sexta-feira, 31 de maio de 2019

CLÓVIS ROSSI PERCEBE EM WEINTRAUB "DESVIOS DE PERSONALIDADE QUE VÃO ALÉM DE SUA PRECÁRIA ESCOLARIZAÇÃO"

clóvis rossi
PRÓXIMA ETAPA DO MINISTRO
DA  EDUCAÇÃO: MANDAR
 QUEIMAR LIVROS
Depois da abjeta sugestão para que pais, professores e estudantes denunciassem quem participasse de manifestações, o próximo passo do ministro Abraham Weintraub é propor a queima de livros (de preferência, todos os que não sejam os de Olavo de Carvalho, claro).

Seria absolutamente coerente com a confessada admiração de ilustres governistas pela ditadura de Augusto Pinochet Ugarte. Fui testemunha ocular, nos primeiros dias da instalação da ditadura, de uma queima de livros no centro de Santiago. Gerou fotos que correram o mundo porque lembravam, obviamente, as piras que a Alemanha nazista montou para queimar livros.

A ordem de Weintraub, além de abjeta por si só, revela desvios de personalidade que vão além de sua precária escolarização, já revelada ao escrever insita em vez de incita
Queima de livros marcou a ditadura de Pinochet...

Agora que incita o pessoal a ser traíra, para usar a palavra que os jovens preferem, fica claro que não tem noção de convivência.

Algum pai denunciaria o filho se este saísse de casa para ir à manifestação? É óbvio que não, a menos que a manifestação fosse ilegal, o que não é o caso. 

Por este último aspecto, fica claro que o ministro também não conhece o funcionamento da democracia.

Natural, aliás, em quem aceita ser ministro de quem, como Jair Bolsonaro, defende a ditadura e elogia um torturador condenado, caso de Brilhante Ustra.

Não me lembro de o ministro ter sugerido que fossem denunciados os que participaram da manifestação a favor do governo no domingo (26). Na particular democracia desse cidadão, só tem direito a se manifestar quem é a favor do governo (do governo dele, claro).
...e também a de Getúlio Vargas.

Suspeito que, além de sugerir a queima de livros, o ministro pense em entronizar como patrono da Educação o general espanhol José Millán Astray (se é que Weintraub já ouviu falar dele, o que é improvável). 

Milán Astray, em 12 de outubro de 1936, na cerimônia de abertura do ano letivo na Universidade de Salamanca, empolgando-se com o avanço das tropas franquistas, reagiu violentamente contra o discurso do reitor, o reputado intelectual Miguel de Unamuno, e soltou: Abajo la inteligencia, viva la muerte.

5 comentários:

Fausto Neves disse...

Faltou dizer que Milán Astray era um general. (terá sido uma auto-censura?)
E Unamuno, o reitor Universidade de Salamanca ( os reitores aqui não andam bem conceituados - outra auto-censura?)E faltou a resposta de Unamuno:
"Este es el templo del intelecto y yo soy su supremo sacerdote. Vosotros estáis profanando su recinto sagrado. Diga lo que diga el proverbio, yo siempre he sido profeta en mi propio país. Venceréis, pero no convenceréis. Venceréis porque tenéis sobrada fuerza bruta, pero no convenceréis porque convencer significa persuadir. Y para persuadir necesitáis algo que os falta en esta lucha, razón y derecho"

Luiz Oscar Becker disse...

Muito bom. Mas a ordem está inversa.
O discurso imortal de Unamuno foi resposta aos uivos do Millan Astray.

celsolungaretti disse...

Fausto,

leia com mais atenção o artigo do Clóvis Rossi. Dele constam, sim, as informações de que um era general e o outro, reitor.

Já a resposta do Unamuno fez mesmo falta no texto, foi ótimo você a lembrar.

De resto, o Rossi escreveu para a "Folha" e talvez não houvesse espaço para mais essas tantas linhas. Eu já trabalhei em grandes jornais e sei como é essa tirania da diagramação.

Abs.

Fausto Neves disse...

Celso
Esse meu defict de atenção me custou reprovações no primário, no ginásio, e nunca consigo superar.

Abraços

celsolungaretti disse...

Fausto,

trata-se de um déficit de atenção ou uma leitura rápida demais?

É comum pessoas que leem muito começarem a pular automaticamente os trechos que supõem serem desinteressantes; às vezes passam batidas por informações relevantes.

Abs.

Related Posts with Thumbnails