terça-feira, 18 de junho de 2019

COM INFALÍVEL PONTARIA PARA ALVEJAR O PRÓPRIO PÉ, BOLSONARO ESTÁ FAZENDO AUMENTAR PROTEÇÃO LEGAL AOS GAYS

ranier bragon
BOLSONARO CONSEGUE, ENFIM,
O SEU PRIMEIRO GRANDE
FEITO PARA O PAÍS
Com menos de seis meses no cargo, Jair Bolsonaro já pode assinalar na caderneta a sua primeira grande realização. Foi involuntária e conspira contra seus mais arraigados sentimentos, é verdade, mas não podemos lhe negar esse feito. 

A criminalização da homofobia, enfim, virou realidade. A proposta dormia um sono eterno nos escaninhos de Brasília. Não fosse a ascensão do bolsonarismo, dificilmente despertaria tão cedo.

O presidente da República tem um extenso histórico de degradantes declarações em relação aos gays e reúne em torno de sua figura toda uma horda de semibárbaros que representa real ameaça, psicológica e física, aos homossexuais. Gente que não se constrange em ir às redes sociais para, p. ex., defender boicote a empresas como o Burger King e a Natura, que veicularam comerciais exaltando a diversidade.

Atento a essa escalada medieval, o Supremo Tribunal Federal decidiu na 5ª feira (13) igualar a discriminação contra gays ao crime de racismo, que é imprescritível, inafiançável e tem pena de prisão de até cinco anos.
Eventual lei aprovada pelo Congresso dificilmente poderá contrariar esses parâmetros.

Bolsonaro diz não ser homofóbico? Esqueçamos todo o seu histórico e vejamos apenas a sua manifestação sobre a decisão do STF. 

O presidente é tão gay-friendly [amigável com os gays, devendo-se notar que a expressão está sendo utilizada num sentido irônico] que se preocupa com a empregabilidade dos homossexuais. O patrão, diz, agora vai pensar duas vezes antes de contratá-los, com receio de se dar mal por qualquer piadinha que faça.

O argumento é tão perspicaz que até já foi usado antes. Bem antes. Escravocratas do século 19 diziam que a abolição iria privar os negros da segurança e do conforto da senzala para atirá-los a só Deus sabe que destino. Tamanha era a piedade no coração que custa acreditar que a história tenha reservado um papel de ignomínia a essa gente.

Bolsonaro acredita que foi derrotado. Deveria, ao contrário, marcar o 13 de junho de 2019 como o dia de seu primeiro grande feito para o país. (por Ranier Bragon)

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