quinta-feira, 25 de abril de 2019

O MUNDO ESTÁ PRENHE DE REVOLUÇÕES – 3

(continuação deste post)
Índia: "bomba-relógio com data marcada para explodir".
A Índia, com seus 1,3 bilhão de habitantes (outros 20% da população mundial), segue os passos da China: tanto quanto o seu populoso vizinho, está fadada a contribuir para o colapso das relações comerciais mundiais e de crédito. 

São dois gigantes populacionais com renda per capita baixa (e concentração de riqueza abstrata alta) a concorrerem no previamente delimitado mercado mundial, que é cada vez mais recessivo por força da perda de poder aquisitivo coletivo causada pelo desemprego estrutural.  

A perspectiva de um colapso no sistema creditício mundial, que vive de créditos baseados nas adimplências futuras (hoje altamente duvidosas) e dos juros da dívida pública mundial impagável, corresponde a uma bomba-relógio com data marcada para explodir. 

A maior parte do mundo árabe-asiático experimenta os dissabores da miséria e da opressão político-religiosa-monárquica; é nesse caldo de cultura que surgiram diversos grupamentos fundamentalistas político-religiosos (Estado Islâmico, Al Queda, etc.) que leem o alcorão sem a devida interpretação metafórica e temporal, adaptando os seus ensinamentos de um modo rigidamente ultrapassado e cruel. 

Mesmo os países árabes que se tornaram ricos em reservas de petróleo, veem-se hoje às voltas com: 
Fundamentalistas religiosos: "ultrapassados e cruéis".
— as restrições ao consumo do combustível fóssil (por seu alto poder poluente da atmosfera), com o consequente aumento das exigências sociais de uso cada vez mais expressivo de fontes energéticas alternativas e limpas; e
— o acirramento da competição no mercado internacional em função de outras descobertas de reservas petrolíferas em várias regiões do planeta

Após a desintegração da União Soviética, os povos eslavos da Eurásia (tal como a Rússia) adotaram o modelo mercantilista liberal, numa transição política imposta pelas exigências de mercado, uma vez que o capitalismo de Estado neles praticado os tangia para a estagnação econômica. 

Tudo se deu sem que fosse disparado um tiro sequer e de modo que a natureza básica das relações sociais mercantis ali vigentes permanecessem intactas, adaptando-se politicamente às novas exigências de mercado.    

Podemos concluir que o populoso e extenso continente asiático, com suas imensas variações de climas e topografias, é o retrato do mundo nesse início de século 21: envolto em guerras, miséria e graves conflitos político-econômicos, tudo como consequência da saturação do modelo capitalista que media as relações sociais em todo o seu território
Isto também é Europa. Mais precisamente, Portugal.
A cena da União Européia – a Europa é o berço da civilização capitalista na qual predomina o (dito civilizado) patriarcalismo branco ocidental. 

Lá ocorreu a primeira revolução industrial burguesa (na Inglaterra, por volta da metade do século 19) e foi justamente lá o epicentro das duas grandes guerras mundiais, com seus cerca de 60 a 70 milhões de mortes para uma população mundial de pouco mais de 2,0 bilhões de habitantes (3% da população mundial). Isto é o capitalismo: um modelo genocida.

A Europa, certamente ressabiada com os conflitos históricos entre os países que a compõem, vem promovendo a ideia de criação de bloco continental no qual se opere o livre comércio e uso de moeda unificada como forma de se evitar os conflitos bélicos do passado e fortalecer economicamente os países que se situam no seu território. 

O dístico da União Europeia, sob a expressão latina In varietate concordia (unidos na diversidade) aponta na direção do futuro, quando os continentes, fortalecidos por regiões unificadas em blocos e conectados por interesses transnacionais comuns, superarão os sentimentos nacionalistas xenófobos e exclusivistas. 
O contraste entre os pobretões da Europa e a prosperidade alemã chega a ser chocante
O complicador da boa intenção europeia é a unificação em bloco ser mediada por relações de produção capitalista díspares (ou seja, com níveis de produtividade diferenciados), o que desequilibra a balança da livre concorrência de mercado entre os membros da UE. 

Os níveis de desemprego nos 28 países que a compõem dão bem a dimensão do problema. Enquanto a desocupação da mão-de-obra atinge 18,5% na Grécia, 14,45% na Espanha, 10,7% na Itália e 8,0 na França, há nações prósperas nadando de braçada, como a Alemanha (3,1%) e a Inglaterra (3,9%). Alguns países europeus menos desenvolvidos apresentam taxas de desemprego ainda maiores.  

A disparidade de renda per capita entre os membros da UE é abismal, daí a inviabilidade das pretensões, mesmo quando sinceras, de humanizar-se o capitalismo, pois tais boas intenções sempre se chocam com sua dinâmica autotélica. 
O que restará desta pompa após o desastroso Brexit? 

A União Europeia se constitui como um continente de países ricos e exportadores de manufaturas e tecnologia de ponta, nos quais estão sediadas grandes empresas (das 500 maiores companhias do mundo, cerca de 161 têm suas sedes na UE).

Entretanto, a dívida pública e privada da UE é de cerca de 81,6% do PIB, o que representaria uma receita de caos, não fossem as baixas taxas de juros cobradas por essa dívida impagável no curto prazo.

A população da União Europeia é pequena se comparada à população mundial, pois seus cerca de 500 milhões de habitantes correspondem a apenas 7,3% da dita cuja; mas tem um PIB de cerca de 15,7 trilhões de euros (20% do PIB mundial). 

Entretanto, apesar dos seus bons indicadores econômicos, o crescimento do PIB na zona do euro se situa entre 1,8% a 1,9%, com tendência de queda para o ano de 2019.  

E problemas como a previdência social e a perda de poder aquisitivo para uma população culta e com senso crítico acurado costuma ser fator de ebulições sociais, tais quais as que vêm ocorrendo na França com os manifestantes de coletes amarelos.

São os desníveis de competitividade econômica e de desemprego que estão na base de sentimentos separatistas como o Brexit inglês e outros graves problemas de sustentabilidade político-econômica europeia. O capitalismo separa o que o bom senso procura unir. (por Dalton Rosado)
(continua neste post)

Um comentário:

Anônimo disse...

***
Dalton,
A filosofia crítica já fez o seu papel.
Somos contra tudo que aí está é uma frase vazia de sentido nos tempos atuais.
A revolução já está acontecendo.
Só que não é feita no calor da emoção, de cantarmos abraços palavras de ordem. (Eh saudade!)
Não. São mentes racionais e geniais que estão criando um novo paradigma. Um novo tipo de interação econômica.
O coração deles é frio, como frios são os números.
Eles não tem amigos.
E vencerão a parada, porque os caras que se acham hoje, são apenas lixos anacrônicos sem capacidade de se opor a força tecnológica que detona tudo da velha ordem e das velhas estratégias.
Sabe quando os homens da idade do ferro destruíram as sociedades da idade do bronze?
É issso!
SF.

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