quarta-feira, 10 de outubro de 2018

É HORA DE TODOS CIVILIZADOS SE UNIREM NUMA AMPLA FRENTE DEMOCRÁTICA PARA BARRAR O FASCISMO!

O ator principal mudou... 
elio gaspari
JACQUES WAGNER
ENTRA EM CAMPO
Fernando Haddad e o comissariado petista querem costurar uma frente democrática para derrotar Jair Bolsonaro e puseram em campo o ex-ministro e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner. Se conseguirem, no mínimo, levantam o nível da campanha.

Wagner é competente e seu desempenho na Bahia comprova isso. Governou o estado de 2007 a 2015, elegeu o sucessor que, por sua vez, acaba de se reeleger. 

Se lhe faltasse credencial, no início do ano defendia uma chapa com Ciro Gomes e Haddad na vice. Foi atropelado pelo oráculo de Curitiba, recolheu-se e foi tratar de sua campanha para o Senado.

As duas principais pontas dessa costura são Ciro Gomes e Fernando Henrique Cardoso. Ciro tem um capital eleitoral e já disse que ele não. Ainda falta que entre na campanha de Haddad.

Ele seria um corpo estranho no estilo que Haddad apresentou no 1º turno. A questão será saber em que tipo de campanha e de propostas cabem os dois.

Só o tempo dirá onde o PT estava com a cabeça quando atropelou-o e, sobretudo, quando Dilma Rousseff descumpriu a palavra dada ao irmão de Ciro, que lhe oferecia uma cadeira de senadora pelo Ceará. 

Roberto Mangabeira Unger, velho amigo dos Gomes, já conversou com Haddad.
Wagner tem de costurar uma frente como a da diretas-já

A ponta de Fernando Henrique Cardoso é mais delicada. Ele está fechado em copas, numa dupla negativa: “Não concordo com o reacionarismo cultural e o descompromisso institucional de uns vitoriosos e tampouco com a corrupção sistêmica e com o apoio ao arbítrio na Venezuela e em outros países”.

Para tirá-lo dessa posição será necessária muita conversa.

Mesmo assim, FHC sabe o peso biográfico de um eventual silêncio. São duas costuras possíveis para Jaques Wagner.

Uma parte do fenômeno Bolsonaro saiu do rancor petista, da eternizada adoração oracular a Lula e, sobretudo, da resistência dos comissários à autocrítica. 

Muitas pessoas podem até votar em Haddad, mas se o preço for defender a moralidade petista no balcão de uma lanchonete acabam votando no capitão. O rancor produzido pela onipotência virou veneno e ainda está lá.

Mesmo depois do massacre de domingo, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse o seguinte: “Nós vamos fazer um chamamento a todos os democratas. (...) Não temos restrição, se as pessoas tiverem noção do que está em jogo no Brasil e defenderem a democracia têm que estar nessa caminhada.”
Não podemos falhar neste momento decisivo!

Quem a ouvisse acreditaria que falava a uma plateia de militantes. “Têm que estar”, por que, cara pálida? A causa democrática não precisa do toque de clarim do PT, é justo o contrário.

A ideia segundo a qual o programa do PT precisa apenas de ajustes é suicida. Quem propõe uma frente democrática não fala essa língua, até porque felizmente os comissários já jogaram no mar a proposta de uma Constituinte.

A maior frente já construída na política brasileira foi a das Diretas-Já, de 1984. Nela entrou até Tancredo Neves que, com fina percepção, a considerava necessária, porém lírica.

Na sua fala ao Jornal Nacional, Jair Bolsonaro desautorizou a sugestão de Constituinte de sábios e a referência ao autogolpe de seu vice Hamilton Mourão.  Fica combinado assim. Faltou esclarecer o significado de uma frase na sua saudação de domingo: “Vamos botar um ponto final em todos os ativismos do Brasil”.

Sem ativistas não há democracia. Não existiriam o PT, nem o PRTB de Levy Fidelix com seu aerotrem. 

Bolsonaro também precisa de um filtro moderador, mas talvez a banda golpista de seu eleitorado nem o queira. (por Elio Gaspari)

7 comentários:

SF disse...

***
Celso,

É impressão minha, ou sua linha editorial está errática, panfletária e maniqueísta?

Uma vez vi a votação de um sindicato ser anulada duas vezes até que, na terceira, foi eleito o candidato "certo".
Foi quando entendi o que significava a democracia de esquerda.

Porém, recuso-me a crer que alguém com sua história tenha se curvado a histeria coletiva da turma stalinizada (gostei do termo).

Não é luta da civilização contra a barbárie.
A barbárie é não querer aceitar o resultado das votações. A civilização é aceitar que o povo não nos quer e prefere outro.

Não é a toa que a sofrência faz tanto sucesso.

celsolungaretti disse...

Companheiro,

até o dia 28 estarei tentando evitar que o povo, levado ao desespero pelos erros do PT e pela recessão da Dilma, cometa a loucura de eleger um candidato que, além de (ele sim!) estar na contramão da civilização, será tão desastroso quanto o Jânio Quadros e o Fernando Collor, pois é exatamente da mesma estirpe: um demagogo com discurso bombástico (assim como o Jânio vinha "varrer a bandalheira" e o Collor iria "caçar marajás"), apoiado por um catadão de pilantras.

Quando alguém tão nefasto pode obter mais alcance de atuação para cometer suas boçalidades truculentas, temos de partir para o jornalismo de combate. Porque é a civilização, sim, que está em jogo. Espere e verá.

Cássio disse...

SF,

Não é questão de rejeitar o resultado das urnas.

É formar uma frente de combate ao fascismo personificado na figura do capitão, que poderá trazer consequências imprevisíveis - atingindo sobretudo os mais fracos.

Agora, depois de passar a eleição, a conversa dos democratas com o PT deverá ser outra. A intransigência da burocracia petista, se não nos arrastar para o precipício, ao menos deixará a nossa jovem democracia muito mais frágil.

Abçs

SF disse...

***
Cassio,

Apenas anotei a anomalia que percebi na linha editorial que o Celso adota, a qual é sempre muito equilibrada e producente, trazendo a lume análises acuradas e certeiras.
Mas, como ele mesmo disse, entrou na fase do jornalismo de combate: exagerando nas tintas, nas imagens contundentes e no clichê.
O que ele faz com maestria.
Estamos diante de um grande profissional da imprensa.

Espero que, com a eleição de Bolsonaro, volte ao seu natural brilhantismo.

Só temo é que, sendo um verdadeiro revolucionário, ele desista de militar neste blog que tantas e tão boas informações traz em decorrência da escolha, quase certa, do Capitão para presidente.

Espero que não, pois já melhorei muito a minha visão de mundo com as leituras que fiz aqui.

Abçs.

celsolungaretti disse...

Pô, SF, essas coisas a gente não decide na véspera.

O que há, por enquanto, é muita gente votando contra seus reais interesses, por força de um estado de espírito vingativo e de efeito-manada. Mas, não são cidadãos de uma democracia de outrora, conscientes das opções existentes e filiados ou seguidores convictos de partidos estruturados.

São pessoas despolitizadas, movidas por impactos emocionais, que podem mudar de opinião de um instante para outro, a partir de um novo impacto emocional.

Ou seja, a batalha ainda está para ser travada. E nós, que conseguimos ver alguns palmos adiante do nariz, temos o dever de tudo fazermos para evitar que um novo Jânio Quadros ou Collor de Mello vire este país de cabeça pra baixo.

Quanto à linha que estou dando aos meus textos no blog (os outros membros da equipe escrevem o que querem, como querem), nem original é: muita coisa do que se fez em 1968 e anos seguintes era por aí (vide O Pasquim, p. ex.).

O fato é que não conseguimos tratar desapaixonadamente essa burrice truculenta que nos querem impingir. Todos nossos instintos se revoltam. Naqueles tempos também era assim, os companheiros dos veículos alternativos sabiam muito bem que as piadas poderiam custar-lhes uma prisão, mas não conseguiam segurar. Nem eu. O que estão fazendo deste país me ofende e irrita profundamente.

E o que sei eu do que farei se o retrocesso se consumar?! Iria depender de até onde a imbecilidade chegaria. Geralmente, nessas situações, não agimos, reagimos. Quando as opções são colocadas na mesa, escolhemos uma. Isto se o destino não nos pregar uma peça antes.

Ricardo Pires disse...

SF, mesmo não sendo sendo esquerdista [não o conhecemos] serve-se, em seus comentários, pelo menos neste artigo, dos mais infantis argumentos da esquerda sectária.
Qual o problema defender o voto em Haddad para evitar o fascismo?

SF disse...

***
Problema algum Ricardo.
Só estranhei a mudança nos textos do Celso.

Quanto a "ismos" eu sou radical.
Para mim só interessam os valores: Bom, Belo e Justo. (Platão)

Os valores podem ser parametrizados e, assim, permitirem critérios para avaliação.

É o que temem os hipócritas. Que você tenha valores.

Uma pessoa bondosa produz beleza e promove justiça.

Se faltar algum desses ingredientes, estamos diante de uma monstruosidade humana.
Que tem um corpo humano, mas é dominado pela animalidade.

É fácil ver a estética de tais monstros. Os símbolos que usam, os hábitos que tem, a maneira como se expressam as posturas e por aí.

Não se trata de julgar ou condenar, mas constatar.

E você só poderá constatar se não estiver envolvido por nenhum daqueles "ismos" que existem no mundo.

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