terça-feira, 24 de abril de 2018

O FILME QUE EM 1973 SERVIU DE ANTÍDOTO À SOCIEDADE FASCISTIZADA QUE OS OGROS QUERIAM NOS IMPOR

No ano da (des)graça de 1973 vivíamos em paz no Brasil: a paz dos cemitérios.

O sonho de nos livrarmos de uma tirania boçal e sanguinária virara pó. Quase ninguém acreditava que a última cartada (a guerrilha do Araguaia) fosse virar o jogo em nosso favor, depois das terríveis derrotas que sofrêramos entre 1970 e 1972.

Até para mantermos o ânimo alto face a uma realidade tão deprimente, procurávamos refúgio em comunidades alternativas, nos loucos sonhos dourados e na arte que marchava na contramão da sociedade fascistizada que os ogros queriam nos impor à base do consumismo, da propaganda e da porrada.

Foi quando o ótimo ator Hugo Carvana estreou na direção com Vai trabalhar, vagabundo, uma lufada de ar fresco, evocando e reverenciando um jeito carioca de ser que já se extinguia, infelizmente.

Mostra o charmoso malandro Secundino Meireles, o Dino (Carvana), deixando a prisão e retomando sua rotina de se deliciar com os prazeres da vida e sustentar-se com golpes inofensivos, usando a lábia e a esperteza ao invés das armas. 
Clique para assistir ao filme completo

Vem-lhe à mente um projeto bem maior do que os habituais e muito difícil de concretizar: montar a revanche, décadas depois, de uma partida lendária de sinuca, na qual os melhores jogadores da época, o estrategista Babalu (Nelson Xavier) e o intuitivo Russo (Paulo César Peréio), disputaram no pano verde o amor da musa do pedaço, a bela Vitória (Rose Lacreta).

Só que o derrotado Russo está internado num hospício e o vitorioso Babalu se tornou um trabalhador-modelo, que bate ponto e se mantém bem distante da malandragem por exigência da esposa umbandista e moralista.

As peripécias de Dino para recuperar ambos e viabilizar a revanche são hilariantes; o elenco, de primeira, com destaque para figurinhas carimbadas do cast da Embrafilme como Odete Lara, Zezé Motta, Otávio Augusto, Roberto Maia e Wilson Grey, entre outras; e a trilha musical de Chico Buarque, superlativa. Recomendo com entusiasmo!
Clique para assistir a depoimentos sobre o filme, 40 nos depois

2 comentários:

Valmir disse...

aguarda-se comentários sobre SÁBADO do Ugo Georgeti
e Cronicamente inviável..do sergio Bianchi
(pq será que somente "italianos" se preocupam com nossa miséria moral e espiritual??? será pq eles tem culpa no cartório??? a lista deles na lava jato é infinita e o padrão de corrupção brasileira é igualzinho a italiana)

celsolungaretti disse...

Valmir, dá para eu postar o SÁBADO, sim.

Quanto ao CRONICAMENTE INVIÁVEL, já postei em junho/2017:
https://naufrago-da-utopia.blogspot.com.br/2017/06/um-filme-de-2000-que-cai-como-uma-luva.html

Um abração!

Celso

Related Posts with Thumbnails