sábado, 12 de janeiro de 2019

GOVERNO INOVA: MANDOU O MÉDICO EMBORA E TEM DOIS MONSTROS, UM MR. HIDE TRAPALHÃO E UM MR. HIDE ARDILOSO

david emanuel coelho
UM GOVERNO EM BUSCA
DE SI MESMO
Após 12 dias de governo é possível visualizar o desdobramento de minhas análises (vide aqui) em torno da natureza cavalo de Troia  do novo governo. 

Na verdade, se eu pudesse retificar um pouco minhas considerações, diria existirem, de fato, dois governos:
  • o da carapaça institucional, tosco e amador;
  • e o do âmago (o núcleo dos banqueiros e financistas), profissional e discreto. 
Enquanto a carapaça institucional bate cabeças e rodopia feito barata tonta, o governo dos banqueiros trabalha em silêncio, preparando seu projeto de radicalização neoliberal e reorientação econômica do país em prol dos EUA. 

Nas margens, operam as burocracias militar e judicial, permanentemente alertas para defender suas benesses dos ataques financistas. 

Conforme esta semana mostrou, os militares mantêm o agrupamento neoliberal sob vigilância constante e já deram sinais públicos de que se oporão a entrar na faca. Quando os generais falam abertamente, é porque no privado a coisa está muito mais quente.  
A definição de rumos é feita com com muito profissionalismo

Até o momento, o ex-togado Moro não se manifestou, sendo indício de que, por enquanto, a casta judiciária está fora do radar financista. Na era da Lava-Jato, não é prudente cutucar quem pode, com uma canetada, te colocar na cadeia.

O problema mesmo do governo Bolsonaro é o próprio presidente e seu clã político, manifestamente inábil. 

Em primeiro plano encontra-se Onyx Lorenzonni, patético ministro da Casa Civil, o qual realizou a proeza de paralisar seu ministério por ter feito demissões em massa, o impossibilitando de fazer novas contratações ou mesmo novas demissões. 

Ora, um sujeito deste nível com certeza não é o mais indicado para tocar a liderança política do governo e levar a cabo os ambiciosos planos do grupo neoliberal. 

O ataque constante da mídia a ele, sempre desenterrando denúncias de corrupção, é sintoma deste diagnóstico por parte da plutocracia brasileira. Está desenhado ser sua permanência um empecilho para o avanço das pautas neoliberais, tendo, portanto, sua queda se tornado meta principal.
"Guedes é apenas um quinto mais inteligente que seu chefe"


Não apenas ele, no entanto. O quixotesco chanceler também é um empecilho, pois embora externe – de um jeito gótico – o projeto de realinhamento nacional, pode atrapalhar a posição do Brasil no mundo, trazendo resultados negativos ao comércio com seu modo caricato e sua falta de experiência. 

Editorial recente do Estadão contra a saída do país do pacto de migração mostra já estar sendo armada a casinha para a derrubada do chanceler. Basta esperar o primeiro ruído concreto da diplomacia para a operação derrubada começar.

No entanto, não adianta a saída de tais figuras se o dono da caneta continuar sendo o bufão de quinta categoria ora ocupante da Presidência; tudo leva a crer que a derrubada de Bolsonaro não vá demorar a ser defendida mais desinibidamente. Por enquanto, o caso Queiroz é aperitivo de uma futura tormenta a ser criada. 
Onyx Lorenzonni é forte candidato ao olho da rua
A burguesia brasileira não ignora quão impraticável é um governo comandado por um trapalhão acéfalo; embora tenha conseguido impor um mínimo de inteligência na questão econômica – apesar de Guedes ser apenas um quinto mais inteligente que seu chefe –, inexistindo um arranjo político profissional, nada irá adiante. 

Contudo, e este é um ponto dramático, não há clareza sobre o que fazer no quesito político. Não existe opção factível a Bolsonaro, pois o regime político entrou em colapso. 

Não é outro o motivo de inúmeros expoentes da burguesia terem se lançados candidatos, fundando até partidos. 

Neste caso, talvez, a opção seja, no curto prazo, ampliar a entrada direta da burguesia no jogo político e pressionar por maior poder ao campo neoliberal do governo. Saí Onyx, entra com mais força Guedes. Mas a falta de sutileza política deste último também poderá ser um problema. Assim, se vê que não existe solução fácil no contexto atual.

O futuro imediato nos mostrará qual encaminhamento vai ser adotado. (por David Emanuel de Souza Coelho)

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