O desemprego estrutural atinge principalmente os jovens que chegam ao mercado de trabalho e já não conseguem exercer as profissões para as quais foram qualificados. Aos desqualificados restam poucas alternativas razoáveis.
Tudo se deve à ilogia de um modo de produção que se exauriu por seus próprios fundamentos, e não por qualquer ação externa.
Para usar uma expressão da época da ditadura militar, o capital é o próprio agente subversivo da realidade social. E, por tratar-se de uma lógica abstrata, não dá para qualificar de comunista comedor de criancinhas esse fenômeno social que está a esgarçar todo o tecido social; nem se pode dar porrada ou trancafiá-lo para sempre, como fizeram com o Cesare Battisti.
A teoria marxiana da crítica do valor exposta há 160 anos (tão pouco estudada e mal compreendida!) se aproximou da realidade atual. Como justiça a esse grande pensador, bem como como forma de comprovação do que ele afirmou, não é demais reproduzirmos algumas conclusões do pensamento de Karl Marx, extraídas dos Grundrisse:
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"... Para além de certo ponto, o desenvolvimento das forças produtivas devém um obstáculo para o capital; ou seja, a relação de capital devém um obstáculo para o desenvolvimento das forças produtivas do trabalho.
Ao atingir esse ponto, o capital, o trabalho assalariado entra na mesma relação com o desenvolvimento da riqueza social e das forças produtivas que o sistema das corporações, a servidão, a escravidão. E, como grilhão, é necessariamente removido.
A última figura servil que assume a atividade humana (de um lado, a do trabalho assalariado; e, do outro, a do capital) é com isso esfolada, sendo tal esfoladura o resultado do modo de produção correspondente ao capital ...
... A destruição violenta de capital, não por circunstâncias externas a ele, mas como condição de sua autoconservação, é a forma mais contundente em que o capital é aconselhado a se retirar e ceder espaço a um estado superior de produção social ...
... Como consequência, o máximo desenvolvimento da força produtiva e a máxima expansão da riqueza existente coincidirão com a depreciação do capital, e degradação do trabalhador e o mais restrito esgotamento de suas capacidades vitais.
Estas contradições levam a explosões, cataclismos, crises, nas quais, pela suspensão momentânea do trabalho e a destruição de grande parte do capital, este último é violentamente reduzido até o ponto em que pode seguir empregando plenamente suas capacidades produtivas sem cometer suicídio.
Contudo, essas catástrofes regularmente recorrentes levam à sua repetição numa escala mais elevada e, finalmente, à destruição violenta do capital".
O desemprego estrutural, resultante irreversível e insuperável da obsolescência do trabalho abstrato em maior parte, é o coveiro do capitalismo. As mãos paradas, por consciência própria ou mesmo por indução da decrepitude da lógica do capital, são mais violentas do que as mãos armadas.
a) o endividamento público (a falência do Estado) e privado insolváveis – o endividamento público crescente possui a mesma causa de base do endividamento privado insolvável, ainda que tenham formas de arrecadações e destinações diferenciadas.
a) o endividamento público (a falência do Estado) e privado insolváveis – o endividamento público crescente possui a mesma causa de base do endividamento privado insolvável, ainda que tenham formas de arrecadações e destinações diferenciadas.
O Estado tem três funções estabelecidas:
1) a manutenção da ordem capitalista pelas instituições dos poderes Executivo (ai incluída a força militar), Legislativo e Judiciário;
2) a promoção do desenvolvimento econômico pelo investimento em infraestrutura; e
3) o amortecimento das pressões populares pela satisfação de demandas sociais básicas e serviços públicos.
1) a manutenção da ordem capitalista pelas instituições dos poderes Executivo (ai incluída a força militar), Legislativo e Judiciário;
2) a promoção do desenvolvimento econômico pelo investimento em infraestrutura; e
3) o amortecimento das pressões populares pela satisfação de demandas sociais básicas e serviços públicos.
Quem financia a sua existência, obviamente, são os impostos cobrados aos consumidores de mercadorias e serviços (em maior parte) e sobre o lucro da atividade empresarial (em menor parte). Todos os valores dos impostos são pagos ou criados pela extração de mais-valia dos trabalhadores assalariados.
Ocorre, entretanto, que como a massa global de valor diminui numa proporção inversamente proporcional ao crescimento das funções estatais, a manutenção das finanças públicas somente pode ser providas a partir do endividamento público.
Um expediente muito usado pelos Estados, que detêm o controle monetário é a emissão de moeda sem lastro mercantil, mesmo que isto provoque a inflação (perda do poder aquisitivo da moeda) que arruína toda a economia e, principalmente, o bolso dos assalariados (sempre chamados a pagarem a conta).
Quanto maior o Estado, maior é o volume do endividamento público com relação ao seu Produto Interno, o que o enfraquece. Daí os liberais ansiarem tanto pelo chamado estado mínimo, financeiramente saudável, apenas com funções auxiliares do capital; já a esquerda prefere sempre um estado forte, sem compreender a insustentabilidade disso.
A emissão de moedas sem lastro, quando aceita internacionalmente (como é o caso do dólar estadunidense e do euro da União Europeia), não provoca inflação interna. Isto porque elas servem como moeda de exportação por todos aceita, o que, contudo, somente funciona até que percam credibilidade diante da constatação inexorável de suas inconsistências, que virá mais cedo ou mais tarde.
O aumento do endividamento privado empresarial mundial, por sua vez, decorre da necessidade crescente de aplicação em capital fixo (máquinas, instalações e conhecimento tecnológico) e infraestrutura para fazer face à concorrência de mercado e dispensa do trabalho abstrato.
Essa espiral de endividamento não encontra correspondência na geração de lucro capaz de remunerar o capital do crédito bancário, tal qual o endividamento público. Tende a atingir o ponto da insolvabilidade que representará, juntamente com a insolvência da dívida pública, o grande colapso do sistema de crédito mundial, com as graves consequências para a lógica capitalista que disto advirão.
Note-se que, como disse Karl Marx, além da queda tendencial da taxa de lucro, o capital tende, também, a uma diminuição da massa global de valor que, num determinado momento, não terá capacidade de remunerar o capital creditício, que já é fictício por apostar em extração de mais-valia futura e de lucro que não ocorrerão.
O aumento constante na necessidade de investimento em capital fixo e em equipamentos tecnológicos destinados à produção de mercadorias (impulsionado pela guerra concorrencial de mercado), que funcionam como uma varinha de condão que fabrica todas as mercadorias com valores cada vez menores, corresponde a um processo de colapso autodestrutivo do próprio capital, que tornar-se-á explícito num ponto futuro graças ao grau de incapacidade reprodutiva do valor no montante necessário.
Se se fizer, portanto, uma análise da dívida pública e privada dos países que são grandes produtores de mercadorias, como os Estados Unidos e os países mais economicamente desenvolvidos da União Europeia; bem como da China e do Japão, com suas dívidas colossais e crescentes, dependentes de uma produção e venda de mercadorias que tende a um limite ocasionado por diversos fatores, não é difícil concluir-se que caminhamos para um impasse de proporções gigantescas.
Basta que se consulte a relação entre o PIB desses países e suas dívidas para se constatar a dependência recíproca que se estabeleceu numa economia globalizada e endividada, e da insolvabilidade do sistema de crédito mundial como credor de dívidas púbicas e privadas que não poderão ser pagas.
Para se ter uma ideia do tamanho da encrenca, só os EUA têm uma dívida pública (que é permanentemente crescente) de US$ 20 trilhões para um PIB de igual valor, e uma dívida privada muito além desse montante.
O FMI já alertou para o problema explosivo, com os especialistas dizendo o seguinte:
O FMI já alertou para o problema explosivo, com os especialistas dizendo o seguinte:
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"Você e eu estamos sentados numa montanha de dívida pública e privada. A cota para cada habitante do planeta é de 21.866 euros, ou R$ 95.554. Uma bola de neve gigantesca e voraz. A fatura total chega a US$ 164 trilhões (R$ 608 trilhões), quantia equivalente a 225% do PIB mundial.
Viver a crédito foi a saída natural da crise financeira. Os empréstimos permitiram cobrir os desequilíbrios das contas públicas e reanimar o crescimento. Mas, convém não ultrapassar determinadas linhas vermelhas.
Um nível de endividamento jamais visto desde a 2ª Guerra Mundial é uma bomba-relógio que pode explodir a qualquer momento. Argentina e Itália são dois exemplos recentes de como ressuscitam facilmente os fantasmas mal enterrados".
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A crise de impossibilidade de reprodução do valor válido no nível exigido pela irrigação da economia é a razão da permanente criação de bolhas de consumo mercantil que cedo se evidenciam como insustentáveis. neste post
Os grandes produtores de mercadorias estão fadados a falirem abraçados e suas economias serem substituídas por um modo de produção socialmente sustentável voltado para a satisfação cômoda das necessidades de consumo humanas, e de modo ecologicamente sustentável.
Isto, claro, se não ocorrer uma hecatombe mundial, provocada pela intolerância face a uma realidade inexorável. (por Dalton Rosado)
Isto, claro, se não ocorrer uma hecatombe mundial, provocada pela intolerância face a uma realidade inexorável. (por Dalton Rosado)
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