Não nos esqueçamos que a Constituição – tida por todos os políticos, membros das instituições do Estado e pela grande mídia como sacrossanta tábua legal para ser respeitada e servir como referência norteadora das ações sociais – corresponde, exatamente, ao enquadramento dos indivíduos sociais (ali transformados em cidadãos, homo economicus), impondo-lhes a obediência às regras de mediação social da riqueza abstrata, cuja forma e conteúdo estão em rota de saturação social.
Assim, a Constituição burguesa, expressão da sacralização da riqueza abstrata, é o cânone legal a ser revogado; em seu lugar deve nascer outro estatuto legal, consentâneo com um novo modo de produção que se gesta no ventre das ebulições sociais resultantes do esgotamento do modelo atual, anunciando a futura sociedade emancipada.
Assim, a Constituição burguesa, expressão da sacralização da riqueza abstrata, é o cânone legal a ser revogado; em seu lugar deve nascer outro estatuto legal, consentâneo com um novo modo de produção que se gesta no ventre das ebulições sociais resultantes do esgotamento do modelo atual, anunciando a futura sociedade emancipada.
A política e os políticos são servos da lógica capitalista. Não há nada mais patético de que vermos um político se dizendo anti-político (ou, como dizem os jornalistas, um outsider), tentando fazer crerem que se trataria de alguém diferente do segmento social ao qual pertence.
É a insatisfação popular com o que está posto aquilo que promove a inconsciente busca do remédio para o mal na causa do mal. Assim, quase todos os candidatos prometem melhora econômica, ou seja, a obtenção de mais dinheiro por parte dos eleitores. Só que, como disse Marx, o dinheiro não passa da essência alienada do trabalho e da existência do homem; essa essência o domina; e, mesmo assim, ele a adora.
O candidato fascista (Boçalnaro, o ignaro) aproveita-se do anseio popular por algo diferente para se apresentar como representante desse novo, acenando com bravatas como o combate à corrupção com o dinheiro público, alardeada como causa-mor da miséria social; e a repressão ao crime, como se a violência urbana não fosse consequência (ao invés de causa) da miséria social.
Com o discurso de intensificação da repressão militar à violência urbana e seu terror disseminado Brasil afora, o candidato fascista pretende preparar o terreno para o sufocamento, mediante uso desmedido da força, das manifestações populares de insatisfação diante das medidas impopulares que inevitavelmente virão.
É a velha lengalenga de políticos defensores do capitalismo decadente a qualquer custo, ainda que tal fenômeno social decorra da irracionalidade da mediação social a partir da riqueza abstrata, que agora explicita a sua condição socialmente acanhada e irreversível.
Assim procuram desviar a atenção popular da questão principal, qual seja o fato de que é a exploração do capital aquilo que sempre promoveu a miséria social; e que dita exploração está agora inviabilizada por seus próprios fundamentos.
É lamentável (mas compreensível, graças à manipulação das consciências) vermos pessoas simples a defender os representantes da lógica que os martiriza como se esses fossem o oposto daquilo que verdadeiramente são, e sem saber que estes representam a promessa de restrições dos seus direitos como forma de salvação do Estado burguês e suas premissas anti-povo.
Que os burgueses detentores de privilégios, mesmo que esses privilégios cada vez mais escasseiem, e por temor ao novo desconhecido, apoiem o projeto tupiniquim do fascista, é postura explicável, embora indefensável.
Mas que o povo sofrido o apoie, é sintoma de capitulação diante da manipulação demagógica praticada por um energúmeno travestido de salvador da pátria.
A alternativa de Fernando Haddad, ainda que seja menos traumática, deverá continuar sofrendo da síndrome da dupla personalidade.
Por um lado, é governo enquadrado na lógica do capital sem negá-la (ao contrário, propõe mais desenvolvimento econômico, desconhecendo a debacle de sua lógica e procurando administrá-la); por outro lado, é identificada com os movimentos populares dos quais surgiu há quase 40 anos, mas agora os teme por ameaçarem o seu poder político (principalmente quando tais movimentos fugirem do tradicional enquadramento político-partidário).
Mas apesar do céu tenebroso que se prenuncia em 2019, estará colocada a possibilidade do surgimento de movimentos de massas que anunciem o novo.
Um novo fora das amarras do modo de produção enquadrado pela forma-valor, contrapondo-se à previsível bestialidade repressiva do Boçalnaro, o ignaro e ao acumpliciamento sistêmico de Haddad, o postiço – duas candidaturas que não passam de tentativas, desde já fracassadas, de transposição de um modelo ultrapassado diretamente para um modelo novo.
Que o Brasil sirva de exemplo para o mundo, ao tornar suas imensas riquezas materiais acessíveis para o povo. Isto é o que vamos ter de encarar no ano de 2019. (por Dalton Rosado)
3 comentários:
Isso mesmo partido Novo!
Quê isso companheiro democrata? Comentário com aprovação
Sem aprovação, qualquer um poderia vir postar loas à pedofilia, ao genocídio, às torturas, etc. Ou praticar os crimes de difamação e calúnia.
Já enfrentei um processo criminal do Boris Casoy e tive muitas dores de cabeça para fazer com que prevalecesse o direito à informação.
Sei lá o que teria acontecido se eu não houvesse encontrado na Web, providencialmente, as fotos das páginas de uma revista de 1968 que o relacionava como então integrante do CCC (era a afirmação que eu tinha feito e que ele considerava caluniosa).
Daí em diante passei a verificar com atenção tudo que sai no blog. Por ser jornalista, minha responsabilidade é maior que a de um blogueiro leigo. E há, claro, muita gente esperando uma oportunidade para me atingir.
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