domingo, 14 de outubro de 2018

DA TEMPESTADE QUE SE AVIZINHA PODERÃO SURGIR MOVIMENTOS DE MASSA ABRINDO CAMINHO PARA O NOVO – 2

(continuação deste post)
A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO MANTENEDOR DA DOMINAÇÃO SOCIAL PELA RIQUEZA ABSTRATA – quem se dispuser a analisar com visão crítica as proposições de governo dos candidatos à Presidência das República, concluirá que todas elas são repetições de antigas cantilenas demagógicas circunscritas ao universo da administração dos recursos públicos e de proposição de Medidas Provisórias e leis dentro de um mesmo espaço governamental previamente circunscrito e delimitado por (e para) uma atuação constitucional.

Não nos esqueçamos que a Constituição – tida por todos os políticos, membros das instituições do Estado e pela grande mídia como sacrossanta tábua legal para ser respeitada e servir como referência norteadora das ações sociais – corresponde, exatamente, ao enquadramento dos indivíduos sociais (ali transformados em cidadãos, homo economicus), impondo-lhes a obediência às regras de mediação social da riqueza abstrata, cuja forma e conteúdo estão em rota de saturação social.

Assim, a Constituição burguesa, expressão da sacralização da riqueza abstrata, é o cânone legal a ser revogado; em seu lugar deve nascer outro estatuto legal, consentâneo com um novo modo de produção que se gesta no ventre das ebulições sociais resultantes do esgotamento do modelo atual, anunciando a futura sociedade emancipada. 

A política e os políticos são servos da lógica capitalista. Não há nada mais patético de que vermos um político se dizendo anti-político (ou, como dizem os jornalistas, um outsider), tentando fazer crerem que se trataria de alguém diferente do segmento social ao qual pertence.

É a insatisfação popular com o que está posto aquilo que promove a inconsciente busca do remédio para o mal na causa do mal. Assim, quase todos os candidatos prometem melhora econômica, ou seja, a obtenção de mais dinheiro por parte dos eleitores. Só que, como disse Marx, o dinheiro não passa da essência alienada do trabalho e da existência do homem; essa essência o domina; e, mesmo assim, ele a adora.

O candidato fascista (Boçalnaro, o ignaro) aproveita-se do anseio popular por algo diferente para se apresentar como representante desse novo, acenando com bravatas como o combate à corrupção com o dinheiro público, alardeada como causa-mor da miséria social; e a repressão ao crime, como se a violência urbana não fosse consequência (ao invés de causa) da miséria social.

Com o discurso de intensificação da repressão militar à violência urbana e seu terror disseminado Brasil afora, o candidato fascista pretende preparar o terreno para o sufocamento, mediante uso desmedido da força, das manifestações populares de insatisfação diante das medidas impopulares que inevitavelmente virão.

É a velha lengalenga de políticos defensores do capitalismo decadente a qualquer custo, ainda que tal fenômeno social decorra da irracionalidade da mediação social a partir da riqueza abstrata, que agora explicita a sua condição socialmente acanhada e irreversível.

Assim procuram desviar a atenção popular da questão principal, qual seja o fato de que é a exploração do capital aquilo que sempre promoveu a miséria social; e que dita exploração está agora inviabilizada por seus próprios fundamentos. 

É lamentável (mas compreensível, graças à manipulação das consciências) vermos pessoas simples a defender os representantes da lógica que os martiriza como se esses fossem o oposto daquilo que verdadeiramente são, e sem saber que estes representam a promessa de restrições dos seus direitos como forma de salvação do Estado burguês e suas premissas anti-povo.  

Que os burgueses detentores de privilégios, mesmo que esses privilégios cada vez mais escasseiem, e por temor ao novo desconhecido, apoiem o projeto tupiniquim do fascista, é postura explicável, embora indefensável. 

Mas que o povo sofrido o apoie, é sintoma de capitulação diante da manipulação demagógica praticada por um energúmeno travestido de salvador da pátria

A alternativa de Fernando Haddad, ainda que seja menos traumática, deverá continuar sofrendo da síndrome da dupla personalidade. 

Por um lado, é governo enquadrado na lógica do capital sem negá-la (ao contrário, propõe mais desenvolvimento econômico, desconhecendo a debacle de sua lógica e procurando administrá-la); por outro lado, é identificada com os movimentos populares dos quais surgiu há quase 40 anos, mas agora os teme por ameaçarem o seu poder político (principalmente quando tais movimentos fugirem do tradicional enquadramento político-partidário).  

Mas apesar do céu tenebroso que se prenuncia em 2019, estará colocada a possibilidade do surgimento de movimentos de massas que anunciem o novo. 

Um novo fora das amarras do modo de produção enquadrado pela forma-valor, contrapondo-se à previsível bestialidade repressiva do Boçalnaro, o ignaro e ao acumpliciamento sistêmico de Haddad, o postiço – duas candidaturas que não passam de tentativas, desde já fracassadas, de transposição de um modelo ultrapassado diretamente para um modelo novo.

Que o Brasil sirva de exemplo para o mundo, ao tornar suas imensas riquezas materiais acessíveis para o povo. Isto é o que vamos ter de encarar no ano de 2019. (por Dalton Rosado)

3 comentários:

Marcelo de Almeida Martins disse...

Isso mesmo partido Novo!

Marcelo de Almeida Martins disse...

Quê isso companheiro democrata? Comentário com aprovação

celsolungaretti disse...

Sem aprovação, qualquer um poderia vir postar loas à pedofilia, ao genocídio, às torturas, etc. Ou praticar os crimes de difamação e calúnia.

Já enfrentei um processo criminal do Boris Casoy e tive muitas dores de cabeça para fazer com que prevalecesse o direito à informação.

Sei lá o que teria acontecido se eu não houvesse encontrado na Web, providencialmente, as fotos das páginas de uma revista de 1968 que o relacionava como então integrante do CCC (era a afirmação que eu tinha feito e que ele considerava caluniosa).

Daí em diante passei a verificar com atenção tudo que sai no blog. Por ser jornalista, minha responsabilidade é maior que a de um blogueiro leigo. E há, claro, muita gente esperando uma oportunidade para me atingir.

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