quinta-feira, 4 de outubro de 2018

"É TRISTE O DESTINO DE UM PAÍS QUE BUSCA O REENCONTRO COM OS DIAS DE GLÓRIA ALICERÇADO NA MENTIRA"

daniela lima
USAR A MENTIRA COMO ARMA
ELEITORAL COBRA UM PREÇO CARO
Direto e reto, o estado da coisa é o seguinte: mães estão deixando de vacinar seus filhos contra poliomielite e sarampo, p. ex., por causa de notícia falsa que se alastra pelo WhatsApp. A Secretaria de Comunicação da Presidência da República tenta agora fazer frente ao fenômeno com uma publicidade digital comovente. 

Chamados a uma sala para supostamente responder a uma pesquisa, mulheres e homens explicam que são contra a vacinação porque ouviram falar que faz mal, que não presta, que tem efeitos colaterais. Receberam a informação pelas redes sociais e pronto. 

A entrevistadora, então, entrega a eles um envelope fechado. Dentro, fotos dela de quando tinha cinco anos e andava. Só ali as pessoas descobrem que desde então ela está em uma cadeira de rodas porque não foi imunizada pela família. A peça encerra com um alerta: fake news matam.

Os brasileiros que vão às urnas no domingo (7) nunca foram tão bombardeados com boatos dos mais variados tipos, alguns que beiram o absurdo. A sanha por disseminar informação, seja qual seja, já é uma das marcas desta eleição. 

Algumas invenções detectadas pelos institutos de checagem atentam contra a própria democracia.

Um panfleto digital com as fotos de Lula, Fernando Haddad e Manuela D’Ávila diz que eleitores do PT devem evitar ir às urnas no domingo, porque há risco de conflito. A orientação, diz o texto, é votar no dia seguinte. Fala sério, pode pensar o leitor. Alguém acredita nisso? Sim. Aliás, não custa ressaltar: é mentira. 

Quem faz campanha para aumentar a abstenção e ganhar por W.O. não tem apreço pelo Estado de Direito. Não, não é exagero. Disseminar informações de que o PT quer distribuir mamadeiras com bico em formato de pênis não é só bizarro. É desonesto. Não faltam motivos para criticar o partido. Precisa recorrer a isso? Mas tem dos dois lados, para todos os gostos.

Os institutos de checagem detectaram mensagens que atribuíam a Flávio Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, a seguinte frase: “Se um pai tira a vida de um filho gay, é uma questão familiar. Não acho que o Estado deva se intrometer”. 
Não há qualquer registro de que ele tenha proferido tal sentença. A Agência Lupa cravou: é falsa.

É inegável, porém, que bolsonaristas, apoiadores do candidato do PSL, têm utilizado fake news para impulsionar o presidenciável. 

A revista Veja publicou em janeiro longa reportagem sobre o assunto e detectou, em levantamento, que enquanto PT e PSDB, p. ex., eram atacados com fake news, a maioria das invenções sobre Bolsonaro, àquela época, era favorável a ele.

Em 2014, o PT usou expediente parecido, espalhando boatos sobre corte de programas sociais para eleger Dilma Rousseff. Aqui, infelizmente, a história não ensina. Derrotar o adversário usando a mentira como arma pode cobrar um preço caro. 

Na bolha virtual, os que pensam igual se sentem abraçados, protegidos, em boa companhia. O problema é que, um dia, invariavelmente, a realidade bate à porta. Não tem boato que bote comida no prato de quem tem fome.

Independentemente do resultado deste 7 de outubro, é forçoso reconhecer que é triste o destino de um país que busca o reencontro com os dias de glória alicerçado na mentira.
O mandatário que for ungido pelas urnas terá pela frente um cenário difícil, de aperto fiscal, filas nos hospitais, estados em situação pré-falimentar e milhões de desempregados nas ruas. Serão dias de muita luta, de verdade, venha quem vier. (por Daniela Lima)

3 comentários:

Motta disse...

O processo inteiro é uma farsa com promessas irrealizaveis o voto é definido pelo ego do eleitor e não tem conteúdo nenhum se restringindo a mesquinharias do tipo : vou derrotar o vizinho o meu inimigo. No final todos se ferram. Os apoiadores de Bolsonaro parecem cães raivosos totalmente cegos. Agora levantaram novamente o fantasma do comunismo. Este país não se encontra no século XXI. Horrível viver neste lugar!

Valmir disse...

os militares voltando ao poder pelo voto popular, livre e universal graças aos mal feitos da esquerda...quem diria.


celsolungaretti disse...

O jogo ainda está no na 1ª etapa, há tempo de sobra para uma virada.

O trágico é que, com o fascista, o agravamento da crise política e econômica será uma certeza e a probabilidade de seu governo não durar nem sequer um ano, enorme.

Com o poste é quase a mesma coisa, a menos que ele decida governar de verdade, dialogando com os civilizados que ainda restam e priorizando a pacificação do país, ao invés de escutar os maus conselhos recebidos da prisão.

O fundamental ele teria (a caneta presidencial), mas os culhões... sei lá. As pessoas às vezes nos surpreendem.

A que pingo de esperança estamos reduzidos!

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