Para quem consegue discernir o que se passa nos bastidores dos Poderes, nunca houve a mais remota dúvida da existência de um rolo compressor político-policial-judicial predeterminando o resultado do impeachment da Dilma e dos processos contra Lula.
O que nada tem a ver com culpa ou inocência dos acusados, mas sim com a dificuldade de produzir tais resultados com a premência imposta pelo timing político. Então, como era necessário condenar, mesmo inexistindo provas suficientes para embasarem a condenação não se prolongaram as investigações, mas simplesmente se fez de conta que os elementos reunidos bastavam.
E para maquilar bem o gato que se queria fazer passar por lebre, era necessária uma boa coordenação de movimentos entre os executantes da operação, como esses dois interceptados cujas relações perigosas foram escancaradas pela The Intercept Brasil.
A casa desabou em cima de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, que ainda podem salvar-se de punições legais, mas tiveram usa credibilidade definitivamente reduzida a pó (por mais que o Jornal Nacional tente salvá-los do merecido ostracismo levantando-lhes a bola...).
A casa desabou em cima de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, que ainda podem salvar-se de punições legais, mas tiveram usa credibilidade definitivamente reduzida a pó (por mais que o Jornal Nacional tente salvá-los do merecido ostracismo levantando-lhes a bola...).
São zumbis que ainda permanecem se arrastando por aí e emitindo sons que parecem palavras mas, verdadeiramente, não fazem mais sentido nenhum.
Tamanho foi o estrago produzido pela Lava Jato, culminando na eleição do pior presidente da República da história brasileira, que não tenho prazer nenhum em ver confirmado o que venho afirmando desde a Operação Satiagraha.
Em 2008, quando oportunistas de esquerda tomaram partido no que não passava de uma feroz disputa de gângsteres do capitalismo por um segmento florescente de mercado, eu já fui contra a corrente, ao sustentar que:
— a luta contra a corrupção é uma bandeira de direita e inevitavelmente alavanca o autoritarismo;
— ademais é inócua, pois, passada a fase das perseguições espetaculosas, a corrupção acaba sempre reentronizada (tanto que muitos punidos do passado acabam sendo flagrados também na cruzada moralista seguinte);
— tal inocuidade advém de a corrupção ser intrínseca ao capitalismo e, portanto, ter sua erradicação condicionada ao fim da organização econômica e social baseada na exploração do homem pelo homem (que é tabu no Brasil, como se a História houvesse petrificado após o fim do feudalismo!).
A Lava Jato está nua e marcha para o fim. Mas, como os brasileiros têm memória curta e este é o país do eterno retorno, outras Lava Jatos virão. Quase septuagenário, provavelmente não assistirei à nova reprise desse filme tedioso; contudo, quem viver, verá.
Tomara que os brasileiros finalmente se deem conta de que o tempo dele passou e é hora de apostarem em lideranças mais combativas, capazes de extraírem as conclusões devidas da crise capitalista que se aprofunda cada vez mais.
A fase da conciliação de classes, que teve Lula como seu principal expoente, acabou e já foi tarde; os oráculos de que agora necessitamos não serão encontrados no passado.
Os construtores do futuro tentaram abrir um caminho no presente em 2013, mas foram bloqueados (intimidados, massacrados) pelos dispositivos policiais e jurídicos da direita, com a cumplicidade da esquerda domesticada.
Iniciaram nova tentativa no último dia 15 de maio e votarão às ruas nesta 6ª feira, com ânimo redobrado, agora que uma das pilastras do governo ultradireitista acaba de ruir fragorosamente.
Se ainda houver alguma esperança para o povo brasileiro, são esses jovens que a encarnam. (por Celso Lungaretti)
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