possibilidade circunstancial de um Estado proletário de transição (estava errado nesta boa intenção, posteriormente retificada por ele mesmo). 

São muitas as teses de Karl Marx que estão sendo paulatinamente confirmadas, ainda que capitalistas e pretensos marxistas tentem negá-las. A verdade é que, como óleo dentro d’água, elas continuam vindo sempre à tona. (por Dalton Rosado)

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