terça-feira, 18 de dezembro de 2018

FESTIVAL DE TRAPALHADAS PODE CAUSAR PREJUÍZOS BILIONÁRIOS AO BRASIL

ricardo kotscho
"MITO" É ESNOBADO POR TRUMP E
SE VINGA CONTRA VENEZUELA E CUBA
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Jair Bolsonaro, o mito, como é chamado por seus seguidores, se agachou o quanto pôde para bajular os Estados Unidos, mas tomou uma bela invertida do seu êmulo Donald Trump, que já mandou avisar: não vem para a posse do presidente eleito no dia 1º de janeiro.

Ao mesmo tempo em que era esnobado pelo homem mais poderoso do planeta, Bolsonaro resolveu se vingar da desfeita e mandou desconvidar os presidentes de Cuba e da Venezuela, um gesto que não tem antecedentes na história da diplomacia brasileira.

Antes mesmo da posse, os Bolsonaros pai e filhos, junto com o inacreditável chanceler Ernesto Araújo, já transformaram o Itamaraty na Casa da Mãe Joana.

Eles resolveram comprar briga com meio mundo ao mesmo tempo, como se o Brasil fosse uma grande potência capaz de lançar desafios a torto e a direito.

É um festival de trapalhadas que pode causar prejuízos bilionários ao país em sua balança comercial.
Brasil terá resposta se transferir embaixada, diz negociador palestino é o título da entrevista de Saeb Erekat, publicada na Folha de S. Paulo desta 3ª feira (18).

Erekat anunciou que o governo palestino já se prepara para responder caso Bolsonaro cumpra a sua promessa de transferir a embaixada brasileira de Tel-Aviv para Jerusalém.

“Haverá consequências em diversos níveis, incluindo seu status nos fóruns internacionais e suas relações com os países árabes”, advertiu o negociador-chefe dos palestinos.

Durante o governo de transição, a nova ordem já tinha atacado o Mercosul e a China, dois dos maiores mercados de produtos brasileiros.

A hostilidade agora aberta contra dois países latino-americanos, que pode levar ao rompimento de relações com Cuba e Venezuela, ameaça a liderança brasileira no continente.

Aonde eles querem chegar? Dá a impressão de que nem eles sabem, ao anunciar posições radicais entre uma visita e outra a um quiosque na Barra da Tijuca para tomar água de coco.

Estão brincando com fogo à beira do vulcão da geopolítica mundial, sem ter a menor ideia das consequências, numa guerra ideológica fora de época, superada desde o fim da guerra fria.

Ainda não entenderam que a guerra hoje é comercial e exige mais inteligência do que tanques obsoletos.

No festival de trapalhadas que marcou a montagem do ministério, dividido em feudos (militar, econômico, religioso, político e jurídico), o que está acontecendo no Itamaraty é o mais grave, pois pode trazer consequências a curto prazo.

Com as relações exteriores do país agora nas mãos do chanceler Araújo e do filho Eduardo Bolsonaro, que quer ser o novo líder da direita mundial, corremos o risco de virar párias no concerto das nações civilizadas.

Para não falar em laranjas, goiabas e açaís nesta quitanda federal que está se armando em Brasília, urge que setores mais responsáveis do novo governo, se é que existem, segurem os seus radicais antes que seja tarde.

A economia e a imagem do país no exterior já estão em frangalhos, não precisamos piorar ainda mais as coisas.

Se o presidente eleito acha que o grande irmão do Norte vai lhe dar a mão nesta sua escalada rumo ao desconhecido, Bolsonaro pode ir tirando o cavalinho da chuva.

Na escala de prioridades de Trump, o Brasil está lá na rabeira, apesar dos rapapés de Bolsonaro pai e filho aos estadunidenses.
Não adianta botar o boné do presidente americano na cabeça e oferecer café da manhã de escoteiro a um funcionário do segundo escalão da Casa Branca, porque Trump pode também ser meio maluco, mas não é bobo.

Tem assuntos muito mais importantes para enfrentar em seu próprio país e no mundo.

Em vez de cometer grosserias com países com os quais o país mantém relações diplomáticas e comerciais, os Bolsonaro deveriam se ocupar mais do depoimento do PM motorista no Ministério Público, marcado para esta 4ª feira.

A depender do que o ex-assessor do laranjal falar sobre o destino do dinheiro do seu caixa eletrônico, o presidente eleito poderá bater um recorde: começar o governo já com uma CPI pela proa.

E vida que segue. (por Ricardo Kotscho)

9 comentários:

Anônimo disse...

O que seria da esquerda folclórica brasileira sem seu antiamericanismo infantil? Para não lidar com suas contradições e fracassos, fazem dos EUA seu bode expiatório de sempre.
Na mente simplória dos marxistas, tudo se explica por um dualismo maniqueísta. Tem de haver um país que é o vilão. Ao invés de detectarmos as razões de nosso atraso civilizacional, evitamos a autocrítica posando de explorados. Não resolve nada.

celsolungaretti disse...

Anônimo, em vez de colar no espaço de comentários essas generalidades que nada têm a ver com o artigo do Kotscho, por que vc não tenta escrever algo que realmente se refira ao post em questão?

Anônimo disse...

Como não tem relação? A base conceitual do post é o antiamericanismo folclórico da esquerda brasileira, sem o qual o artigo fica descontextualizado. Ao invés de simplesmente rebater o que está escrito,é até mais útil tentar desvendar a mentalidade por trás da postagem.

celsolungaretti disse...

O que ele está dissecando é um péssimo esboço de governo, pois desde já está cometendo erros terríveis. Não tem nada a ver com anti-americanismo.

O Trump não tem culpa nenhuma pelos juízos equivocados que fazem a respeito dele e dos EUA esses ridículos bajuladores. Está na dele.

Quem se equivoca completamente são os Bolsonaros e esses futuros ministros que não têm a mínima noção de quão desimportante o Brasil é aos olhos de um presidente republicano dos EUA.

Os que tendem a nos tratar com mais consideração, não por nos considerarem importantes, mas por não terem uma visão de mundo tão desumana, são os presidentes democratas.

Quanto ao Clóvis Rossi, tem 75 anos e mais de meio século de carreira jornalística. Veja o perfil de quem você pretendeu julgar de uma forma tão desinformada e simplória:

"Tem textos publicados produzidos em todos os cinco continentes e um verdadeiro recorde de coberturas de transição do autoritarismo para a democracia: na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai, toda a América Central, Espanha, Portugal e África do Sul.

"Ganhou os dois mais importantes prêmios jornalísticos para jornalistas da América Latina, o Maria Moors Cabot, concedido pela Columbia University, e o prêmio pelo conjunto da obra da Fundação para um Novo Jornalismo Iberoamericano, que recebeu das mãos do criador da Fundação, o Nobel Gabriel Garcia Márquez.

"É cavaleiro da Ordem do Rio Branco, conferida pelo governo brasileiro, e também cavaleiro da Ordem do Mérito, atribuída pelo governo francês."

Henrique Nascimento disse...

Celso, apenas uma correção: no seu comentário acima acredito que você se enganou ao citar o C Rossi. Na verdade, você quis dizer R Kotscho, o autor do presente ensaio. Dois grandes ensaístas de qualquer forma.

celsolungaretti disse...

Obrigado, Henrique. Troquei as bolas.

O Kotscho também tem um currículo impecável. Completará 70 anos em março, atua igualmente há meio século no jornalismo, conquistou quatro vezes o maior prêmio do jornalismo brasileiro (o Prêmio Esso) e passou por um sem-número de veículos.

Entre outros, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil, Isto É, Época, TV Globo, CNT, SBT,Rede Bandeirantes, Record News. Hoje é repórter especial da Revista Brasileiros.

Henrique Nascimento disse...

Foi o livro do Kotscho, "Serra Pelada: Uma Ferida Aberta na Selva", que eu li há cerca de 15 anos atrás e até hoje tenho na minha estante, me levou a conhecer este lugar há 5 anos atrás. Livro profundo, que mostra as mazelas, angústias e a ansiedade humana em busca de dias melhores.

Serra Pelada fica bem próxima, cerca de 50 km, de Eldorado dos Carajás, onde ocorreu o famoso massacre dos sem-terra no início dos anos 90. Região ainda com forte tensão social, que contrasta a riqueza do minério da Vale e grandes fazendeiros e comerciantes com a exploração do trabalho da maior parcela da população por estes grupos. Fica próxima também onde ocorreu a guerrilha do Araguaia do PCdoB.

Anônimo disse...

A distinção feita pelo Henrique Nascimento é importante. O Clóvis Rossi merece maior deferência e não seria alvo do meu deboche.
Já o Kotscho, embora talentoso, é um célebre puxa-saco oficial do PT. Age com base em uma agenda político-partidária e é famoso por colecionar absurdos em sua carreira.

Alessandro Alcântara disse...

"Ao invés de simplesmente rebater o que está escrito,é até mais útil tentar desvendar a mentalidade por trás da postagem."
Nesse caso eu desvendo a sua, Anônimo das 9h29PM: não cursou um colégio descente e não estudou História, aonde demonstra que os EUA se intrometeram na política dos países da América Latina. A sua mente simplória acha que temos que jogar nossa soberania na lata do lixo e satisfazer a vontade e a gana macarthista dos EUA. E ainda se intitulam patriotas!

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