sábado, 13 de outubro de 2018

DA TEMPESTADE QUE SE AVIZINHA PODERÃO SURGIR MOVIMENTOS DE MASSA ABRINDO CAMINHO PARA O NOVO – 1

dalton rosado
2019, O ANO QUE VAMOS ENCARAR
Diante da perspectiva da aumento da escassez de riqueza abstrata (dinheiro e mercadorias) num país cheio de riquezas materiais como o Brasil, o ano que se avizinha poderá ser muito auspicioso no sentido da implementação de uma mediação social que inverta a irracionalidade e incompatibilidade da mediação atual feita pela forma-mercadoria.

A lógica da produção da riqueza abstrata já nos mostrou que é cada vez maior e mais intensa a precariedade das possibilidades de sua reprodução num estágio social no qual a sua substância primária, o trabalho abstrato (única forma de produção de valor válido) é cada vez mais dispensável diante da alta tecnologia aplicada à produção de mercadorias sensíveis e mercadorias serviços.

A intolerância e o ódio que se observam nas relações sociais mundo afora, e que são tristemente intensos no Brasil (outrora um país cordial que recebia a todas as etnias, credos e convicções políticas dos imigrantes que aqui chegavam sem discriminação), resultam do travamento de um modo de produção no qual tudo somente é produzido a partir da famigerada viabilidade econômica do lucro. 

O que está na base dessa intolerância e ódio é a perda de capacidade aquisitiva por parte de uma população exaurida economicamente, que se vê privada do atendimento tanto das suas necessidades básicas de consumo (moradia, alimentação, transporte, vestuário, água e luz, remédios, lazer, etc.) quanto das demandas sociais constitucionalmente atribuídas ao Estado (segurança, educação e saúde), além de estar presa a uma camisa-de-força que lhe impede de visualizar alternativas. 

Diz o ditado que em casa onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão;  assim, por falta de provimento das necessidades acima aludidas, estamos diante de um esgarçamento das relações sociais como nunca antes havia ocorrido no Brasil.   

Tal se deve à imposição sistêmica de um modo de produção social que encontrou o seu limite existencial. Mas, os projetos políticos continuam focados em fazer-se o mesmo bolo de sempre, sem levarem em conta a atual falta de alguns dos ingredientes necessários; e os indivíduos sociais, perplexos, não sabem o que fazer.

Mas dizia Marx, socialmente falando, que “um problema só surge quando estão presentes todas as condições de solucioná-lo”.  

A democracia é um modelo social cujo embrião surgiu há cerca de 2,6 milênios na Grécia antiga e se desenvolveu até hoje, quando se evidencia a sua saturação. Devemos, então, compenetrarmo-nos de todos os entraves colocados como modo de sua saturação são, concomitantemente, as ferramentas capazes de promover a solução dos impasses sociais hodiernamente colocados. 

Temos grandes extensões de terras férteis e com água abundante; sol e vento; riquezas minerais de muitas espécies e reservas petrolíferas em terra e mar; biodiversidade animal e vegetal esplendorosa; clima ameno e regular; a felicidade de aqui inexistirem terremotos, tsunamis, furacões e outras intempéries climáticas; e um povo miscigenado, capaz e de têmpera forte. 

Somos ricos, afinal, como poucos países o são no mundo e temos a possibilidade de auto-sustentação. 

Ora, se o Brasil é um país com abundância de riquezas naturais, como o reconhecem quantos sabem das nossas potencialidades, por que não usamos o imenso saber adquirido pela humanidade nos vários campos do conhecimento para transformarmos toda essa riqueza em bem-estar social para nosso povo?

Somos pobres em riqueza abstrata (dinheiro e mercadorias) exatamente porque a lógica dessa forma de riqueza acanhada cada vez mais acorrenta as potencialidades de a riqueza material afirmar-se como aquela da qual verdadeiramente necessitamos.

A riqueza abstrata, ao tornar-se também socialmente real, tangível, expressa em mercadorias (o objeto natural transformado em valor de troca), oportunizando esse seu caráter surreal, impede que a riqueza material se afirme como riqueza natural.

Isso decorre do caráter dominador, mesquinho e segregacionista da lógica da riqueza abstrata em seus estertores; salta aos olhos a necessidade de que sobrevenha um modo de produção social cujo objeto teleológico seja a satisfação das necessidades sociais de consumo e não o mero uso dessas necessidades como instrumento de acumulação da riqueza abstrata.

Marx tinha razão, pois estão colocadas diante de nós novas premissas sociais capazes de promover a superação dos impasses sociais aparentemente intransponíveis que ora se nos apresentam. 

Somente com um modo de produção social que torne acessível a todos as imensas riquezas materiais do Brasil superaremos os nossos problemas sociais: é esta a bandeira que deve ser empunhada por todos os brasileiros e brasileiras nesse ano de 2019, como alternativa a ser buscada fora da lógica do establishment. (por Dalton Rosado)     
(continua neste post)

Um comentário:

Vandeco disse...

O primeiro turno mostrou que algo esta mudando na cabeça dos brasileiros, pois a população desencantada e apática acordou, reagindo aos escândalos de corrupção e da violência que todos os dias lotam os noticiários da TV, rádios e jornais. Em termos de competitividade mundial o Brasil, com toda a riqueza que tem, há muito tempo, ocupa os últimos lugares. Como estamos no fundo do poço, só nos resta esperar que essa situação comece a melhorar em 2019, e que a "crise Brasileira" esteja no fim. Nem tudo está perdido!

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